O primeiro dos três autocarros enviados pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo para o leste da Europa com o objetivo de trazer para a região cerca de 150 refugiados ucranianos partiu esta sexta-feira, 11 de março, a partir do terminal rodoviário de Torres Novas. Com duração prevista de 6 dias, a bordo desta viagem seguem três motoristas, uma enfermeira e um conjunto de mantimentos para assegurar cuidados de saúde e alimentação aos que em Cracóvia, na Polónia, vão entrar por esta porta de esperança. O mediotejo.net acompanhou o momento da partida daqueles que vão em auxílio dos refugiados da guerra.
O relógio marca as 14h30. O motorista ajeita o cinto, fecha as portas do autocarro e dá início à viagem, a partir do terminal rodoviário de Torres Novas. O destino é Cracóvia, na Polónia.
Do lado de fora, figuras como o secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Miguel Pombeiro, a enfermeira diretora do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), Piedade Pinto, e o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, acenam e expressam os votos de uma viagem segura.
Lá dentro, através dos vidros meio escurecidos, acenam de volta com ar ansioso mas com elevado espírito de missão Vítor Silva, Rui Pereira e Nelson Rodrigues – os motoristas que vão guiar esta missão humanitária – e Lyudmyla Belmeha, a primeira das duas enfermeiras do Centro Hospitalar do Médio Tejo de origem ucraniana que se disponibilizaram para ir prestar socorro aos refugiados da guerra.

Momentos antes da partida, Lyudmyla confessa ao mediotejo.net que se sente “muito ansiosa”, mas também pronta para dar tudo de si em prol do seu povo.
“Sinto-me muito ansiosa, estou muito preocupada se conseguirei fazer tudo o que for preciso fazer. Mas logo que começou a guerra, o meu primeiro pensamento foi ‘em que é que eu posso ajudar’. Disponibilizei-me desde o primeiro dia. Agora é preciso ajuda e eu estou pronta, vou dar tudo o que consigo dar às pessoas, que eles merecem muito”, admite ao nosso jornal com as lágrimas a quererem surgir.
Entre as parcas palavras que a emoção do momento permitiu dizer, a enfermeira de 57 anos diz-nos que ainda tem família na Ucrânia e que esta noite que passou houve mais bombardeamentos. Mas o pensamento está convictamente focado na vitória da paz.
“Não há nada que a gente não aguente e só se fala em vitória, de outra coisa não se fala. O mínimo que posso fazer é ajudar agora. A situação é muito complicada e acho que fico um bocadinho melhor, aqui dentro de mim, se conseguir ajudar alguma coisa”, reforça.

A chegada a Cracóvia, na Polónia, deverá acontecer este domingo. No decurso da viagem haverá uma paragem, para descanso e apoio social na cidade de Dresden, na Alemanha, em resultado de um trabalho de parceira e coordenação entre esta cidade alemã e a Embaixada de Portugal na Alemanha com a CIM do Médio Tejo.
Aí, serão 50 os refugiados que verão as portas do autocarro abrirem-se para os acolher com a tão esperada ajuda. A maioria dos que virão serão crianças, disse ao mediotejo.net o secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Miguel Pombeiro.
“Sobretudo mulheres e crianças. De facto, prevê-se que venha um número significativo de crianças nesta viagem”, sublinha.
Realçando a “intervenção concertada” de todos os municípios que constituem a CIM do Médio Tejo, Miguel Pombeiro elucida que esta ação não se esgota na disponibilização de transporte mas também “no acolhimento e na integração. É esse o foco dos municípios nesta intervenção de solidariedade”.
Questionado sobre para que concelhos vêm estes refugiados, o secretário executivo da CIM do Médio Tejo esclarece que só a partir da próxima segunda-feira irá ficar determinado que concelhos vão acolher refugiados nesta primeira fase.
“Isso tem a ver com os agregados familiares, nós temos uma listagem e ainda tem aqui algumas mudanças [a acontecer], portanto segunda-feira fecharemos esse processo, para quando se iniciar a viagem de regresso ter esse trabalho de concertação com os autarcas feito”, explica.

Mas qual vai ser a primeira coisa a ser feita quando os refugiados chegarem à região? Além do trabalho de legalização e do início da integração, testes à Covid-19.
É aqui que entra novamente o Centro Hospitalar do Médio Tejo que, além da disponibilização das enfermeiras para prestar ajuda, vai também intervir na realização da testagem.
A este propósito, já esta semana o presidente do Conselho de Administração do CHMT assumia ao mediotejo.net que o primeiro passo era abrir uma “via verde” para a testagem dos refugiados que chegam. Mas tal vai ser feito não só à chegada cá como primeiramente à chegada lá, em Cracóvia.
“Vão enfermeiras, portanto têm essa capacidade técnica, e vão testar todos os refugiados que virão no autocarro. Já saberemos quando eles regressarem se alguns deles estão infetados com Covid”, avança ao mediotejo.net Piedade Pinto, enfermeira diretora do CHMT.
Mas o Centro Hospitalar vai mais além e mostrou já disponibilidade para acolher pessoas que necessitem de cuidados de saúde mais específicos. “Durante a viagem [as enfermeiras] vão fazer a triagem do estado de saúde dos refugiados e quando chegarem precisarão de cuidados diretos de saúde, nesse caso estamos totalmente disponíveis para os receber e cuidar deles”, assume ainda Piedade Pinto ao nosso jornal.
De referir que o primeiro autocarro da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo enviado esta sexta-feira, 11 de março, para ir buscar refugiados ucranianos à Polónia deverá regressar ao nosso país na próxima quarta-feira, 16 de março. Dois dias antes, na madrugada de 13 para 14 de março, partirão da região do Médio Tejo pelo menos mais dois autocarros, de modo a trazer mais refugiados da guerra da Ucrânia. No total, os treze municípios estimam acolher, numa primeira fase, cerca de 150 refugiados.
Os 13 municípios que integram a CIM do Médio Tejo, Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha, irão ainda levar por diante um conjunto de medidas que garantam o acolhimento e a integração destes refugiados no território.
Recorde-se que na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro, mais de 2,1 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, com o crescimento mais rápido de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Leia também: Municípios do Médio Tejo enviam três autocarros para trazer 150 refugiados da Ucrânia
Sou enfermeira aposentada com alguma disponibilidade. Se necessitarem de alguma ajuda no trabalho com as famílias de refugiados da Ucrânia, que venham para torres novas, o meu contato e este.
Se todos estes hipócritas autarcas fizessem pelos seus munícipes o que fazem por estrangeiros o país era uma maravilha. A propaganda é o que os move a todos.
Muito bom!