Maria José Pereira, directora da Biblioteca Municipal de Tomar
Maria José Pereira, directora da Biblioteca Municipal de Tomar

Convidámos os diretores das bibliotecas municipais do Médio Tejo a fazerem as suas recomendações neste espaço, de forma alternada, todas as sextas-feiras. Esta semana, “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, mas numa versão lançada recentemente anotada por José Luís Peixoto e com ilustrações de Hugo Makarov, é o livro sugerido por Maria José Pereira, diretora da Biblioteca Municipal de Tomar, instituição que está a comemorar os seus 18 anos em edifício construído de raiz.

Passe pela biblioteca… e boas leituras!

 

 

Edição de "O Principezinho", de Saint-Exupéry, com anotações de José Luís Peixoto e ilustrações de Hugo Makarov
Edição de “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, com anotações de José Luís Peixoto e ilustrações de Hugo Makarov

O principezinho de Saint-Exupéry é um dos clássicos da literatura que, pela sua mediatização, um dia, acabamos por folhear.

Em janeiro deste ano, foi reeditada uma publicação com base na original de 1943 com um prefácio de Valter Hugo Mãe. A edição, agora anotada por José Luís Peixoto e ilustrada por Hugo Makarov. foi o mote para a minha sugestão de leitura.

Através de anotações manuscritas de cariz histórico, literário e geográfico, José Luis Peixoto acrescenta uma multiplicidade de informações, observações e sugestões que enriquecem a leitura do livro, sem alterar o seu contexto inicial.

Mas que livro é este que foi publicado em mais de 160 idiomas e já vendeu mais de 140 milhões de exemplares?

O livro, presumivelmente, dirigido aos mais novos, assume um caráter complexo pelo conteúdo e mensagem que transmite. Estamos, de facto, perante uma obra intemporal e transversal a todas as gerações.

Por trás da ingenuidade das perguntas do principezinho e das ilustrações primárias, Saint-Exupéry enfatiza a simplicidade e a sua importância. À medida que crescemos e nos tornamos adultos desvalorizamos as pequenas coisas da vida, as coisas que realmente importam, as coisas simples: A amizade, o amor, a humildade, o cuidar…

Por outro lado, a criação de personagens estereotipadas, tais como o rei, o bêbado, o geógrafo traduzem alguns aspectos negativos da vida que o autor pretende satirizar de forma metafórica, como a inveja, a ignorância, a avareza, o egocentrismo..

Uma obra que nos faz refletir sobre os valores da vida, sobre os nossos julgamentos, sobre a forma como avaliamos as coisas e pessoas que nos rodeiam, e como toda esta avaliação pode ser posta em causa. Uma forma individualista de ler o mundo que nos remete para a decadência humana.

Encontre tempo e (re)leia O Principezinho. É notável como um livro, à partida, tão “ ingénuo” se traduz numa lição de vida tão profunda e enigmática. É que, o essencial é mesmo invisível aos olhos!!

Maria José Pereira

Entrou no mundo do jornalismo há cerca de 13 anos pelo gosto de informar o público sobre o que acontece e dar a conhecer histórias e projetos interessantes. Acredita numa sociedade informada e com valores. Tem 35 anos, já plantou uma árvore e tem três filhos. Só lhe falta escrever um livro.

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