Ficou em prisão preventiva o homem ontem detido pela Polícia Judiciária, indiciado por ter provocado os incêndios deste domingo na Sertã, bem como do grande fogo que devastou o concelho de Mação em 2017. Levado na tarde de terça-feira ao juiz do Tribunal de Castelo Branco, onde esteve mais de três horas sob interrogatório, no final foi conduzido ao estabelecimento prisional daquela cidade.
Nelson Afonso, de 38 anos, é engenheiro eletrotécnico e reside em Mosteiro de S. Tiago, na freguesia de Várzea de Cavaleiros, na Sertã. É filho único e o pai terá morrido há poucos anos, num acidente de trator. No final do interrogatório, o juiz e os polícias que o acompanhavam deixaram a mãe e o tio despedir-se dele, com um abraço.

Depois seguiu, em passo apressado, ao lado do seu advogado, Luís Pires, de Castelo Branco, até ao carro das forças de segurança que o levariam preso, tentando escapar às câmaras das televisões nacionais que se concentraram à porta do tribunal de Castelo Branco. Entre os populares que ali se juntaram apenas um gritava “Incendiário! Incendiário!”
O advogado Luís Pires disse ao início que iria bater-se “por uma medida não privativa da liberdade sabendo que existe esse risco” e garantiu que o arguido iria prestar declarações.
Já no final, disse não poder comentar a decisão nem o caso judicial em concreto. Apenas revelou que “o arguido apresentou a sua versão dos factos. Agora o processo vai seguir os seus trâmites e será feita justiça seguramente”.
Na sua opinião, o que prevaleceu na aplicação da prisão preventiva foi “sobretudo o alarme social que isto gera”, mas também “o perigo de continuidade da atividade criminosa”, fazendo notar que “os juízes são pressionados a aplicar a prisão preventiva neste tipo de crimes”.

A Polícia Judiciária deteve este homem na segunda-feira, 19 de julho, na sequência de uma investigação de três anos, imputando-lhe a responsabilidade por 16 incêndios de grandes dimensões, na Sertã, em Oleiros, Proença-a-Nova e Mação.
O grande fogo que devastou Mação, em 2017, consumiu 33 mil hectares – foi o concelho com a maior área ardida a nível nacional, nesse terrível ano que fica na memória de todos pelas mortes ocorridas em Pedrógão Grande.
De acordo com Fernando Ramos, da Polícia Judiciária, o suspeito usava um temporizador programado para uma certa hora ou dia (tinha capacidade de programar até 11 dias de distância), sendo que o fecho do circuito provocava a incandescência no filamento de uma lâmpada, que estava exposto e que permitia a ignição da matéria combustível próxima.
Tal engenho permitia que o autor podia “estar no trabalho ou no plano social e não ter nada a ver com o momento em que o incêndio começava”, realçou ainda o diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, referindo que os incêndios, muitas vezes, eram programados para coincidirem com eventos sociais de maior impacto – foi o caso de um incêndio em 2020, que aconteceu ao mesmo tempo que decorria a Festa do Maranho, na Sertã.
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A propósito do Engº Botafogo, sinto-me perfeitamente informado com o silêncio da nossa Comunicação Social! Mais curioso é que é acusado por atear muito incêndios inclusive o que atingiu Mação que foi tremendo em 2017. Tanto barulho com o incêndio e quando se encontra o eventual culpado a comunicação parcial ou jornalixo, nada! Nem o papagaio dos holofotes de Mação. Estranho? Ou não tanto…´Ainda estamos a espera sobre as razões e objectivos do roubo de Tancos. Más o que interessa é demolir ministros ou governos que não estão de piquete a controlar quarteis militares ou fogos. Os bandidos e comendatários, os objectivos dos crimes não interessa e até permitem inventar ou criar casos pulhiticos… Vergonha
Merecia levar uma “lição” que na engenharia não lhe deram