O dia 15 de novembro de 1970 calhou a um domingo. Carregou-se o carro de gente e de batatas, couves, cebolas, laranjas, romãs e vinho, tudo bem arrumadinho, na bagageira e sobre o tejadilho, rumo à cidade. Na aldeia ficou Olívia, 38 anos acabados de fazer, a braços com panos, varas e baldes para a […]

Arquivos do Autor:Berta Silva Lopes
Define-se como uma mulher da aldeia a viver na cidade, assim uma espécie de amor para sempre por uma e amor à primeira vista pela outra. Gosta de Lisboa e tem Queixoperra no coração. Casada, com duas filhas, trabalha em Comunicação e Marketing há quase 20 anos e com escritores há 10. Não vive sem livros. Gosta de jazz e de música instrumental. Adora o cheiro da terra molhada, do arroz-doce acabado de fazer e do poejo fresco. Não gosta de canela, nem de favas, nem de bacalhau com natas. Troca facilmente a praia pelo campo. Sente-se sempre muito feliz em cozinhas grandes e cheias de luz. Cozinhar é uma terapia e gosta de experimentar pratos novos quando recebe amigos em casa – para grande ansiedade do marido, mas nada que os bons enchidos, o queijo e a broa de milho da sua aldeia não resolvam. Gosta de boas conversas regadas com vinho tinto. Como diz a sua querida Helena Sacadura Cabral, gosta dos pequenos prazeres da vida. E gosta de gostar disso.