Selma Uamusse é uma das artistas que atua em Ourém num festival dedicado aos migrantes. Foto: DR

Após cinco anos de interrupção, o festival regressa à vila medieval de Ourém com uma programação multidisciplinar e multicultural, inspirada no “espírito cosmopolita do 4.º conde de Ourém” e na tradição de emigração da população do concelho para celebrar “a diversidade cultural e a criatividade como formas de se alcançar lugares mais humanizados e sustentáveis”, lê-se na apresentação.

“Este festival parte da identidade de Ourém, refletida no seu Castelo e no seu centro histórico”, referiu o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, citado numa nota do município.

Selma Uamusse, Luca Argel e Aline Frazão em Ourém num festival dedicado aos migrantes. Foto: CMO

Ourém, concelho com uma relação histórica com a emigração, evoca “vivências e experiências dos emigrantes ourienses, no passado e no presente”, as “relações sociais e de cooperação (…) com outros povos ao longo da história” e os “ganhos culturais, sociais e económicos” da diáspora neste regresso do Festival de Setembro.

O seminário “Trajetórias da emigração portuguesa”, com o alto patrocínio do Observatório da Emigração, vai abordar o panorama atual da emigração portuguesa, além das várias conferências e tertúlias que contarão com a participação da comunidade local e as parcerias do Alto Comissariado para as Migrações e do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Será também criado o espaço “Mundo à Volta”, com várias iniciativas dirigidas a famílias, como é exemplo o espetáculo “Sopa de Jerimu”, o encontro com a autora do livro “Emigração. Que palavra esquisita!” e a hora do conto “Filas de Sonhos”, de Rita Sineiro.

Aline Frazão. Foto: André Santos

Durante três dias, a vila medieval recebe concertos, teatro, cinema, um seminário, conferências, exposições, literatura, visitas ao património, artesanato e também uma degustação de gastronómica inspirada nos cinco principais países de destino dos emigrantes de Ourém: França, Inglaterra, Brasil, Angola e Moçambique.

O presidente do município dá particular relevo aos espetáculos de Aline Frazão, Selma Uamusse e Luca Argel, “artistas oriundos de Angola, Moçambique e Brasil, respetivamente”, bem como ao teatro “O descanso da tua voz”, onde é proposto “um encontro entre os atores e os espetadores”.

Em setembro, Ourém recebe ainda “Une histoire bizarre” (“Uma história bizarra”), espetáculo teatral com migrantes de oito países.

No cinema, o Festival de Setembro exibirá vários filmes, como “Great Yarmouth”, de João Canijo, ou o documentário “Je suis partout et nulle part à la fois” (“Estou em todos os lugares e em lugar nenhum ao mesmo tempo”), que levará a realizadora Amandine Desille até Ourém.

Luca Argel. Foto: MariaMatos©LuisMSerrao

Para Luís Albuquerque, a mais-valia fundamental do Festival de Setembro é “a participação efetiva da comunidade de Ourém”, que se envolve na “realização de espetáculos, dinamização de espaços de gastronomia e artesanato, cenografia do espaço público, partilha de testemunhos pessoais, intervenção em debates e conversas informais e, não menos importante, na fruição desta festa”.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Agência de Notícias de Portugal

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