O dia 23 de maio, após dois anos de interregno, voltou a trazer uma verdadeira “inundação” de boinas verdes ao Regimento de Paraquedistas, no polígono de Tancos (Vila Nova da Barquinha), a propósito do Dia da Unidade e do 66º aniversário do regimento.
Foram milhares os paraquedistas que se deslocaram de todas as zonas do país e de fora dele até à “Casa Mãe”, para, uma vez mais, reencontrarem velhos amigos, avivar memórias, e relembrar camaradas de armas.
Os primeiros a chegar já se encontravam no local desde sábado, mas foi na segunda-feira, dia 23 de maio, que chegou a grande enchente de paraquedistas à escola que lhes deu formação militar, uma boina e um lema para a vida: “Que nunca por vencidos se conheçam”, continuam a defender milhares de (ex) paraquedistas, passem os anos que passarem.
A azáfama foi grande desde o início da manhã com a chegada de dezenas de autocarros e centenas de carros, os quais se estenderam em filas de perder de vista.

Na cerimónia oficial, as bancadas não chegaram para acolher todos os presentes que quiseram assistir aos discursos, condecorações e homenagens numa cerimónia que contou com a presença da ministra da Defesa, Helena Carreiras, do Chefe de Estado Maior do Exército (CEME), general Nunes da Fonseca, e do Comandante do Regimento de Paraquedistas, Coronel Miguel Silva.
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A cerimónia, na qual se elogiaram as qualidades paraquedistas e o desempenho desta força tanto a nível nacional como quando destacada para o estrangeiro, teve um cunho particularmente emotivo uma vez que além da tradicional homenagem aos mortos, foram ainda homenageados Alexandra Serrano Rosa e Manuel Gonçalves, paraquedistas falecidos recentemente, pelo que a ministra Helena Carreiras afirmou que a morte destes militares “encarna aquilo que de mais profundo e valioso investe a condição militar: a total dedicação à missão, mesmo com o sacrifício da própria vida, em prol de um bem maior”.
“Todos queremos acreditar que saltaram do céu para o céu”, afirmou Nunes da Fonseca.

No final da sessão, Helena Carreiras, disse-se “muito impressionada” com a moldura humana presente no local, onde “estão todos unidos naquilo que é a missão desta tropa especial que tem prestigiado Portugal, que tem contribuído decisivamente para aquilo que é o prestígio do nosso país, prestígio das Forças Armadas Portuguesas, ao serviço de Portugal, nos mais variados contextos em território nacional e também nas nossas missões internacionais. O meu muito bem haja e o muito obrigado aos paraquedistas e ao Exército português pelo seu serviço à defesa de todos nós”, disse a ministra.
Mas grande parte da celebração deste dia acontece já fora do quartel, com um almoço recheado de memórias e petiscos dos militares e ex-militares vindos de todo o país e do estrangeiro. É entre sardinhas e febras assadas, enchidos, queijos, vinho, cerveja e demais petiscos, que os boinas verdes matam saudades de antigos camaradas e reavivam memórias adquiridas na escola que já formou mais de 46 mil paraquedistas (46.741) ao longo de 66 anos.
Em Tancos formaram-se já mais de 46 mil paraquedistas, em 66 anos.
Organizados por cursos, ou área de residência, foram assim vários os grupos que preencheram a zona adjacente à escola de tropas paraquedistas, numa festa que ajuda a reiterar a “mística paraquedista”. “Só isto é que nos move aqui a todos”, diz um boina verde ao nosso jornal, enquanto bate com a mão no peito que ostenta orgulhosamente o símbolo paraquedista.
José Carreira, de Santa Cruz (Torres Vedras), almoça tranquilamente em conjunto com Armindo Alexandrino. Embora o sol de faça sentir, não é por ele que usam a boina verde na cabeça. Carreira, que chamou casa à Escola de Tropas Paraquedistas durante cinco anos, assinala a “experiência de vida” que aí viveu, e a “saudade da camaradagem que é impagável”.
“A união dos paraquedistas é uma coisa que só quem cá esteve é que sente. É uma coisa inexplicável. Há um amor. Gosto de mulheres, mas isto é um amor incondicional”, diz com um sorriso emocionado e corroborado pelo do camarada Alexandrino que diz que volta todos os anos por ser esta a sua “Casa Mãe”, evidenciando o significado especial que este ano tem, devido aos dois anos de interregno vividos.
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Manuel António Marinheiro, de Chaves, “soldado paraquedista 311 de 68” – apresenta-se – dá uma resposta simples há questão porque, uma vez mais, veio até Tancos: “É uma família. Normalmente a família reúne-se no Natal, mas nós temos o dia 23 de maio para nos reunirmos e encontrarmos amigos”.
“Saltei de avião quando muita malta da minha idade ainda não tinha andado de comboio”, diz um companheiro de Manuel Marinheiro, que agarra na boina e diz firmemente: “isto ninguém no-la pode tirar, ganhámo-la nós. Quando saímos da tropa entregamos o fardamento todo menos a boina verde, que não somos obrigados a entregar porque ganhámo-la, é nossa e para a vida”, diz orgulhoso.
“Uma vez paraquedista é-se paraquedista até morrer, até para lá da morte”, conclui.
“É uma família. Normalmente a família reúne-se no Natal, mas nós temos o dia 23 de maio para nos reunirmos e encontrarmos amigos”.
Vindo da região serrana da beira baixa, mais propriamente da Covilhã, José Ramos da Silva traz na cabeça aquela que é já a sua terceira boina verde. Como enverga com orgulho a boina há trinta anos, até no seu dia a dia, já rompeu duas. Tendo combatido em Angola, na Guerra Colonial, deixamos José Ramos da Silva a trocar experiências com um camarada que esteve, por sua vez , em Moçambique.
As idades, as experiências e as vidas atuais são diferentes, mas a uni-los têm e terão sempre a boina verde e um espírito de união que dizem não ter comparação. O dia 23 de maio foi, uma vez mais, assinalado na sua casa mãe, assim como o será em todos os anos vindouros (sendo isso possível) por estes homens e mulheres que com orgulho gritam “que nunca por vencidos se conheçam”.
Parabéns pela divulgação desta data sagrada da família Paraquedista… Abraço para todos…!
Obrigado por esta divulgação, por dar conhecimento deste acontecimento tão especial que é para nós o dia 23 Maio boinas verdes QNPVSC.