Em devido tempo, escrevi um artigo no qual reiterei a minha animosidade contra a farândola hipócrita da quadra natalícia em geral e do inexistente pai Natal que se representa na figura de um ancião de barbas brancas, roupão benfiquista a guiar um trenó puxado por renas a deslizar na neve, presumivelmente na Lapónia.
Se na representação coreográfica da Natividade tenho o maior respeito pela Família da sagração da data, o rocambolesco figurão da comercialização do acontecido em Belém (Palestina) há quase 2022 anos agride-me, levando em linha de conta a memória engrossada anualmente do martírio de milhões de crianças às mãos de algozes de todas as cataduras expressas nos abusos praticados sobre os inocentes seres que tiveram a desdita ou azar de nascerem no local, dia e hora errado.
Só lembro as crianças e adolescentes objecto de sevícias repelentes, miseráveis e cruéis dos de maior idade, sem esquecer adultos, muitos dos quais envergando sotainas e símbolos de poder canónico, episcopal e cardinalício.
Se há milhares de membros da Igreja devotados a defender as meninas e os meninos? Há, e, quantos mais melhor, no entanto, não dissipam o meu pouco entusiasmo relativamente ao Natal, também muito por causa de dar alegrias a um Menino, outro Menino não recebia ósculos nessa noite de exaltação do aniversário do Menino-Deus seja onde for, com os Homens de boa vontade.
Aos leitores e todos quantos dão voz e corpo a este jornal votos de Boas-Festas.