A Vila Medieval de Ourém volta a ser palco do Festival de Setembro, cinco anos depois da ultima edição e agora com as obras de reabilitação do Castelo e Paço dos Condes concluídas. Durante este fim-de-semana, a programação inclui artesanato, conferências e tertúlias, cinema e vídeo, dança e música, exposições e visitas guiadas para conhecer o património histórico da vila.
A quarta edição deste festival arranca com o mote “Nós, Migrantes”, um “tema que diz muito ao concelho de Ourém”, explicou o Presidente da Câmara, Luís Miguel Albuquerque, na sessão de abertura que decorreu na manhã desta sexta-feira, dia 8, no auditório do Paço dos Condes.
O autarca deu o exemplo dos oureenses que emigraram na condição “de melhorar as suas vidas”, mas, também, a vinda de muitos estrangeiros para o concelho – onde a taxa de desemprego “é inferior a 2%”, frisou – o que se está a traduzir num aumento de população, visível nomeadamente com a inscrição de “460 novos alunos no último ano letivo”.
Durante a sessão foram ainda apresentados alguns dados do Observatório de Emigração. A França, por exemplo, “é o país onde residem mais portugueses”, refere Cláudia Pereira, diretora do Observatório. A coordenadora salientou ainda que muitos oureenses emigraram para o Brasil desde o início do século XX, o país que, neste momento, é a “principal origem dos estrangeiros em Portugal”.

A multiculturalidade e a pluralidade são dois conceitos-chave desta edição do festival. Mário Ribeiro, do Alto Comissariado para as Migrações explicou o papel dos centros locais de apoio que fazem parte do Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes, na medida de “assegurar a todos os migrantes e residentes a possibilidade de encontrar um ambiente seguro onde se possam realizar integralmente”.
O município de Ourém tem um destes centros desde 20 de junho de 2021, que veio “reforçar as respostas que já existiam”, como é o exemplo do acolhimento de 39 cidadãos da Grécia no âmbito do Programa de Recolocação da UE entre 2016 e 2017. No que diz respeito aos dados mais atuais, é importante referir que, no âmbito do programa especial de Acolhimento de Emergência da Ucrânia, existiram 399 pedidos de proteção temporária com indicação de morada em Ourém.

Na sessão de abertura esteve ainda presente o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André, que classificou aquela que é também a sua cidade natal como “uma terra de migrações, e não uma terra de emigração”. Para o justificar, o Secretário de Estado mencionou a recente assinatura de um protocolo com o município para trazer estudantes de Cabo Verde para a Escola Profissional de Ourém, o que, na sua opinião, demonstra “uma visão moderna” da riqueza da multiculturalidade.
Francisco André disse ainda que as comunidades estrangeiras a residir em Portugal dão um contributo “valioso” e “essencial” para o desenvolvimento económico do nosso país. Por outro lado, frisou ainda que as transações financeiras feitas para Portugal (dos emigrantes portugueses) “representam 1,6% do PIB” (4 mil milhões de euros).
Por fim, classificou a programação cultural como “excecional”, referindo que o Festival de Setembro “é uma tradição que veio para ficar”.
Após a sessão de abertura, teve início o seminário “Trajetórias da Emigração Portuguesa”, que contou com vários oradores em diferentes painéis. Foi discutido o panorama atual da emigração portuguesa, bem como a importância das trocas culturais e representações identitárias que são fruto das trajetórias migratórias.
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