O folclore mundial está no Alto Alentejo até este sábado, 20 de julho, no FestiFolk – Festival Internacional de Folclore de Ponte de Sor, numa organização do Rancho Folclórico da Casa do Povo local, em parceria com a autarquia. A cerimónia de abertura decorreu em frente ao edifício da Câmara Municipal com pequenas demonstrações da Argentina, Índia, Sérvia, Eslováquia e Portugal. No final o Rancho anfitrião recebeu uma placa de reconhecimento do CIOFF – Conselho Internacional de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais.
O FestiFolk – Festival Internacional de Folclore de Ponte de Sor resulta “de um conjunto de vontades que se uniu, cresceu e continua a crescer e se devolve e afirma sempre com o incontornável carinho das gentes de Ponte de Sor que de predispõem a acolher este evento e estas gentes do mundo de braços abertos”, disse Florêncio Cacete, da organização do FestiFolk, durante a cerimónia de abertura do evento.
Trata-se da segunda edição do festival, no qual marcam presença grupos folclóricos oriundos da Argentina, da Sérvia, Índia, Eslováquia e de Portugal, incluindo o Grupo de Pauliteiros de Miranda, num espetáculo que pretende ser “um desfilar de cor, tradições, sons, ritmos e alegria” trazidos até ao Alto Alentejo.
Os diversos agrupamentos preencherão a programação cultural da cidade de Ponte de Sor e respetivas freguesias por estes dias, numa mostra representativa “do que de mais rico os nossos antepassados nos deixaram: a matriz identitária de cada um dos nossos povos”, sublinhou Florêncio.
“Aos agentes culturais cabe a missão de fazer cultura, aos políticos cabe o papel de apoiar e incentivar quem a promove, dinamiza e implementa. As estruturas do movimento associativo cabe o papel de ir ao encontro das necessidades das populações sejam elas culturais, sociais e até económicas mas sempre com os olhos postos no futuro, no desenvolvimento local e regional. Aos políticos cabe definir as linhas mestras no plano cultural e associativo mas nunca substituindo o papel destas, antes pelo contrário, intervindo e complementando as lacunas que a sua capacidade de intervenção não tem capacidade de dar respostas”, acrescentou.

O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ponte de Sor candidatou o FestiFolk ao CIOFF – Conselho Internacional de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais, parceiro oficial da UNESCO, com sede em França, criado para apelar à paz entre os povos e com os objetivos de salvaguarda, promoção e difusão da cultura tradicional e do folclore.
“A candidatura foi aceite como sócio observador e queríamos ser avaliados durante três anos para passarmos a sócios efetivos. Neste momento já podemos utilizar o logotipo do CIOFF mas não podemos utilizar a bandeira. Para nós será um grande orgulho!”, disse ao mediotejo.net Joaquim Rocha, presidente da direção do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ponte de Sor.
E durante estas três edições, o festival será acompanhado pelo CIOFF “com vista a alcançar o reconhecimento mundial e um selo de qualidade da UNESCO”, explica, dando conta da presença do representante do CIOFF em Portugal, Delfim Leite.
A associação cultural de Ponte de Sor entende ser possível continuar a trabalhar no sentido de afirmar o festival como “um grande produto turístico, um grande festival de culturas dos povos do mundo, um grande festival cultural e associativo com uma ainda maior capacidade de atrair visitantes” para o concelho “contribuindo para uma maior dinamização cultural, económica e social desta terra”.
Em Portugal existem 13 festivais CIOFF efetivos e “do rio Tejo para baixo só o FolkFaro mas no Alentejo somos os únicos até ver”, refere, dando conta que a realidade como sócio efetivo só chegará dentro de dois anos, uma vez que a edição de 2019, apesar de ser “a segunda neste modelo”, conta como a primeira para avaliação. Uma ideia que será para continuar mesmo após os três anos de observação, garante o presidente.

Joaquim Rocha, refere que antes do FestiFolk, em 2015, realizou-se em Ponte de Sor “um espetáculo com dois grupos de folclore, de Espanha e da Geórgia mas foi só um dia, integrado no nosso festival nacional, num evento completamente diferente”.
Os festivais internacionais de folclore “foi uma das formas encontradas pela UNESCO para aproximar os diferentes povos do mundo através da cultura e das artes tradicionais. Hoje é Portugal diferente, numa Europa também diferente e num mundo diferente ou cada vez mais igual, o propósito de promover festivais internacionais de folclore mantém-se”, afirmou ainda a organização do festival na cerimónia de abertura, considerando o festival de Ponte de Sor “um contributo das gentes de Ponte de Sor para manter a paz entre os povos através da cultura tradicional”.
Após o sucesso da primeira edição as expectativas de Joaquim Rocha para 2019 são “ainda maiores”. As gentes de Ponte de Sor recebem os grupos “muito bem! Acompanham e felicitam o Racho pela organização” de um evento que envolve cerca de 200 pessoas, o que obriga a uma considerável logística.
“Contamos com o apoio do Município que é nosso parceiro no evento. Na logística temos apoio do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor que nos cedeu uma escola para montarmos ‘o quartel general’. As refeições são dadas no refeitório da escola, sendo alguns jantares nas freguesias do concelho”, observou.

Os grupos atuarão nas freguesias do concelho nas noites de 18 e 19 de julho (quinta e sexta-feira), oferecendo depois uma Grande Gala de Encerramento, com todos os grupos, na noite de 20 de julho (sábado), pelas 21h30, na Zona Ribeirinha de Ponte de Sor.
A abertura oficial do Festival decorreu na quarta-feira, 17 de julho, em frente ao edifício da Câmara Municipal de Ponte de Sor, onde todos os agrupamentos fizeram um breve apontamento de apresentação às entidades oficiais e população, com uma assistência superior a meia centena de pessoas, incluindo crianças das escolas do concelho.
Ainda na noite deste primeiro dia, houve “uma novidade” revela Joaquim Rocha. “Um atelier de danças, na nossa sede, onde cada país vai ensinar um bocadinho da sua cultura aos outros. Há uma troca de culturas, músicas e a Índia a confecionar uma refeição para os outros grupos. Todos os elementos são vegan, uma novidade também na parte da alimentação, é que aqui ninguém sabia o que era isso. Mais uma experiência!”, refere.
Para esta edição, como grupo português, foram convidados os Pauliteiros de Miranda. “O seu folclore é diferente do tradicional folclore português e é também essa cultura que queria mostrar aos grupos estrangeiros que nos visitam”, indica Joaquim Rocha.

Da primeira edição deixaram saudades em Ponte de Sor os mexicanos. “São povos latinos tal com o este ano a Argentina, e são mais divertidos, mas todos saíram de Portugal com muito boa impressão da cultura portuguesa”, assegura. Por isso, “para o ano já está garantido outro grupo do México”.
O trabalho começa com muitos meses de antecedência. “Tem de ser porque chegámos a ter 12 ou 13 grupos confirmados para termos presentes quatro ou cinco. Muitos querem vir, aceitamos as candidaturas mas depois não conseguem os vistos nas embaixadas e é problemático. Alguns grupos como os de África, que queríamos ter cá e não foi possível por causa da burocracia”, lamenta.
O representante do CIOFF, Delfim Leite, falando “num coração do tamanho do mundo” confirmou que “o grande objetivo é a paz. Na igualdade acharmos as diferenças porque cada povo tem as suas tradições as todos nascemos e morremos da mesma forma, o trajeto é que é diferenciado. E nessas diferenças gostaríamos de mostrar ao mundo, de uma maneira alegre e festiva, que a boa disposição faz com que as pessoas andem em paz”, disse.
Dirigindo-se a Hugo Hilário, presidente da autarquia, pediu apoio para a organização do FestiFolk, defendendo ser esta “uma oportunidade para mostrar de uma forma diferente o que é o folclore, a tradição e, fundamentalmente, o que é a identidade de cada um de nós”.
Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal lembrou que “os recursos [financeiros] não são infinitos” e o “rigor na questão dos dinheiros públicos” mas reconheceu essa “boa oportunidade para fazer diferente” no território e no País, “criando sinergias e boas relações”.

O “único” pedido de Hugo Hilário prendeu-se com a descentralização do evento. “Pedi que houvesse espetáculos em todas as freguesias do concelho. Entendemos que as nossas políticas culturais são de todos e para todos. E se na sede do concelho temos infraestruturas privilegiadas também todos os outros têm direito a poder usufruir destes espetáculos com qualidade mais que reconhecida”, disse, felicitando a organização pela criação de “mais uma marca internacional” em Ponte de Sor.
Foi também apresentada a comissão de honra integrando vários ilustres do concelho, ao que se seguiu o hastear das bandeiras ao som do hino de cada país a começar pela Argentina, seguida da Sérvia, Índia, Eslováquia e, por fim, Portugal.
Para Alda Falca, vereadora da Câmara Municipal de Ponte de Sor com o pelouro da Cultura, e convidada para madrinha do festival, o FestiFolk “é muito mais que um evento e que um festival. São as nossas raízes”, vincou.
No final da abertura oficial do evento, além da entrega de lembranças aos diversos grupos, o CIOFF entregou uma placa de reconhecimento ao Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ponte de Sor.
O FestiFolk Ponte de Sor, é uma iniciativa organizada por esta associação cultural em parceria com a Câmara Municipal de Ponte de Sor e todas as Juntas de Freguesia do concelho. Todos os espetáculos têm entrada livre.
VEJA AQUI O VÍDEO: