
Convidámos os diretores das bibliotecas municipais do Médio Tejo a fazerem as suas recomendações neste espaço, de forma alternada, todas as sextas-feiras. Esta semana, “O Riso de Deus”, de António Alçada Baptista, e “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez, são as sugestões de Ana Saraiva, Chefe de Divisão da Ação Cultural da Câmara Municipal de Ourém e responsável pela Biblioteca Municipal.
Passe pela biblioteca… e boas leituras!
Os livros conduzem-nos a tanto lado! Na Biblioteca Municipal de Ourém, as bibliotecárias oferecem um sonho ao leitor em cada livro que entregam e colhem uma recompensa em cada livro que recebem. Durante seis dias por semana, as portas permanecem abertas com opções de escolhas literárias para gostos, interesses, vontades, idades e outros estados próprios de cada pessoa.
No verão, a procura dos livros na Biblioteca aumenta. É um tempo que traz férias, as férias buscam o bem-estar e o bem-estar encontra-se na literatura. Mas os livros querem-se companheiros assíduos ao longo de 12 meses no ano. Em mim, prolongam sensações boas de verão.
Muitos são os livros que me ligam à vida. E há sempre lugar para mais um, porque diz algo de novo ou lança um novo olhar. Alguns livros têm um lugar especial. O Riso de Deus, de António Alçada Baptista é um deles. Através do personagem Francisco, o autor escolhe a via do sonho possível e os valores essenciais da vida, como a criatividade que conduz às emoções mais íntimas e permite intervir no mundo (Baptista, 1994: 82). Neste riso de um Deus apaixonado pela alegria de existir, Alçada Baptista encontra no feminino o “aceno do futuro”. Esse aceno produz uma força que comove.
Envolvente é também Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez. Através da história da genealogia da família Buendía, o Prémio Nobel da Literatura cruza a instabilidade política com guerras, repressão, exílios de refugiados e movimentos sociais na América Latina. Toda a narrativa é construída sob o lastro da solidão, talvez como estado de espírito. Mas lança também a esperança através de José Arcádio Buendía que, sem conseguir encontrar o mar após uma longa travessia, resolveu criar um povoado. E assim nascia uma aldeia arrumada, laboriosa e feliz.
Tal como os livros, as sugestões de leituras não se podem esgotar. Parabéns à equipa editorial pela iniciativa. Aos leitores, desejo boas leituras e bom fim-de-semana.
Ana Saraiva