Alcanena apresentou projeto "Aire e Candeeiros Culinary Center" nos Olhos de Água. Foto: mediotejo.net

“A par do desenvolvimento de um plano de formação inovador e diferenciado, propomo-nos criar um plano de desenvolvimento de ações dinâmico, com vista à valorização dos produtos e recursos endógenos, bem como da gastronomia de toda a região, em particular do território do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, através da sua certificação”, afirmou nos Olhos de Água do Alviela Rui Anastácio, presidente da Câmara, na presença de muitos convidados e parceiros, entre eles a ministra da Agricultura.

No âmbito do do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, a autarquia de Alcanena deseja transformar a zona dos Olhos de Água num “produto turístico integrado de grande valor, na área do ecoturismo e do turismo de natureza”, e agora esse sonho está mais próximo de acontecer, com este projeto redirecionado para a culinária de produtos de excelência do território.

Sustentabilidade e desperdício zero norteiam projeto “Aire e Candeeiros Culinary Center” de Alcanena. Foto: mediotejo.net

Rui Anastácio, presidente da Câmara Municipal de Alcanena, afirmou que uma dos objetivos é reinventar os Olhos de Água, através de um projeto global e estruturado para as nascentes do Alviela, tendo apresentado a visão global dos investimentos para ali projetados.

Rui Anastácio deu as boas vindas aos convidados. Foto: mediotejo.net

“Queremos criar uma unidade de alojamento, um ecodesign hotel com 49 camas, na zona que é agora o parque de campismo, mas não quer dizer que depois não possa ter uma zona de glamping”, disse o edil.

O autarca adiantou que está apenas à espera que seja publicado o programa da Serra d’Aire e Candeeiros, para que possa ser lançado um concurso “em buscar de um investidor privado que possa criar aqui um restaurante junto ao rio”.

ÁUDIO | Rui Anastácio, Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

O projeto Aire e Candeeiros Culinary Center vem englobado neste projeto do Parque Natural, que Rui Anastácio afirmou ser um plano de valorização dos produtos da região, a nível da culinária, particularmente o peixe do rio, “o javali, que é uma praga na Serra de Aire e Candeeiros”, o medronho, os chícharos, dando ainda o exemplo do “Gin de Aire”, que é baseado nas plantas aromáticas do parque natural.

O Chef Rodrigo Castelo, reconhecido pelos seus prato com peixe do rio, foi o escolhido para abraçar esta iniciativa “Aire e Candeeiros Culinary Center”, que é muito mais do que um centro de culinária, onde sustentabilidade é a palavra de ordem.

Chef Rodriga Castela explicou o projeto “Aire e Candeeiros Culinary Center”. Foto: mediotejo.net

Os objetivos passam por investigar a fauna e a flora existente, desenvolver receitas e novos alimentos com base em produtos endógenos, certificar os produtos tradicionais da Serra de Aire e Candeeiros e trabalhar sempre com base no desperdício O, ou seja, aproveitar tudo o que for possível de um produto.

O Chef explicou que “se eu vou capturar um peixe do rio, que por acaso tem ovas, como o barbo, não vamos comer caviar de esturjão, eu vou comer o barbo e vou fazer o meu próprio caviar das ovas do barbo. E se eu tenho aqui muitos javalis, que destroem tantas culturas, não vou criar porcos”.

Para Rodrigo Castelo, ser sustentável é comer o produto na totalidade, seja escamas, olhos, a espinha servirá para caldos, e até os lombos poderão dar numa bela mousse. “Até a pele do barbo, que é elástica, dá para fazer courato, desidratar e fritar. É isto que acreditamos que podemos fazer aqui. Mas ser sustentável não é aproveitar tudo, é também saber o que podemos comer e o que devemos preservar”, frisou.

ÁUDIO | Chef Rodrigo Castela

O projeto “Aire e Candeeiros Culinary Center” vai englobar também um curso técnico superior descentralizado, para formar jovens dotados e especializados neste tipo de culinária sustentável. O curso é um TESP de 24 meses, com 18 meses de aulas teóricas e práticas (3 semestres) e 6 meses de estágio curricular, em parceria com a Escola Superior Agrária de Santarém, a EPAL, Turismo de Portugal e o Turismo Centro de Portugal.

Para apoiar esta iniciativa, que pretende ser uma referência nacional na formação, investigação e inovação nas áreas de cozinha e produção alimentar, o projeto engloba diversas infraestruturas como um viveiro de peixes e incubadoras, um fumeiro, armazenamento de lenha, reservatórios de compostagem, hortas, residências de estudantes, refeitório, um pequeno laboratório, uma cozinha multidisciplinar, um restaurante e uma adega.

Rui Anastácio, Presidente da Câmara de Alcanena e Rui Pombo, Diretor Regional de Lisboa e Vale do Tejo do ICNF. Foto: mediotejo.net

Rui Pombo, Diretor Regional de Lisboa e Vale do Tejo do ICNF, afirmou que é com muito agrado que o Instituto se une com este tipo de iniciativas e que querem “ser parceiros positivos na concretização deste sonho, que valoriza o território, a sua oferta e divulga os produtos tradicionais através da culinária”.

ÁUDIO | Rui Pombo, Diretor Regional de Lisboa e Vale do Tejo do ICNF

Na sessão de apresentação do projeto, esteve presente a Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, que enalteceu esta iniciativa, com o qual a tutela se sente comprometida.

Ministra da Agricultura e da Alimentação, Mária do Céu Antunes com Rui Anastácio e o Chef Rodrigo Castela nos Olhos de Água. Foto: mediotejo.net

Este projeto “pega naquilo que é a produção primária para fazer face ao desenvolvimento sustentável, utilizando produtos endógenos, combatendo o desperdício, usando boas táticas de produção. Se nós escolhermos produtos de época, sazonais, comércio de proximidade, estamos a diminuir a pegada ecológica, e do ponto de vista económico estamos a criar riqueza, e do social estamos a ajudar a fixar pessoas nos territórios”, notou a ministra.

ÁUDIO | Mária do Céu Antunes, Ministra da Agricultura e da Alimentação

O sonho é velho, mas a esperança nunca desvaneceu. Um espaço, sete autarcas, muito trabalho, mas “mais vale tarde do que nunca”, afirmou Rui Anastácio, frisando que existiram muitas dificuldades para ser dado o primeiro passo do plano que pretende valorizar o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.

Na tarde de sexta-feira foi também assinado em Bairro (Ourém) um protocolo de colaboração técnica e financeira, entre o Fundo Ambiental, a Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros – ADSAICA e o ICNF, para a promoção da cogestão do Parque Natural das Serras de Aire Candeeiros/Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas, de forma a formalizar todo este projeto que arranca a agora, para valorizar a Serra de Aire e dos Candeeiros.

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Natural de Vila Nova da Barquinha, tem 25 anos e licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior.

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1 Comentário

  1. A quantidade de formas que este artigo designa as serras de Aire e Candeeiros é fantástico! Eu sei que é frequente isso acontecer, mas ao nível do jornalismo deveria haver mais cuidado. A orografia da região é composta por duas serras (Aire e Candeeiros), portanto, a designação de “serra” deve ser redigida no plural.

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