Prova gastronómica de conservas de peixe do rio. Foto: mediotejo.net

Uma prova gastronómica com iguarias feitas a partir de conservas de peixe do rio, preparadas e confecionadas com métodos artesanais e tradicionais da cozinha portuguesa, numa conjugação com vinhos da região – foi o que aconteceu no dia 6 de novembro, no evento “5 iguarias, 5 vinhos”, promovido pelo Restaurante Almourol, em Tancos, em parceria com a Conserveira do Interior.

Vislumbrando-se ao longe o Castelo de Almourol, que assinala 850 anos da sua reedificação, o restaurante Almourol, cujo nome advém deste símbolo da região que se ergue no meio do rio Tejo, recebeu dezenas de pessoas para uma degustação de sabores e aromas da região.

Derivados destes enlatados, que surgiram de forma a valorizar gastronomicamente o peixe do rio, algo que nem sempre é feito, como defendeu Leonel Barata, chef e representante da Conserveira do Interior, foi servido, como entrada, patê de peixe do rio, caldeta de barbo e achigã à Brás. Como pratos principais, os presentes puderam saborear carpa grelhada (ligeiramente fumada), sável com açorda de ovas e a estreante fataça estufada.

Achigã à Brás. Foto: mediotejo.net

A fataça estufada, até por ser inspirada numa receita típica da região, viu-se ser lançada e apresentada pela primeira vez a público nesta prova gastronómica, sendo o último prato a ser servido. Conforme explicou Leonel Barata ao mediotejo.net, os filetes da fataça são estufados lentamente num molho de cebolada, alho e tomate, e algumas especiarias. É também a primeira conversa a ter uma folha de louro.

“A nossa ideia é sempre tentarmos trazer a memória daquilo que são as receitas para dentro da lata e é essa a tentativa que também aqui é feita. A fataça é acompanhada com batata à murro e couve, que é uma das formas que normalmente aqui se acompanha a fataça, pois quisemos também tentar harmonizar com aquilo que já são os hábitos deste prato”, explicou o chef.

Produtos da Conserveira do Interior. Foto: mediotejo.net

“Quando nós pensamos em enlatados pensamos em algo que não é de qualidade, mas  estes produtos são de muito boa qualidade”, diz José Ferreira, gerente do restaurante, tratando de logo desmistificar a ideia sobre as conservas, acrescentando que estes produtos foram harmonizados com vinhos adequados e já conhecidos, da região do Tejo e também da Beira Interior.

O gerente do restaurante explicou ainda que está a ser estudada uma parceria para que a fataça estufada tenha a chancela de Vila Nova da Barquinha, ou seja, o objetivo é que toda a fataça que seja colocada no mercado através da empresa Conservas do Interior seja extraída por pescadores do concelho, e que o azeite seja igualmente produzido em Vila Nova da Barquinha. “Ou seja, quando compramos o produto final, a fataça estufada, saberemos que é de origem da Barquinha, o que é algo nunca visto, e que devemos valorizar”, acrescentou José Ferreira.

Foto: mediotejo.net

Manuel Mourato (PS), vereador do município barquinhense presente nesta iniciativa, confirma que está a ser estudada uma eventual parceria. “A questão do peixe do rio é-nos muito querida, pois é um dos nosso produtos endógenos, e está em estudo uma eventual parceria com esta questão das conversas com peixe do rio. Tudo aquilo que divulga os produtos do nosso concelho e da nossa gastronomia é evidentemente benéfico, mas não sabemos ainda em que moldes vai assentar essa parceria.”

Sobre esta prova, onde o crítico gastronómico Fernando Melo esteve também presente, José Ferreira diz que foi a primeira vez que o seu restaurante fez um evento desta natureza – com iguarias estritamente do rio –, facto que considera ter criado “naturalmente” algum valor para o restaurante e para os clientes, “mas sobretudo para a região e para o comércio local”.

Entrada do Restaurante Almourol. Foto: mediotejo.net

Dia 4 de dezembro, o restaurante Almourol, que se encontra a celebrar 30 anos, recebe outra prova gastronómica, desta feita a “5 iguarias, 5 vinhos, 5 azeites”.

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Rafael Ascensão

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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