A Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha aceitou parcial e provisoriamente a obra de requalificação da Igreja Matriz da Atalaia, permitindo o regresso do culto a este monumento renascentista. No entanto, o prazo contratual da obra foi prorrogado até 31 de dezembro para o término das intervenções.
“Já enviei comunicação à pessoa coletiva da Fábrica da Igreja da Paróquia da Atalaia a dizer que podem proceder à limpeza do monumento e podem começar a praticar o culto”, referiu o presidente barquinhense esta semana em sessão do executivo camarário.
Admitindo que as obras de requalificação da igreja classificada como monumento nacional desde 1926 deixaram o edifício “muito bom”, o edil deu conta de que a intervenção “foi cumprida dentro dos prazos”, mas ainda não está concluída deve à falta de materiais no mercado, nomeadamente no que se refere a luzes LED. Recorde-se que esta intervenção na ordem dos 250 mil euros inclui a requalificação estrutural do interior, requalificação elétrica (no sentido de aumentar a eficiência energética), assim como reabilitação dos pavimentos e embelezamento da envolvente exterior.
“Fica pendente, tão só, a questão da iluminação exterior”, explanou. Nesse sentido, foi aprovada a prorrogação do prazo contratual da empreitada até 31 de dezembro de 2021, “sem prejuízo dos trabalhos que não prejudicam o seu uso para a prática do culto”.

Mas o compromisso é o de a 1 de dezembro a obra ser inaugurada, uma vez que nessa data acontecerá também a instalação da Pedra de Armas representativa do brasão dos antigos condes da Atalaia na respetiva Igreja Matriz.
Recorde-se que em agosto deste ano, aquando do regresso da coluna do Pelourinho da Atalaia à freguesia, Fernando Freire havia anunciado para breve o regresso desta pedra de armas.
“A nossa pedra de armas foi desapeada, os descendentes dos condes da Atalaia levaram-na para o Ribatejo Sul mas dentro em breve estará, por vontade deles, na Igreja da Atalaia”, divulgou o autarca na altura, admitindo que assim “vamos continuando a construir a nossa história, a nossa memória, sempre com uma perspetiva de tolerância, de respeito pelo passado”.
Para o efeito, em dezembro de 2020 foi celebrado um protocolo entre o Município de Vila Nova da Barquinha e familiares do Segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Manoel, para a doação da pedra que representa “o brasão da Família Manoel, envolto pelas referências à qualidade de Bispo e Patriarca que usou o Senhor D. João Manoel (1686-1758), cujos restos mortais se encontram sepultados na Igreja Matriz da Atalaia”, conforme se pode ler no documento.
No protocolo, a que o mediotejo.net teve acesso, os familiares de D. José Manoel comprometem-se “a doar a ‘pedra de armas’ (…) a qual deverá ser colocada na Igreja Matriz da Atalaia, devidamente enquadrada nos termos da proposta arquitetónica a apresentar pelo 1º outorgante Arqtº D. Bernardo d’Orey Manoel”.
É também descrito os dizeres que a mesma deverá conter: “Pedra de Armas de D. José Manoel da Câmara (Lisboa, 25 de Dezembro de 1686 – Atalaia, 9 de Julho de 1758), segundo Patriarca de Lisboa (1754), filho dos quartos condes de Atalaia, cujos restos mortais se encontram sepultados no altar-mor desta Igreja. Originalmente, esta Pedra de Armas foi concebida para a ‘Casa do Patriarca’ (Atalaia). Na primeira metade do século XX, foi removida e instalada no portão principal da Quinta (localizada no distrito de Santarém). Em 2020, descendentes do segundo Cardeal Patriarca de Lisboa ofereceram à Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha este testemunho histórico, para que pudesse regressar à povoação da Atalaia.”
Recorde-se que é na Igreja Matriz Atalaia que se encontra o túmulo de D. José Manoel, segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, junto ao qual será colocada a referida Pedra de Armas.