Para o próximo ano, a Câmara Municipal de Vila de Rei vai ter um orçamento de cerca de seis milhões de euros e tem como projetos prioritários a ampliação da escola básica e secundária e a adoção de medidas de eficiência energética na piscina municipal.
Com um orçamento ligeiramente mais recheado que o de 2015 – são mais 250 mil euros em 2016 quando comparado com o ano anterior -, as principais prioridades da Câmara de Vila de Rei vão para a apoio social à população.

“Fiz um orçamento em contenção, não nos atirámos para a frente, se houver oportunidade de fazer obra com o dinheiro comunitário, fazemos, caso contrário, não vamos por o nosso passo mais à frente para não estar a tirar o futuro dos vilarregenses”, refere Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei.
Para além das obras que a autarquia pretende efetuar, como é o caso da ampliação da Escola Básica e Secundária de Vila de Rei, que representa um investimento de cerca de 700 mil euros e que aguarda ainda pelas verbas vindas dos fundos comunitários, a grande aposta do executivo para o próximo ano continua a ser a vertente de apoio social.
Segundo explicou Ricardo Aires ao mediotejo.net, o apoio social representa um grande investimento da autarquia: “cerca de 42% do orçamento da Câmara é para estas funções sociais que pretendemos manter e até, possivelmente, aumentar em alguns casos”.
Neste âmbito, Ricardo Aires destaca, por exemplo, a parceria existente com o Centro de Saúde local em que “a Câmara disponibiliza todos os dias uma viatura e uma técnica (assistente social) para prestar apoio aos utentes do concelho da Unidade de Cuidados Continuados Integrados”. Ou a percentagem paga pela autarquia aos táxis “para levarem os utentes para os hospitais do Médio Tejo porque não há transportes públicos que sirvam os utentes que querem ir ao Hospital de Abrantes, Tomar e Torres Novas”, refere Ricardo Aires salientando que “este é um apoio que não existia antigamente”.
A educação, englobada neste apoio social, representa uma grande fatia de investimento da Câmara Municipal de Vila de Rei. São cerca de 700 mil euros, refere Ricardo Aires, que permitem que a população possa usufruir de acesso gratuito à creche e jardim-de-infância; da doação dos livros do secundário aos alunos do concelho; dos transportes escolares e da comunidade gratuitos; das bolsas de estudo para apoio aos estudantes universitários; das bolsas de mérito, entre outras.

“Aqui em Vila de Rei a creche é gratuita, quem paga é o orçamento da Câmara. Há quem diga que assim não faço obra, mas, para mim, isto é estar a fazer obra que não é física mas que terá frutos no futuro e também no presente, na economia local, porque se as pessoas têm mais dinheiro na sua carteira, também podem ter uma melhor qualidade de vida”, salienta Ricardo Aires. E acrescenta ainda que “prefiro fazer esta obra do que estar a fazer obra física, Vila de Rei já tem uma boa obra física, temos o suficiente para vivermos como deve de ser e chegou a altura de ajudarmos as pessoas que tiveram a coragem de ficar cá, temos de lhes dar esse prémio pela coragem que tiveram de ficar no concelho”.
Projetos piloto nas aldeias do concelho
A par de melhoramentos na rede viária do concelho, a autarquia de Vila de Rei vai arrancar, no próximo ano, com um projeto na área da eficiência energética que irá beneficiar as instalações da piscina municipal. “No município e na escola também vão ser feitas intervenções a este nível, mas na piscina vai ser o investimento maior, com a substituição da iluminação, caixilharias, cobertura, entre outros. Cerca de 85 por cento vai ser gasto na piscina municipal e o restante no município e na parte mais antiga da escola para reparação de coisas que estão menos bem”, esclarece o autarca.
Outra das apostas da autarquia de Vila de Rei vai ser na iluminação pública que, atualmente, representa uma despesa de cerca de 300 mil euros anuais no orçamento camarário. Apesar de depender de verbas dos fundos comunitários, “queremos arrancar com projetos piloto com a colocação de leds em várias aldeias e depois vamos ver se conseguimos ampliar esses projetos a outros locais do concelho”, refere Ricardo Aires.
“Em vez de começarmos na sede do concelho, queremos começar pelas aldeias, queremos experimentar e ver se o resultado é de facto expressivo relativamente ao consumo de energia. Quero ver se os leds na iluminação pública são de facto eficientes porque estamos a falar de um investimento muito grande e temos de perceber se o retorno é significativo a médio prazo”, acrescenta o presidente da autarquia.
As aldeias na freguesia da Fundada vão ser as primeiras a beneficiar de iluminação pública com leds “para depois, ao fim de alguns meses, percebermos qual é efetivamente a poupança energética”, conclui Ricardo Aires.
Vereadores PS consideram que este “é um orçamento de gestão corrente”
A Câmara Municipal de Vila de Rei, de maioria PSD, aprovou na sua reunião de 15 de setembro, com as abstenções dos vereadores do PS, as Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2016.
Para os vereadores do PS, este “é um orçamento de gestão corrente”. Segundo Luís Miguel Jerónimo, vereador do PS na Câmara Municipal de Vila de Rei, “80% daquilo que são as receitas orçamentadas para o orçamento de 2016 dependem diretamente de transferências do Estado e 70% daquilo que são as despesas são encargos com despesas com pessoal e pela aquisição de bens e serviços”. E acrescenta ainda que “nesta rubrica da aquisição de bens e serviços estamos a falar de 150 mil euros para estudos e pareceres, 300 mil euros de encargos com edifícios, 85 mil euros para combustíveis, ou seja, a Câmara recebe dinheiro do Estado, que é grande parte da fatia, e depois paga logo diretamente aquilo que são as suas despesas correntes. Por isso, o que estamos aqui a falar é de um orçamento de despesas de gestão corrente”, refere o vereador do PS.
No que se refere às Grande Opções do Plano, “o que se vê é a manutenção de algumas propostas que são constantemente adiadas e que ficam por fazer, como por exemplo a requalificação do parque de feiras, o Parque Aventura de Água Formosa, algumas repavimentações que são constantemente previstas no Orçamento camarário e que depois não são concretizadas”, salienta Luís Miguel Jerónimo.
O vereador do PS esclarece que “a nossa posição foi a de abstenção perante o Orçamento camarário porque como é que podemos ser contra ou a favor de um orçamento que é apenas de gestão corrente, não há nada de ideológico ou de orientador de políticas, não podemos estar contra receber o dinheiro do Estado e pagar os ordenados e os encargos com os edifícios. Ano após ano tem sido o que acontece aqui”.
Sobre as propostas do PS para o concelho de Vila de Rei, Luís Jerónimo refere que “temos objetivos completamente diferentes, nós achamos que, para se fazer azeite é preciso azeitona e nós passeamos um pouco pelo concelho de Vila de Rei e vemos os campos abandonados e isso é o reflexo daquilo que é o interior do país. Com a desertificação há um abandono das terras e as políticas têm de começar por aí, na aposta na produção, com incentivos à produção, e também uma aposta na formação porque nós não temos agricultores com muita qualificação e há que apostar nisso e também em trazer jovens para o concelho e mesmo os jovens do concelho direcioná-los, não só para a política de ação social que tem sido seguida na última década, mas também para esta realidade”.
Luís Miguel Jerónimo defende ainda que, ao nível do turismo, “nós achamos que deve de haver uma visão regional sobre aquilo que é o aproveitamento turístico da zona, não deve de ser pensado isoladamente, tem de ser uma estratégia intermunicipal. É difícil de implementar mas devia de ser umas das bandeiras que o município de Vila de Rei devia de ter até porque agora pertencemos à Região do Médio Tejo, há aqui uma centralidade turística com a Albufeira de Castelo do Bode que tem de ser pensada com uma visão regional e global”.
“Entendemos que o ano de 2016 não advoga nada de bom para o concelho e quem sai mais prejudicado desta situação toda, não é o PS nem o PSD, porque nós não somos uma oposição simplesmente do contra que quer que as coisas corram mal, não é isso, mas quem sai mais prejudicado são os vilarregenses”, concluem os vereadores do PS.