Domingo há 'Fados pela Ucrânia' para apoio aos refugiados no concelho de Alcanena. Foto: DR

Numa primeira fase, são 12 os refugiados da guerra da Ucrânia que o Município de Vila Nova da Barquinha tem capacidade para acolher, através da disponibilização de três apartamentos já equipados na sede do concelho. O presidente da Câmara Municipal sublinha que uma das principais preocupações é ao nível da integração educativa de crianças e jovens que cheguem à vila, admitindo a necessidade de desenvolver as suas capacidades ao mesmo tempo que se tenta “mitigar o sofrimento”.

A ação a ser desenvolvida pelo Município da Barquinha no âmbito do apoio às vítimas da guerra da Ucrânia começou com a associação ao projeto levado a cabo por Sara Cunha e Pedro Rodrigues, o casal que iniciou uma campanha de recolha de medicamentos e outros bens para levar até à Polónia e cuja iniciativa o mediotejo.net deu a conhecer.

Uma campanha através da qual o casal embarcou na sexta-feira, 11 de março, com 120 kg de ajuda, tendo conseguido também enviar já na quarta-feira, através de uma empresa de Anadia, uma quantidade de bens até à fronteira com a Ucrânia.

Bens esses que resultaram da solidariedade dos barquinhenses, com as instituições do concelho a associarem-se também, como foi o caso do Agrupamento de Escolas de Vila Nova da Barquinha, da Farmácia da Barquinha e da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Barquinha (neste caso, com a doação de bens de primeiros socorros), bem como do Agrupamento de Escuteiro nº. 583 e da Associação Essência da Partilha.

Alguns dos bens recolhidos pelo Agrupamento de Escolas de VN Barquinha. Imagem: AEVNB

Mas a ajuda não vai ficar por aqui e ao mediotejo.net o presidente da Câmara Municipal admite a disponibilidade para acolher no concelho 12 refugiados da guerra da Ucrânia.

“Em princípio, estamos em condições de receber 12 pessoas nesta primeira fase”, disse, dando conta que todos os dias os autarcas da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo estão a reunir no sentido de “concertar posições sobre o que é que para aí vem, para acudirmos aquelas populações”, estando organizada, nomeadamente, uma operação para ir buscar refugiados à Polónia.

Mas para acolher os cidadãos que cheguem há que haver estruturação. “Temos que ter a consciência que tem de haver casas disponíveis e não ser pelo voluntarismo. Tem de ser muito estruturado [o acolhimento]”, refere o edil.

Atualmente, são três as habitações disponíveis por parte do Município, que correspondem aos apartamentos que eram usados no âmbito do projeto “Residências Artísticas”. “Temos três apartamentos devidamente equipados que utilizávamos para residência de artistas mas, face à situação imperativa que existe, vai deixar de haver artistas durante o verão para acudir a estas pessoas”, explana Fernando Freire ao mediotejo.net.

Todas as habitações localizam-se na sede do concelho, o que vai ao encontro do objetivo da autarquia de não dispersar a comunidade que chega. “Não queria dispersá-los muito. Eles têm de ficar mais perto uns dos outros para viver em comunidade. Estamos a concentrá-los na sede de concelho no sentido de podermos também socorrer com mais facilidade através dos nossos recursos e da nossa assistente social”, assume.

A estes apartamentos, junta-se a já disponibilização por parte de um munícipe de um espaço rés de chão e primeiro andar na Moita do Norte para acolher refugiados.

ÁUDIO | Presidente da Câmara de VN Barquinha ao mediotejo.net sobre acolhimento de refugiados

O enquadramento social é outra das preocupações presentes, estando a autarquia a reunir esforços para encontrar ucranianos já residentes na região há mais tempo, no sentido de facilitar a comunicação com os que chegam, sem esquecer a questão da integração de crianças e jovens no sistema educativo.

“Integrá-los no sentido de continuarem a desenvolver as suas capacidades e crescerem enquanto cidadãos”, refere o presidente barquinhense.

Para os mais adultos, outra das questões é o trabalho. Nessa área, o edil diz ter já recebido ofertas de alguns empresários para que as pessoas que venham possam ser integradas em termos de emprego.

Ações que têm de ser pensadas, articuladas e postas em prática, numa tentativa de conseguir “mitigar o sofrimento” pelo qual estes refugiados já estão a passar.

ÁUDIO | Presidente da Câmara de VN Barquinha sobre a questão do emprego para refugiados

Ana Rita Cristóvão

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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1 Comentário

  1. Também o Agrupamento de Escuteiro nº. 583 e a Associação Essência da Partilha colaboraram na angariação de donativos.

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