Autarca de Vila de Rei considera decisão unilateral do Governo de mudança de CIM "anti democrática". Foto: DR

A proposta de lei foi aprovada em Conselho de Ministros e entregue na Assembleia da República, para apreciação na comissão parlamentar de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local, que deve promover a audição da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias. Uma decisão deverá ser tomada em janeiro de 2023, segundo perspetiva o presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei.

Ricardo Aires dá conta de uma reunião a ter lugar “brevemente” com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, “para explicar se é de imediato”, conforme a decisão que saiu do Conselho de Ministros e está para apreciação na Assembleia da República.

O executivo de Vila de Rei quer saber “quais as condições” com que irá para a CIM da Beira Baixa. “Não estivemos na estratégia da Beira Baixa”, mas do Médio Tejo, programada até 2027 – momento de novo quadro comunitário – “indo estender-se até 2030”, disse Ricardo Aires, na sexta-feira, 2 de dezembro, em reunião de Câmara Municipal.

Nesse encontro, o presidente irá, ainda, questionar Ana Abrunhosa sobre o futuro dos projetos em curso em Vila de Rei, designadamente o transporte a pedido, a modernização administrativa, o Pedime III (Plano Estratégico de Desenvolvimento Intermunicipal da Educação no Médio Tejo) e outros projetos de Cultura.

Reunião de Câmara Municipal de Vila de Rei. Créditos: mediotejo.net

“Vamos ser empurrados para a CIM da Beira Baixa”, lamentou, manifestando nada ter contra a CIM da Beira Baixa mas considerando que “havendo órgãos eleitos, [o assunto] deveria ter sido exposto à Câmara e à Assembleia Municipal, para dizermos algo sobre esta modificação”.

Notando ser Portugal “um país democrático”, o presidente afirmou “não entender esta modificação forçada”, embora a escolha da CIM Beira Baixa pudesse ser uma possibilidade “de boa vontade”.

Por isso, considerou a decisão do Governo “anti democrática” uma vez que não deu “cavaco à Câmara e Assembleia Municipal de Vila de Rei”. Espera agora que haja lugar a um período de transição e que a modificação tenha aplicação prática apenas a partir de 2027.

Para Ricardo Aires os órgãos locais “deveriam decidir se devíamos continuar na NUT II Centro ou na NUT II (Ribatejo) ou se iríamos para a NUT III Beira Baixa”.

ÁUDIO | PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA DE REI, RICARDO AIRES

A iniciativa legislativa do Governo (PS) para alterar o modelo de organização administrativa do território ao nível das entidades intermunicipais insere-se no processo de revisão das NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, para permitir maior acesso a fundos comunitários.

Na proposta de lei, o Governo sugere, entre outras alterações, que os concelhos da Sertã e da Vila de Rei (distrito de Castelo Branco) passem da CIM do Médio Tejo para a CIM da Beira Baixa.

No âmbito do sistema de divisão do território em regiões, a NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos subdivide-se em três níveis (NUT I, NUT II, NUT III), definidos de acordo com critérios populacionais, administrativos e geográficos.

Atualmente, os 308 municípios de Portugal agrupam-se em 25 NUT III, que correspondem a 21 comunidades intermunicipais no continente, às duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e às duas regiões dos Açores e da Madeira, em sete NUT II, das quais cinco no continente (Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve) e ainda os territórios dos Açores e da Madeira, e três NUT I, correspondentes ao território do continente e de cada uma das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

A CIM do Médio Tejo inclui Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha.

Integram a CIM da Beira Baixa os municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão.

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Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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