O executivo camarário de Tomar aprovou o projeto de execução de três milhões de euros para a zona do Flecheiro, sendo que dois milhões são financiados por fundos europeus, enquanto um milhão de euros vai sair dos cofres do município tomarense. O prazo de execução da obra é de nove meses, para fazer nascer naquele espaço uma zona verde de fruição do rio Nabão, conforme explicou Anabela Freitas, presidente da Câmara Municipal de Tomar.
Hugo Cristóvão, vereador e vice-presidente, explicou que, tendo em conta que o rio Nabão é um dos que nacionalmente está definido com maior risco de cheias rápidas, a candidatura deste projeto foi construída no sentido de se criar uma grande bacia de escoamento de águas para o caso de uma cheia dessas realmente acontecer, sendo essa a justificação para o grande movimento de terras que se vai dar na zona, afirmando o edil que a relativamente zona plana do Flecheiro vai descer “bastante” em níveis, até chegar à cota do rio, e criar ali uma enorme bolsa de águas.
“Para que isso aconteça não pode haver entraves à circulação da água caso ela venha, pelo que não pode haver edificação. A própria questão do arvoredo é condicionada e por isso é que há grandes zonas de prados”, explicou o vereador, que reforçou que todo o projeto é construído em torno da lógica de uma grande bacia de inundação que em todo o resto do tempo poderá naturalmente ser usada pelas pessoas da forma mais natural possível. Embora não esteja contemplado no projeto, é possível que mais tarde – uma vez que há zonas pensadas para esse fim – possa vir a ser construído um parque infantil ou outro equipamento, “que mesmo assim terá que ser pensado nesta lógica de não ser um obstáculo às águas, caso elas venham”.
Hugo Cristóvão disse que quando se percebeu que iria haver financiamento para esta “importantíssima” obra para a comunidade, e que “será a obra determinante para mudar a face da nossa cidade a vários níveis”, o município começou desde logo a trabalhar nesse sentido.
“Não se podia perder esta oportunidade. Se calhar com mais dois ou três anos podia-se trabalhar em algo mais perfeito, mas é efetivamente o que é possível encaixar nesta candidatura. E este possível é muito bom, porque vai permitir que toda aquela zona passe a ser a zona verde e a zona ribeirinha que Tomar e os tomarenses merecem”, disse Hugo Cristóvão.

O vereador revelou também que este passo não foi dado uns anos antes, uma vez que o “trabalho a montante” ainda não estava feito, que era o de retirar as pessoas que vivem ou viviam no Flecheiro. Embora ainda lá estejam cerca de 40 pessoas, segundo o vereador, após aquele que tem sido um trabalho contínuo de realojamento destes cidadãos, esse número é “um bocadinho diferente das 250” que antes habitavam essa zona da cidade, tendo mais tarde Anabela Freitas dito que quando a obra avançar já não vão haver pessoas ali a residir.
Relativamente ao esforço de manutenção “muito significativo” que uma zona deste género (com muitas zonas de prados, matos e arbustivas) carece, questão elencada por Tiago Carrão, vereador do PSD, Anabela Freitas disse que tendo em conta que o município conta com cada vez menos assistentes operacionais nessa área, a intenção da autarquia para a manutenção daquele e outros espaços é que esta seja feita por outsourcing, ou seja, recorrendo a serviços externos ao município.
Tiago Carrão afirmou também que o preocupa “haver zero envolvimento da comunidade e das pessoas”, embora perceba que os prazos sejam “muito apertados”, mas que o processo já decorre há alguns meses, pelo que “teria havido oportunidade para pelo menos ouvir contributos, ideias, sugestões da população sobre este projeto”, o qual defendeu que lhe parece que “vai definir a forma como Tomar e os tomarenses se relacionam com o rio e vivem o rio”, vendo-lhe “demasiada importância para ser feito desta forma”.
O vereador afeto ao PSD questionou ainda porque se deu o salto de cerca de 2,5 milhões que estavam previstos para o valor de 3 milhões para o projeto, ao que Anabela Freitas explicou que a parte financiada do projeto é “única e exclusivamente a parte da modelação dos terrenos e arranjos exteriores”, sendo que o município optou também por construir desde já um coletor para separar águas residuais e pluviais, para depois não ter de destruir aquilo que vai ser feito.
Neste sentido, e após uma revisão feita internamente, os serviços municipais optaram por fazer essa alteração, “atendendo ao aumento do preço das matérias, sobretudo naquilo que são as matérias que compõem a construção dos coletores e das condutas de encaminhamento para o respetivo coletor”, aproveitando uma mudança recente ao CCP “em que é possível aumentar o preço base das empreitadas até 20%”, explicou Anabela Freitas, referindo que foi esse o aumento que existiu.
Depois de Tiago Carrão também ter dito que 20 dias de concurso lhe parece pouco tempo, dada a complexidade do projeto, para as empresas poderem analisar e apresentar uma proposta, a líder do município nabantino afirmou que o prazo curto tem a ver com uma tentativa de derrapar o menos possível no tempo o início da obra, tendo em conta os prazos a serem cumpridos, mas que, de qualquer das formas, apesar de o concurso ainda não estar público mas como já se vem falando nesta questão há alguns meses, tem existido “um conjunto de empresas” que têm contactado o município a questionar quando é lançado o procedimento.
“Portanto parece-nos que vai haver interesse naquilo que é o procedimento, daí ter havido já manifestação de interesse de algumas empresas”, disse Anabela Freitas, pelo que o executivo optou por um prazo mais curto, sabendo que no entanto vai cair em agosto, mês de férias.
“Estamos conscientes deste risco, vamos corre-lo, porque se tivermos de fazer uma prorrogação será por cinco ou dez dias”, afirmou.
Anabela Freitas deu ainda nota de que a obra não vai ser parada durante a Festas dos Tabuleiros, porque iria implicar que não se cumprissem os prazos de execução física da candidatura, pelo que a questão “não está em cima da mesa”, afirmando que aquele espaço era apenas utilizado para estacionamento, pelo que os lugares do parque junto à estação ferroviária substituem os lugares que poderiam existir naquela zona.
Tanto a proposta do projeto de execução – votada na segunda-feira, dia 25 de julho – como a proposta de realização de concurso público, votada esta quarta-feira, dia 27 de julho, em reunião camarária extraordinária, foram aprovadas por unanimidade, com declaração de voto por parte da vereação do PSD.