A “Carta Nacional do Turismo Militar. Do conceito à operação – Proposta de intervenção” é o título do livro que resulta de um trabalho de investigação que durou dois anos e que foi apresentado publicamente esta quinta-feira, dia 10, no Instituto Politécnico de Tomar.
Da autoria dos investigadores João Pinto Coelho, Fernando Luz Costa, Luís Mota Figueira e Carlos Costa, a “Carta Nacional de Turismo Militar” apresenta-se como um instrumento que poderá (e deverá) ser utilizado por diversas entidades e instituições para potenciar atividades turísticas ligadas a este conceito inovador de turismo militar.
A apresentação deste livro aconteceu esta quinta-feira, dia 10, no Instituto Politécnico de Tomar, esteve a cargo do Tenente-General Fernando Serafino, Comandante da Logística do Exército, e contou com a presença na plateia do Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello.
Com 128 páginas, este livro divide-se em quatro partes, sendo a primeira dedicada à apresentação do projeto, a segunda parte está orientada para a apresentação dos estudos e resultados do projeto, a terceira parte dá uma visão holística do Turismo Militar apresentando novos contributos institucionais e, a última parte, aborda o tema da operacionalização do conceito de turismo militar.
Os trabalhos de investigação que culminaram no lançamento deste livro começaram em dezembro de 2013 e prolongaram-se até 2015 e resultaram de um grupo de trabalho constituído por elementos do Instituto Politécnico de Tomar, da Brigada de Reação Rápida do Exército, da Universidade de Aveiro, tendo este projeto contado também com a colaboração da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, uma vez que este concelho possui um vasto território militar, bem como do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar.
Uma das fases de desenvolvimento deste estudo decorreu entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 com a receção de contributos através do portal www.turismo militar.ipt.pt criado para este efeito durante o qual foram registados 305 contributos dos quais 280 observações foram validadas.
No âmbito destes inquéritos, surgiu a eleição da capital do Turismo Militar em que 17,4% dos inquiridos consideraram que Vila Nova da Barquinha deveria ser a capital do Turismo Militar, seguida de Tomar (16,3%), Lisboa (14,3%) e Elvas (7,8%).
Foi também feita uma consulta a agentes de animação turística, que recebeu um total de 248 observações, de onde se retiraram algumas conclusões como o facto de apenas 7,3% terem conhecimento do Turismo Militar se encontrar inserido na atual estratégia nacional de turismo ou que 56% das empresas assumem o turismo militar como “um potencial reforço para os circuitos turísticos religiosos e culturais”.

Região do Médio Tejo tem grande potencial
Neste livro, constata-se que “no Médio Tejo situa-se uma das maiores concentrações de unidades militares a nível nacional, sendo de salientar, a maior instalação militar portuguesa e a maior da Europa, o Campo Militar de Santa Margarida”, para além de outras unidades como sejam o Regimento de Manutenção (Entroncamento), Escola de Tropas Aerotransportadas (Vila Nova da Barquinha), Regimento de Infantaria 15 (Tomar), entre outras.
Desta forma, a região do Médio Tejo apresenta-se com um excelente potencial de exploração turística no âmbito deste conceito de turismo militar.
Em declarações ao mediotejo.net, Carlos Costa, professor catedrático e Diretor do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, um dos autores deste trabalho sobre o turismo militar afirmou que “o nosso grande objetivo é trazer a dimensão da economia e da gestão para este processo”.
“A vontade política e institucional é muito importante para que o projeto avance e é preciso que estas instituições operacionalizem este material mas também é preciso fazer com que haja negócio, músculo empresarial à volta deste projeto”, salientou Carlos Costa.
O professor e investigador referiu ainda que “o turismo em Portugal sempre foi muito importante e continua a ser pelo contributo que dá à economia, mas estamos numa fase no país em que estamos perante desafios importantes e um desses grandes desafios é fazer com que o turismo não seja só entrada de receitas, mas conseguirmos fazer com que o turismo seja um elemento de preservação das nossas identidades, da nossa língua, da nossa cultura e do nosso património”.

Este trabalho de investigação, para além de pretender implementar o conceito de turismo militar a todo o território nacional, deixa também uma porta aberta para um envolvimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa onde o património militar português está presente.
Durante a apresentação da obra, que contou com a presença de figuras ilustres do Exército e do ambiente académico, o Tenente-General Fernando Serafino salientou que o turismo militar assume-se como potenciador do desenvolvimento de uma região e da sua economia e concluiu dizendo que “está lançado o desafio, falta agora a operacionalização do turismo militar em Portugal”.