'Os Bêbado' ou 'Festejando o S. Martinho', óleo sobre tela executado em 1907 pelo pintor naturalista José Malhoa (1855-1933). Foto: DR

Eis um termo que no âmbito da cozinha e das adegas perdeu força ganhando acuidade noutros campos. Uma mixórdia na cozinha significava (significa) uma misturada de restos de comida «envolvidos» em crostas e ou camadas de gordura que os mais carentes ou desfavorecidos comiam à falta de melhor.

Uma mixórdia de líquidos, especialmente de vinhos, é a tal misturada que consiste no escorropichar de garrafões, garrafas, pichéis, canecas e copos em que foi depositado vinho.

Esse escorropichar dá azo à tal mixórdia que era servida nas tabernas e locandas muitas vezes acrescentadas por zurrapas cujos efeitos só são (eram) sentidos e visíveis no dia seguinte com a boca a «saber a papel de música» e a cabeça a estalejar.

 Manda a prudência abstermo-nos de mixórdias de todo o género, forma e sentido!

Armando Fernandes

Armando Fernandes é um gastrónomo dedicado, estudioso das raízes culturais do que chega à nossa mesa. Já publicou vários livros sobre o tema e o seu "À Mesa em Mação", editado em 2014, ganhou o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica ("Prix de la Littérature Gastronomique"), atribuído em Paris.
Escreve no mediotejo.net aos domingos

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