Na antiga Escola Primária do Figueiredo, na União de Freguesias de Ermida e Figueiredo, a Câmara da Sertã criou o CIAR - Centro de Interpretação de Arte Rupestre (Foto: mediotejo.net)

O CIAR – Centro de Interpretação de Arte Rupestre e o NuMOAS – Núcleo Museológico e Oficina de Artesanato da Sertã são os dois novos espaços culturais, erguidos pela autarquia da Sertã, em duas antigas escolas primárias do concelho que vão ser inaugurados esta quarta-feira, dia 20 de abril.

A antiga Escola Primária da aldeia do Figueiredo, na União de Freguesias de Ermida e Figueiredo, concelho da Sertã, deu agora lugar ao CIAR – Centro de Interpretação de Arte Rupestre onde é possível aos visitantes ficarem a conhecer as Estações Arqueológicas de Arte Rupestre da Lajeira e Fechadura.

Numa das salas de aula desta antiga escola primária onde outrora se aprendeu a ler e a escrever, agora aprende-se sobre as rochas com inscrições rupestres que pertencem às Estações Arqueológicas da Fechadura (Figueiredo) e da Lajeira (Ermida).

O mediotejo.net participou na visita a este novo espaço de preservação da cultura e património, que a autarquia da Sertã organizou antes da inauguração, e que começou com uma explicação técnica das rochas que compõem as duas estações arqueológicas por parte da técnica Marta Martins, historiadora e responsável pela área de Arquivo da Câmara Municipal da Sertã, que explicou que na Estação Arqueológica da Fechadura existem, atualmente, três rochas mas que é intenção da autarquia “continuar a investir na prospeção para ver se se encontram mais rochas”.

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No CIAR, o visitante pode ficar a conhecer as inscrições rupestres das rochas das Estações Arqueológicas da Fechadura e da Lajeira (Foto: mediotejo.net)

Através de painéis de grande dimensão que forram as paredes da sala de aula, os visitantes do CIAR ficam a conhecer as inscrições rupestres existentes nas três rochas da Estação Arqueológica da Fechadura e as inscrições, mais exuberantes, da pedra da Lajeira, todas elas consideradas “de grande interesse” por parte dos investigadores nesta área.

É intenção da autarquia colocar no CIAR réplicas de rochas em xisto com as inscrições rupestres “o mais fiel possível daquelas que estão na serra, a criação destas rochas está a ser estudada por uma artesã, e mais tarde gostaríamos de ter financiamento para colocar um painel interativo nesta sala”, salientou Cláudia André, vereadora da Câmara Municipal da Sertã responsável pelos pelouros da Cultura e Turismo, durante a visita ao novo espaço.

As escolas do Agrupamento da Sertã, e dos concelhos em redor, “serão as primeiras privilegiadas a visitar o CIAR, mas a ideia é tentar abranger o país e até mesmo ao nível mundial, através do programa Herity”, salientou Marta Martins.

E tendo também como intenção receber estudantes internacionais que estejam a estudar matérias relacionadas com a arqueologia, a Câmara da Sertã criou uma unidade de alojamento local, na outra sala da Escola Primária do Figueiredo, composta por cozinha, dois quartos, casa de banho e sala, com a utilização de mobiliário antigo que era pertença da escola primário e que foi recuperado.

José Farinha Nunes, presidente da Câmara Municipal da Sertã, afirmou que a autarquia “quer continuar a apostar na arte rupestre. Estamos aqui nesta zona onde há vestígios de povos de milhares de anos antes de Cristo que passaram por aqui e se fixaram aqui porque havia caça, pesca, água de qualidade e era aí que se fixavam as pessoas. Nós temos escolas primárias desabitadas e lembramo-nos que neste local fazia sentido criar o CIAR porque estamos na zona e protegíamos aquele local que queremos resguardar, queremos que continue o mais natural possível, mas que seja preservado, com o mínimo de intervenção humana possível e daí a criação deste CIAR porque faz sentido, sem ir ao local, ver o que lá está e é isso que pretendemos”.

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Aspecto de um dos quartos da unidade de alojamento local criada na antiga Escola Primária do Figueiredo, cuja decoração, da responsabilidade da arquiteta da autarquia, Ana Delgado, envolve a utilização de mobiliário recuperado que era pertença da antiga escola primária (Foto: mediotejo.net)

Através da classificação Herity dada, em 2014, ao itinerário das estações arqueológicas da Fechadura e da Lajeira, José Farinha Nunes refere que “queremos atrair vários turistas a este local, podemos ligar esta zona da Lajeira e da Fechadura a vários países do mundo com projetos classificados com o Herity e turistas interessados nas questões arqueológicas”.

Sobre o valor do investimento camarário na criação do CIAR e da unidade de alojamento local, José Farinha Nunes referiu que “não é muito grande porque se trata da recuperação de uma antiga escola primária, o grande investimento vem agora que é o estudo que é necessário continuar a fazer, as escavações que é para continuar a fazer e são obras minuciosa que levam muito tempo e muita mão de obra, mas que é um bom investimento”.

No futuro, “garantidamente se justifica um Museu da Arte Rupestre porque temos vários vestígios, no Castelo da Sertã e em outros locais”, salientou José Farinha Nunes.

“Nós somos ricos e temos que aproveitar as potencialidades que temos e esta é uma delas porque estamos a falar de pessoas interessadas por esta área no mundo inteiro, daí esta ligação através do Herity”, concluiu o autarca

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Pedra da Estação Arqueológica da Lajeira (Foto: mediotejo.net)

Depois de visitar o CIAR, os visitantes poderão fazer o percurso pedestre onde é possível visitar ambas as estações arqueológicas, seguindo o percurso PR5 SRT – Rota dos Pastores e da Lajeira – Caminho do Xisto de Ermida e Figueiredo, criado em 2013, através do qual, para além de se visitarem as estações de arte rupestre, o percurso é constituído por vários pontos de interesse como antigos moinhos de vento, a Ponte das Relvas, o parque eólico, a piscina fluvial de Santinha com o parque de merendas, a cascata e o moinho de água.

Já na Sertã, esta quarta-feira, dia 20, vai também ser inaugurado o NuMOAS – Núcleo Museológico e Oficina de Artesanato da Sertã que se localiza na antiga Escola Primária Conde Ferreira, também conhecida como Escola da Carvalha, edifício de grande importância histórica uma vez que foi a primeira escola primária do concelho da Sertã construída de raiz, uma das 120 escolas mandadas construir no país pelo primeiro Conde de Ferreira.

Este novo espaço vai funcionar como local de exposição e oficina de artesanato que estará dividido em diversos espaços distintos de manuseamento de materiais: madeira, têxteis, linho e artes diferenciadas, que contará com a presença de 10 artesãos do concelho da Sertã.

Segundo explicou a vereadora Cláudia André ao mediotejo.net, “além de ter lá ao artesãos a trabalhar, também queremos criar ateliês para a população em geral, a ideia é criar ali um ponto de aprendizagem sobre as artes antigas para motivar a preservação das mesmas e para que as pessoas percebam que aliando a parte do design ao artesanato podemos conseguir preservar e ao mesmo tempo criar riqueza produzindo e vendendo”.

O espaço, aberto ao público e de entrada gratuita, terá um local de exposição viva e ainda um espaço de vendas exclusivamente com peças elaboradas pelos artesãos sertaginenses.

Margarida Serôdio

Entrou no mundo do jornalismo há cerca de 13 anos pelo gosto de informar o público sobre o que acontece e dar a conhecer histórias e projetos interessantes. Acredita numa sociedade informada e com valores. Tem 35 anos, já plantou uma árvore e tem três filhos. Só lhe falta escrever um livro.

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