O projeto do aeroporto internacional na região de Santarém foi apresentado esta terça-feira no colóquio “Novo aeroporto: tempo de decidir”, promovido pelo Conselho Económico e Social (CES) e pelo jornal Público, em Lisboa.
O Magellan 500 Airport – baptizado em homenagem a Fernão de Magalhães, o navegador que liderou a primeira viagem de circum-navegação ao globo – terá um investimento inicial de mil milhões de euros e a construção dividida em cinco fases, começando com uma pista e capacidade até 10 milhões de passageiros por ano (obra que poderá ser concluída em três anos), até chegar à última fase, com três pistas e uma capacidade que “pode ir além dos 100 milhões de passageiros” por ano, explicou o gestor Carlos Brazão.
“Parece-nos claro que, se queremos evitar continuar nos próximos 30 ou 40 anos a discutir aeroportos, como nos últimos 50, é, provavelmente, para estes níveis de procura que devemos trabalhar desde já”, defendeu o porta-voz do grupo privado que pretende realizar este investimento.
A opção Montijo, com apenas uma pista, permitiria receber 5 milhões de passageiros, e o projeto de Alcochete até 60 milhões de passageiros, mas nunca antes de 2035.
De acordo com o gestor, os tempos de acesso ao aeroporto “são suportados por uma localização de excelência”, com a existência da linha ferroviária do Norte e a autoestrada A1, dando o exemplo da viagem de Alfa Pendular entre Santarém e Lisboa, que se fará em 29 minutos.

A localização na zona de São Vicente do Paul e Casável, duas freguesias do concelho de Santarém que fazem fronteira com Torres Novas, Alcanena, Golegã e Chamusca, coloca também o aeroporto junto a um nó de autoestradas e ferrovia que permite o acesso a mais de 4 milhões de portugueses em menos de uma hora. Esta opção, referem os promotores, “promove também o desenvolvimento económico e a coesão territorial, incluindo no Interior, desde o primeiro dia e sem custos públicos adicionais”.
Os promotores defendem ainda que, além de servir Lisboa, promovendo o desenvolvimento económico na zona Centro (e gerar emprego direto e indireto para cerca de 170 mil pessoas), este aeroporto poderá constituir-se também como um importante centro logístico para a Europa.
Carlos Brazão destacou ainda, em termos ambientais, a “seleção criteriosa da localização e do layout das pistas em função das áreas protegidas remotas”, bem como a minimização do ruído sobre a população, “já com a futura aviação sustentável em mente, incluindo elétrica e hidrogénio”.
Na mesma conferência, o gestor Carlos Nunes Lopes defendeu a localização Montijo, o ex-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Carlos Matias Ramos, defendeu Alcochete, o ex-presidente da NAER — Novo Aeroporto, Rui Sérgio, manifestou-se favorável à construção de um aeroporto na Ota, e o ex-presidente da Câmara de Lisboa, António Carmona Rodrigues, apoiou uma solução em Alverca.
Pronunciaram-se também os presidentes da câmara de Lisboa e do Porto – e ambos revelaram ser contra a opção de Santarém. Carlos Moedas defendeu uma opção dual, mantendo o aeroporto Humberto Delgado, “mas com um tráfego muito mais diminuído” e uma outra opção próxima de Lisboa. O projeto de Santarém é, a seu ver, muito distante. “É um aeroporto internacional, mas tem de ser de Lisboa”, disse.
Rui Moreira também considerou “um erro estratégico” a opção Santarém, considerando “excessiva” a distância para a capital. O ex-ministro João Cravinho, também em palco, soltou um “Deus proteja os portugueses… ainda vamos ouvir dizer que o céu pode ser uma boa alternativa para o novo aeroporto de Lisboa!” Na sua opinião, nem Montijo nem Alcochete são solução – a escolha terá de ser sempre a norte de Lisboa.
A Comissão que fará a avaliação estratégica do local para o novo aeroporto vai estudar cinco soluções, podendo propor outras alternativas, caso assim o entenda.
*Com Lusa.
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Nunca vi uma opção tao boa e completa com aeroporto de sonho para o nosso país, parabéns a todos os que projectaram este maravilhoso Aeroporto.