A presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, manifestou na sexta-feira o apoio à opção de Santarém, tendo garantido que os autarcas da região vão permanecer unidos e lutar por uma solução que representa um “investimento estruturante” para alavancar os territórios.
O ministro João Galamba, em declarações na CNN Portugal Summit, afirmou que Santarém é “longe”, tendo acrescentado a baixa viabilidade da solução. “Se acho que a probabilidade de ser viável é alta? Não, é baixa”, disse o governante.
A presidente da CIM Médio Tejo contestou a posição do ministro, tendo realçado o apoio das quatro comunidades que se uniram para “defender” a construção da infraestrutura no distrito de Santarém.
“Ponto prévio, estando uma comissão técnica independente a fazer o seu trabalho, todos nós temos opinião sobre tudo e há certos cargos que não permitem dar opinião pública”, afirmou a autarca de Tomar.
Referindo-se a um “investimento estruturante” para o território, Anabela Freitas realçou que este deve ter “em linha de ponta” a coesão territorial. “Parece-nos a nós que o aeroporto de Santarém é aquele que melhor contribui para a coesão territorial do país. Esse é um dos pontos pelos quais aprovamos e estamos do lado desta solução”, sublinhou.
A distância ao aeroporto “não se deve medir em quilómetros, mas sim em tempo”, defende a presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo
“Sendo construído em Santarém, permite desenvolver toda a atividade económica e permitam-me ligar agora a questão da habitação – Deus queira que venha para Santarém, que as 1.132 [habitações] não vão mesmo chegar e, portanto, aqui até fica mais atrativo para o privado vir investir em habitação”, acrescentou a presidente da CIM, por ocasião da assinatura com do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) de um protocolo para habitações a custo acessível.

Ainda relativamente às declarações do ministro das Infraestruturas, Anabela Freitas afirmou que a distância “não se mede em quilómetros”, mas sim em “tempo”. A autarca apontou ainda exemplos de Aeroportos nas mais diversas cidades europeias e que se localizam a uma maior distância dos grandes centros.
“Aquilo que está previsto são 29 minutos desde o Aeroporto de Santarém até à Estação do Oriente. Se nós formos para Paris é muito mais tempo, para Roma também, na Alemanha muito mais tempo”.
Dada a especificidade do território, um “país que não é assim tão grande”, a presidente da CIMT lembrou que a infraestrutura vai permitir alavancar os territórios e atrair turistas, para quem os “29 minutos de caminho” significam, em certos casos “atravessar o quarteirão onde ele mora”.
“Também posso dizer que, agora brincando um bocadinho, o Aeroporto de Lisboa também fica muito longe para Tomar”, acrescentou Anabela Freitas.

Aos presentes, a autarca tomarense lembrou o apoio à solução de Santarém, nomeadamente a localização mais a norte, tendo afirmado que os autarcas da região centro vão “continuar a lutar para que tenhamos um Aeroporto em Santarém”.
“Depois temos aqui a questão distrital, há duas localizações que são no distrito de Santarém, nós somos a favor da localização mais a norte. Portanto, defendemos um aeroporto a norte do rio Tejo”, concluiu a presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.
Regiões de Leiria e de Coimbra, Médio Tejo e Beira Baixa defendem Santarém como escolha ideal
As comunidades intermunicipais (CIM) das regiões de Leiria e de Coimbra, e também do Médio Tejo e da Beira Baixa defenderam, numa declaração conjunta, a localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa em Santarém, que classificaram como a “escolha ideal”.
Na declaração em defesa da localização do futuro aeroporto internacional em Santarém, aquelas comunidades destacaram os pontos que justificam esta escolha, como a localização geográfica, pois “Santarém situa-se numa posição central em relação às regiões circundantes, o que permitiria uma fácil acessibilidade e conectividade para os viajantes”.

“Além disso, a sua proximidade com importantes vias rodoviárias e ferroviárias garante uma maior integração e mobilidade inter-regional”, lê-se no documento, no qual se destaca ainda o potencial turístico e o desenvolvimento económico da opção por Santarém.
Para estas comunidades, outro fator a ter em conta é o “descongestionamento de outros aeroportos”, o que resultaria numa “melhor distribuição de tráfego aéreo, melhorando a eficiência do sistema aeroportuário”, adiantam aquelas estruturas, numa declaração lida pelo presidente da Região de Leiria, Gonçalo Lopes.
As comunidades apelaram às autoridades competentes e aos responsáveis pela tomada de decisão que “priorizem Santarém”, em benefício de toda a região e do país.
Em causa estão as declarações do governante durante a CNN Summit, na qual defendeu que um aeroporto em Santarém é “longe”.
“Não vejo em que é que as minhas declarações condicionam, prejudicam o trabalho da Comissão Técnica Independente, que tem, obviamente, um conjunto de equipas a trabalhar, que continuarão a trabalhar e que emitirão as suas opiniões e que tornarão público o seu relatório e ele será a base da decisão política”, justificou, quando questionado sobre o tema pelo deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira.
Para Galamba, “quando sair esse relatório, esse relatório não vai dizer que Santarém é perto de Lisboa”.
“Isso não significa que não possa haver um aeroporto em Santarém. Mas que é um aeroporto, que se vier a existir e se for em Santarém ou a 80 km de Lisboa é longe, é um facto”, defendeu.
A comissão técnica que está a estudar a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa anunciou em 27 de abril nove opções possíveis para o novo aeroporto, que incluem as cinco definidas pelo Governo.
Às cinco opções avançadas pelo Governo – Portela+Montijo; Montijo+Portela; Alcochete; Portela +Santarém; Santarém – foram adicionadas as opções: Portela+Alcochete; Pegões; Portela+Pegões; e Rio Frio+Poceirão, totalizando sete localizações e nove opções estratégicas.
*C/Lusa
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