O ilustrador Maike Bispo, residente em Vila Nova da Barquinha, deu uma nova vida à sede da Associação Barquinha Saudosa através da concretização de um mural dedicado à música e tradições. Inspirado na cultura ribatejana, o artista admite ao mediotejo.net que este é o caminho que quer continuar a traçar, com o desenvolvimento de uma linha narrativa visual por toda a região.
“Nunca tinha feito uma intervenção urbana, foi a primeira vez. Achei muito mais difícil do que tinha imaginado”, começa por confessar o artista em declarações ao nosso jornal.
A sede da Associação Barquinha Saudosa, o grupo de cantares tradicionais do concelho barquinhense, ganhou uma nova vida através do projeto “Música e Tradições”, que trouxe as memórias da cultura musical ribatejana para as suas paredes num mural com linguagem pop, moderna e colorida.

Este projeto de arte urbana resultou de uma candidatura feita pelo Município de Vila Nova da Barquinha ao VOLver – programação cultural em rede, que promoveu até este mês de dezembro diversificadas iniciativas culturais nos concelhos de Entroncamento, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
O convite feito pela autarquia barquinhense ao ilustrador Maike Bispo era algo há muito esperado, como admite o próprio ao mediotejo.net. “Eu já tinha sugerido muitas vezes que queria fazer um mural que fosse um pouco diferente dos murais que foram feito aqui. A minha ideia era deixar tudo muito mais colorido”, conta.
ÁUDIO | Maike Bispo fala ao mediotejo.net sobre inspiração para o mural
O layout começou a ser desenhado em outubro e a concretização do mural terminou há poucos dias, neste mês de dezembro, num processo que o artista adjetiva como desafiante. “Não é meu ‘expertise’ pois sou ilustrador de estúdio, mas foi um ótimo desafio e ajudou-me a abrir novas ideias e novas perspetivas. Os andaimes, o frio, os dias de chuvas, os trabalhos virtuais em paralelo, tudo foi desafiador e divertido”, diz.
“A ideia inicial era música e tradições. Acabei por estudar mais as questões relacionadas à cultura ribatejana (…) Tinha colocado o campino, o touro, a imagem era muito mais complexa. [Depois] resolvi concentrar na casa a ideia da música, a leitura do Ribatejo a partir da música – mas sempre ligado pelo rio, pelo Tejo”, elucida o artista, que admite uma ligação com a Barquinha Saudosa, a qual já retratou noutra das suas paixões, a fotografia.

Com a garantia que “ideias e boa vontade não faltam para dar continuidade a esse caminho ilustrado sobre as músicas, histórias e tradições deste país incrível e cheio de histórias”, Maike Bispo não esconde que se surgirem novas oportunidades de intervenção de arte urbana pela região, o foco será a diversidade cultural do Ribatejo e sempre com uma base: o rio Tejo.
“O que eu quero fazer é desenvolver mais estas questões ligadas ao Ribatejo, que vou usar como base para outros projetos. O que eu quero é criar uma linha narrativa visual com aquele estilo para outros murais mas também desdobrar noutros projetos visuais”, explana.
ÁUDIO | Maike Bispo fala sobre projetos que gostaria de concretizar no futuro
Mas o artista quer ir mais longe na exaltação da cultura e das tradições, dando como exemplo o já concretizado mural: “O que eu quero fazer é pegar nos personagens e animá-los, com o um QR Code onde se possa ler alguma história sobre a Barquinha Saudosa ou aparecer letras de músicas”. “Explorar uma nova perspetiva e uma paleta de cores mais ousada, em uma linguagem gráfica modular em que possa se desdobrar e ser aplicada em outros materiais gráficos ou virtuais para a comunidade local e rede de turismo”, conclui.
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