No dia em que assinalaram os 184 anos de elevação a concelho, Vila Nova da Barquinha escreveu mais um capítulo da sua história com a apresentação das “Crónicas Históricas II”. Uma obra do barquinhense António Luís Roldão que, através dos muitos anos dedicados à investigação, deixa para as gerações futuras uma imagem dos hábitos e do quotidiano deste município ribeirinho.
António Luís Roldão é uma figura amplamente reconhecida em Vila Nova da Barquinha, destacando-se pela sua investigação da história local. A poucos dias de completar os 86 anos de vida, a prenda foi dada pelo próprio ao concelho que o viu nascer. No âmbito do 184.º aniversário da elevação da Barquinha a concelho, foi apresentado o segundo volume das Crónicas Históricas, um livro onde o autor descreve o outrora quotidiano dos barquinhenses, os seus hábitos, as tradições, o património e também os momentos altos e baixos de um povo que, nem sempre à beira rio, continua a lutar para escrever a história.
Nascido a 19 de novembro de 1934, na Rua da Barca, em Vila Nova da Barquinha, António Luís Roldão não é um homem de um só ofício: desde poeta a músico, jornalista a autarca, associativista e acérrimo investigador da história local, o senhor Roldão – como é tratado pelos barquinhenses – é considerado “uma das personalidades mais notáveis do panorama cultural do concelho” (conforme descreve Pérsio Basso na obra “Barquinha | Crónicas Históricas II”).
Neste livro, o segundo volume (com um primeiro editado pela Câmara Municipal em 2012), são revisitados os “hábitos sociais da população, como é que as pessoas se organizavam, de onde é que vinham os seus rendimentos”, conforme disse António Roldão em declarações ao mediotejo.net.

Assumindo que a história foi sempre algo que o entusiasmou, tal como a terra onde nasceu, o autor explica que este trabalho resulta de uma investigação “de vários anos” que agora fica para memória futura. “Para as pessoas ficarem a saber o que é que esta terra foi no passado e o que pretenderá ser no futuro”, diz o autor.
“A Barquinha tem coisas extraordinariamente importantes que aconteceram aqui e que as pessoas desconhecem completamente. Se não fosse este revisitar dessas crónicas, as pessoas continuariam a olhar para trás sem perceberem nada”, confessa António Roldão, que considera esta obra “uma amostra do passado da Barquinha”.
As “Crónicas Históricas II” têm o prefácio do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire. Em declarações ao mediotejo.net, o autarca admite que “faz todo o sentido que façamos uma coletânea para memória futura, para os vindouros saberem de onde nascemos, onde estamos e para onde vamos”. “É uma mais-valia para o concelho saber a sua história, as suas tradições, os seus ritos e todo o evoluir de uma civilização que começou no século XVI”, reflete.
Na apresentação da obra, o presidente do Município de Vila Nova da Barquinha destacou o estilo “muito natural, muito identificado com o território e muito fotográfico” da escrita de António Roldão, elevando algumas das características que mais admira no autor, como “a sua honestidade intelectual” ou a sua “sensibilidade humana”.
“Não tem nenhuma reserva mental em afrontar, no sentido da crítica construtiva, e de referir aquilo que para ele é o interesse de Vila Nova da Barquinha”, considera Fernando Freire.
“Era mais do que merecido que ele [António Roldão] pudesse fazer uma coletânea daquilo que vai escrevendo para que os vindouros não percam as memórias desta terra. Este livro procura ser isso”, referiu o presidente do Município na apresentação.

Também presente na ocasião, a vereadora da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha com o pelouro da Cultura, Marina Honório, destacou a grandeza do barquinhense António Roldão, considerando-o uma pessoa que “ama e que, acima de tudo, sente esta vila, sente a sua história, sente as suas gentes”.
“É de louvar o trabalho do senhor Roldão todos os dias porque diariamente nos traz mais um pedaço de história”, acrescentou a vereadora.
As “Crónicas Históricas II” é um “livro de colaboração”, concretizado graças à intervenção de diversos barquinhenses. Além das palavras de António Roldão, esta obra conta também com o trabalho do técnico do Município, Pérsio Basso, do designer Paulo Passos e do ilustrador Maike Bispo, entre outros.
Com as portas do Município abertas para um terceiro volume das Crónicas Históricas de Vila Nova da Barquinha, António José Roldão não deixa de fora essa possibilidade, admitindo mesmo que “já há mais coisas para um terceiro. Há mais coisas que estão por publicar, todos os dias coisas que vou escrevendo, que vou encontrando, que eu próprio desconhecia também mas que vou tendo a oportunidade de ir descrevendo às pessoas”.