Discurso de abertura. Foto: CMA Créditos: CMA

O Museu de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) inaugurou no sábado, dia 28 de outubro, as exposições Impressões, Lugares e Coisas, da professora abrantina Matilde Marçal, e Últimas Obras (2011-2022), do artista Gil Teixeira Lopes. As exposições têm a curadoria de Fernando António Batista Pereira, responsável pela museologia e história de arte do museu, que explicou aos presentes alguns detalhes curiosos dos artistas e dos seus trabalhos.

Matilde Marçal, a autora da exposição Impressões, Lugares e Coisas, recordou o pintor e professor catedrático Gil Teixeira Lopes, como seu “colega, grande amigo e companheiro de atelier” durante “cinquenta e tal anos”, e com quem fez várias exposições nas últimas décadas.

ÁUDIO | Matilde Marçal

O curador Fernando António Batista Pereira, por sua vez, começou por apresentar a exposição Últimas Obras (2011-2022), do artista Gil Teixeira Lopes. Segundo o museólogo, “a vocação” do artista era “para muito grandes, e grandes formatos”, o que se comprova quando olhamos para a sala que acolhe as obras do pintor. As cores fortes são, sem dúvida, aquilo que mais nos chama a atenção.

ÁUDIO | Fernando António Batista Pereira fala sobre a exposição de Gil Teixeira Lopes

“Vemos um diálogo extremamente interessante entre figuração e abstração”, continua. Ao entrar, verificamos que as obras “mais figurativas” estão junto das paredes, e perto das janelas estão as que Fernando Pereira considerou “as paisagens da pintura”.

E se Gil Teixeira Lopes e Matilde Marçal trabalharam juntos, para Fernando Pereira a “última fase” do artista é a “releitura” da pintura da própria Matilde. “Há uma troca interessante no final da sua carreira, que ele olha para a obra da Matilde com formatos completamente distintos e pega nas coisas [da Matilde], e reinventa para ele, nos seus formatos de eleição”, descreve.

No que respeita à exposição da pintora abrantina, o curador explica que há “três núcleos temáticos” que definem as obras da artista. “Basicamente, a pintura dela é uma coleção de impressões, de registos de memória”, inclusive “a memória da história da pintura”, indicou Fernando Pereira.

ÁUDIO | Fernando António Batista Pereira fala sobre a exposição de Matilde Marçal

A exposição está dividida em duas salas que correspondem, respetivamente, “às coisas” e “aos lugares”. O curador explica que há um “cruzamento de memórias e perspetivas” no trabalho da artista, em que podemos ver os temas da natureza, da paisagem e do tempo retratados ao longo da exposição. Há várias obras que podem ser admiradas de forma individual ou coletiva, algumas mais pequenas que outras.  

No discurso de inauguração da mostra de pintura, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, começou por realçar a “função social” do MIAA enquanto “peça chave” da “política cultural e municipal” de Abrantes.

O autarca relembrou que o Museu recebeu duas distinções este ano (o Prémio Nuno Teotónio Pereira 2022, na vertente de Reabilitação Urbana de Edifício de Equipamento, do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, e o Prémio de Museu do Ano 2023), e que deixou os abrantinos “super orgulhosos”.

ÁUDIO | Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes

A terminar o discurso, o presidente revelou ainda que o futuro Museu Charters de Almeida de Arte Contemporânea (MAC), localizado no edifício Carneiro, vai ser inaugurado “brevemente”.

O MIAA foi inaugurado a 8 de dezembro de 2021, e ocupa grande parte do antigo Convento de S. Domingos, edifício do século XVI situado no coração histórico da cidade de Abrantes. O museu conta com acervos de arqueologia e arte do município de Abrantes, e da Coleção Estrada, bem como a obra da pintora Maria Lucília Moita, que fazem parte das exposições permanentes.

As obras de Gil Teixeira Lopes e Matilde Marçal fazem parte das exposições temporárias do MIAA, que podem ser visitadas até ao dia 30 de março de 2024.

O museu está aberto de terça-feira a domingo das 10h00 às 12h30, e das 14h00 às 17h30. O bilhete tem um custo de 3€.

GIL TEIXEIRA LOPES

Gil Teixeira Lopes, faleceu no dia 10 de novembro de 2022, aos 86 anos,  e foi um Professor Catedrático de Pintura na ESBAL, Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, hoje Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Figura central da pintura portuguesa, destacou-se na geração que se revelou e afirmou durante a década de 1960, somando vários prémios e distinções nacionais e internacionais. 

Em Abrantes, destaca-se o seu contributo na intervenção na conservação e restauro ao monumento a Nuno Álvares Pereira, no Outeiro de São Pedro, com a pintora Matilde Marçal.

MATILDE MARÇAL

A pintora Matilde Marçal nasceu em Abrantes, em 1946. É Professora Associada aposentada da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Partilhou, em mais de cinquenta anos, o atelier e o ensino com Gil Teixeira Lopes, Professor Catedrático dessa escola, e com quem expôs durante as últimas décadas.

Apaixonada pelo mundo do jornalismo, é licenciada em Comunicação Social pelo Instituto Politécnico de Tomar / Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Acredita que "para chegar onde a maioria não chega, é necessário fazer o que a maioria não faz".

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