Francisco Armando Fernandes, gastrónomo, político e investigador cultural, morreu hoje esta quarta-feira, 8 de março, Abrantes, aos 77 anos. Nascido a 6 de maio de 1945, o transmontano, oriundo de Bragança, residia há várias décadas em Rio de Moinhos, no concelho de Abrantes. Internado no hospital de Abrantes desde domingo, não resistiu a uma infeção com uma bactéria multirresistente, que lhe causou septicemia e falência multiorgânica.
O velório irá realizar-se esta quinta-feira na casa mortuária de Rio de Moinhos, entre as 15h00 de hoje e as 11h00 de sexta feira, de onde seguirá a sepultar para Lagarelhos, no concelho de Vinhais, em Bragança.
Armando Fernandes escrevia no mediotejo.net todos os domingos desde a fundação do jornal, em 2015, sobre os sabores e saberes da gastronomia portuguesa (e não só). Foi um gastrónomo dedicado, estudioso das raízes culturais do que chega à nossa mesa e autor de vários livros sobre o tema.
A sua obra “À Mesa em Mação”, editada em 2014, ganhou o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica (Prix de la Littérature Gastronomique), atribuído em Paris.
Armando Fernandes era licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa e concluiu o Curso Superior de Bibliotecário-Arquivista na Universidade de Coimbra, além de ser Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa.
Grande parte da sua vida foi dedicada às Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian, serviço onde exerceu as funções de Encarregado, Inspector e Inspector-Coordenador, entre 1963 e 2002, ano em que esse programa da Fundação foi extinto.

Em Abrantes, esteve na fundação do PRD (Partido Renovador Democrático) nos anos 80, tendo sido deputado eleito por este partido no círculo distrital de Santarém.
Manteve após o ano 2000 forte ligação ao PSD de Abrantes, tendo sido vários anos deputado da Assembleia Municipal, apoiando as candidaturas de Pedro Marques e Santana Maia Leonardo à Câmara Municipal.
Encontrava-se agora a trabalhar na Carta Gastronómica do concelho de Santarém e lamentava não ter escrito a carta gastronómica de Abrantes, apesar das muitas recolhas que fez. Afirmava que era através das gentes, especialmente dos mais velhos, que se conseguia identificar os comeres e os segredos que compõem as receitas que vão passando de geração em geração.
Escreveu mais de 20 livros, entre os quais Contrastes e Transformações na cidade de Bragança: 1974-2004, Cadernos de Receitas Transmontanas, Sabores da Aldeia – Carta Gastronómica das Aldeias do Xisto, (Prémio Francisco Sampaio); Ágape – Banquete Ritualístico Maçónico, À Mesa em Mação (Prémio da Academia Internacional de Gastronomia) e o monumental Cozinha Económica em Portugal, produzido no âmbito dos 175 anos do Montepio Geral, e que retrata usos, costumes e tradições alimentares ao longo do tempo, desde o Paleolítico, abordando também a história da “Sopa dos Pobres” e o papel das ordens religiosas e das Misericórdias neste tipo de alimentação.



Além de colunista no mediotejo.net, era cronista da Rádio Antena Livre, colaborador permanente da revista INTER – Comeres. Beberes, e outros prazeres, e escreveu com regularidade nos jornais O Ribatejo, A Barca, Mensageiro de Bragança e Nordeste Informativo.
A equipa do jornal mediotejo.net endereça as mais sentidas condolências a toda a família.
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Grande Amigo que vai deixar muita saudade pelo Seu saber e dedicada amizade