Foto: Luís Belo

O MANOBRAS – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas arranca esta quinta-feira, dia 7, em 13 dos 15 concelhos associados da ARTEMREDE – Teatros Associados e entre eles encontram-se Abrantes, Alcanena e Tomar. A região do Médio Tejo vai receber 12 espetáculos a partir deste sábado e são mais de 20 as oportunidades que tem até 29 de outubro para participar na primeira edição do evento.

A Festa da Marioneta organizada pela ARTEMREDE – Teatros Associados evoluiu este ano para o MANOBRAS – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas e a primeira edição revela-se ambiciosa com propostas comunitárias, nacionais e internacionais. A arte de manobrar marionetas e objetos vai andar por perto até 29 de outubro e no Médio Tejo passa por Abrantes, Alcanena e Tomar.

Os três concelhos participam no festival no âmbito do projeto Outros Centros, apoiado pelo Programa Operacional Centro 2020, assim como Alcobaça, Pombal e Sobral de Monte Agraço, aos quais se juntam Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Santarém e Sesimbra. No total são 13 municípios que integram o programa composto por residências artísticas, uma oficina de artistas nacionais e criações de companhias nacionais e estrangeiras.

No mês de setembro, Abrantes recebe espetáculos nos dias 9, 25 e 30, Alcanena no dia 10 e Tomar nos dias 24 e 30. Os restantes chegam em outubro e realizam-se em Abrantes a 7, 14 e 28, em Alcanena a 3, 13, 14, 21, 22, 23 e 29 e em Tomar a 3, 5, 6 e 24. Apresentamos as 12 propostas (informação ARTEMREDE) que serão apresentadas em espaços públicos, monumentos e equipamentos culturais.

TRANSPORTADORES, da Companhia Radar 360º
Abrantes (Castelo Fortaleza) | 9 setembro | sábado | 22h00

Foto: Teresa Couto

Sinopse
Os transportadores são nómadas contemporâneos! Passageiros das suas próprias viagens, constroem narrativas abstratas a partir de percursos poéticos e efémeros. Pelo caminho vão encontrando e acumulando… O seu património é material e imaterial. Questionam o excesso, a carência, o desperdício, o alto consumo, a sociedade fabricada, a natureza bruta… a memória individual e a (in)consciência coletiva da sociedade contemporânea.
Passam uma noite, mas seguem viagem, numa deambulação contínua, resultante de uma necessidade compulsiva de avançar nesta mobilidade da utopia!

E_NXADA, da Companhia Erva Daninha
Alcanena (Jardim da República) | 10 setembro | domingo | 17h00

Foto: Pedro Figueiredo | Porto Lazer

Sinopse
Espetáculo de circo contemporâneo, E_nxada explora a experiência e o imaginário rurais a partir de um ponto de vista urbano. Partindo da ideia do trabalho original e primário – e do seu lugar no espaço urbano atual – o espetáculo centra-se num objeto que cava os tempos até hoje, a enxada, que é símbolo de trabalho, de ligação entre o passado e o presente, de repetição e equilíbrio comuns ao circo contemporâneo. Através da desconstrução da ideia dessa ferramenta, o espetáculo convoca o espírito da materialidade rural para um contexto urbano, cada vez mais tecnológico, imaterial e evanescente.

TUTU, da Companhia Lichtbende
Tomar (Cineteatro Paraíso) | 24 setembro | domingo | 16h00
Abrantes (Cineteatro S. Pedro) 25 setembro | segunda | 10h30

Foto: Christian Mitrea

Sinopse
Espetáculo contemporâneo de lanternas mágicas que nos leva até ao período entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Uma menina dança todos os estilos dessa época, desde o tango até ao sapateado, do vaudeville ao Ballet Bauhaus. A companhia holandesa Lichtbende vai deslumbrar-nos com este conto cheio de ritmo que inclui a projeção de lanternas mágicas num écran gigante. As imagens são criadas por manipulação manual e mecânica de objetos quotidianos de diferentes materiais. Músicos e manipuladores são visíveis ao público, enriquecendo esta grande experiência visual e este mundo secreto de imagens e sons.

COLECÇÃO DE COLECCIONADORES, de Raquel André
Tomar (Complexo Cultural da Levada) | 30 setembro | sábado | 21h30

Foto: Tiago de Jesus Brás

Sinopse
Colecionar colecionadores com os quais se cruza é a proposta de Raquel André. Refletindo acerca da memória que cada objeto transporta, Raquel André coleciona os próprios colecionadores, pedindo-lhes que lhe contem um segredo, que partilhem o que é ser colecionador, que se deixem colecionar.
Neste projeto, coleciona-se o outro e guarda-se o intangível.
Na sua passagem por cada cidade, Raquel aumenta a sua coleção de colecionadores, editando e acrescentando ao espetáculo exibido no próprio território os colecionadores anteriores e os que soma na própria cidade.

TRILOGIA LIVRE EM LAMBE LAMBE (Trilogia Libre en Lambe Lambe), da Companhia OANI
Abrantes (Praça Barão da Batalha) | 30 setembro | sábado | 11h00
Alcanena (Jardim da República) | 3 outubro | terça | 10h30
Tomar (Mata dos Sete Montes) | 5 outubro | quinta | 16h00

Foto: Marcela Bruna

Sinopse
O Teatro de Marionetas em Miniatura Lambe Lambe envolve o espetador numa experiência íntima e mágica. Desenvolve-se dentro de uma caixa cénica, onde a ação é testemunhada através de uma janela por apenas duas pessoas de cada vez. Dentro de três caixas cénicas mágicas, surgem três histórias diferentes: Lá Fora (Outside), Sabedoria (Wisdom) e Swing. Juntos, o marionetista e o público partilham o segredo do que veem em cada sessão.

A convite do Museu da Marioneta de Lisboa, no âmbito de ‘Passado e Presente – Lisboa, capital ibero-americana de Cultura de 2017’.

GEOMETRIAS DO DIÁLOGO (Les Géométries du Dialogue), da Companhia JUSCOMAMA
Tomar (espetáculo: Complexo Cultural da Levada + visita: Moagem A Portuguesa) | 3 outubro | terça | 11h00 / 12h00 / 15h00 / 16h00 / 17h00 / 18h00
Abrantes (Museu Metalúrgica Duarte Ferreira – Tramagal)* | 7 outubro | sábado | 10h30 / 12h00 / 15h00 / 16h30 / 18h00 / 19h30

*apresentação conjunta do espetáculo “Geometrias do Diálogo” e do filme “Ne pas Couper – Tramagal”, de António-Pedro, complementada por uma visita ao museu (transporte de autocarro disponível mediante pré-inscrição no Cineteatro S. Pedro)

Foto: Michael Duque

Sinopse do espetáculo
Geometrias do Diálogo (Les Géometries du Dialogue) coloca em cena duas figuras cujas cabeças estão dentro de uma caixa preta de cartão. Dialogam connosco: a imagem, o desenho e o gesto são as suas palavras. Duas marionetas desenham-se, apagam-se e partem à descoberta uma da outra. Aos poucos, os rostos transformam-se em pinturas ou paisagens. Evocação livre do cinema mudo, sem moral no fim, sem intervalo e sem palavras.

Foto: Ana Paula Silvestre

Sinopse do filme
Uma cine-carta para Eduardo Duarte Ferreira, nascido no Tramagal a 1856, terra que se viria a transformar profundamente pelo bater de asas deste homem-borboleta. Conta-se ao velho Eduardo, falecido em 1948, o que se passou entretanto na metalúrgica que fundou e na terra que o viu nascer. Como evoluiu aquilo que deixou, que caminhos tomou e como se encontra agora, no ano de 2017. Algumas personagens, atuais, posam debaixo do chapéu de chuva que era a sua imagem de marca: até onde terão ido as ondas do teu bater de asas, Eduardo?

CHIFLÓN, O SILÊNCIO DO CARVÃO (Chiflón, el silencio del carbón), da Companhia Silencio Blanco
Tomar (Cineteatro Paraíso) | 6 outubro | sexta | 21h30
Abrantes (Cineteatro S.Pedro) | 7 outubro | sábado | 21h30

Foto: Tommy Bay

Sinopse
A vida de um jovem mineiro toma um novo rumo ao ser expulso da mina onde trabalha. A única hipótese de continuar ligado à mesma empresa mineira depende da sua partida para o Chiflón del Diablo, um dos locais mais perigosos onde um mineiro pode trabalhar. Várias situações do quotidiano revelam as fragilidades das personagens, os seus atos heroicos e a dura e incondicional espera das mulheres, pautada pela incerteza do regresso dos seus maridos. Retrato de um período esquecido pela História, ou talvez enterrado no negro e profundo silêncio das minas de carvão.

A convite do Museu da Marioneta de Lisboa no âmbito de ‘Passado e Presente – Lisboa, capital ibero-americana de Cultura de 2017’.

MUSEU DA EXISTÊNCIA, da Companhia Amarelo Silvestre
Alcanena (Cine-Teatro São Pedro – Café Concerto)
| 13 outubro | sexta | 14h30 / 21h30
| 14 outubro | sábado | 16h00 / 21h30

Foto: Luís Belo

Sinopse
Um homem, Senhor Melo, decidiu construir um Museu com objetos que as pessoas fazem existir. Objetos com memórias vivas.

O chapéu salva-vida, o pão torrado que alimentou um amor clandestino, a aliança da revolução que acabou com a guerra, a boneca que não se pode partir e tantos outros.
É isso o Museu da Existência. Os objetos e as histórias são das pessoas que abriram a porta de casa ao Senhor Melo, um pouco por todo o país. Ele falou-lhes do Museu da Existência e elas decidiram fazer parte. Emprestaram e doaram as suas próprias memórias vivas. Os seus objetos. O futuro dos museus é dentro das nossas casas. Quem o diz é Orhan Pamuk, Prémio Nobel da Literatura 2006, autor do livro Museu da Inocência, que conta a história de Kemal, um homem que construiu um museu de objetos a partir do momento mais feliz da vida dele próprio: o Museu da Inocência, em Istambul, na Turquia. O Senhor Melo conheceu Kemal e decidiu construir o seu próprio museu de objetos, a partir dos momentos mais felizes da vida das pessoas. É isso o Museu da Existência. Uma casa. Em cada município, a coleção do Museu da Existência inclui também objetos emprestados de pessoas do município.

QUEIXA-TE, da Companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora
Abrantes (Cineteatro S. Pedro) | 14 outubro | sábado | 10h30
Alcanena (Cine-Teatro São Pedro) | 21 outubro | sábado | 21h30

Foto: Teatro e Marionetas de Mandrágora

Sinopse
D. Quixote está velho e cansado, mas a sua sede de aventura é infinita. Erguem-se muros que estão a separar o mundo e D. Quixote, que ainda não encontrou sua Dulcineia, quer destruir esses muros, não vá dar-se o caso de Dulcineia estar do outro lado do mundo. Precisará da ajuda de Sancho que, à procura da ilha para ser Governador, embarca nesta aventura. Cedo descobrem que os dois juntos são mais originais do que qualquer um dos dois sozinho…

O muro vai-se erguendo à sua passagem, e do outro lado está o caminho para a humanidade. Explorando por completo a riqueza imaginativa do texto original — os absurdos feitos, os enganos fantásticos, os encontros estranhos, as ilusões de D. Quixote e o comportamento bizarro do seu escudeiro e amigo Sancho Pança, esta criação mistura a sátira, o burlesco e fantasias surreais. Uma peça para duas atrizes e muitas marionetas.

CAIXA DAS HISTÓRIAS ENSARILHADAS, da Companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora
Abrantes (Cineteatro S. Pedro) | 14 outubro | sábado | 15h00
Alcanena (Cine-Teatro São Pedro) | 22 outubro | domingo | 15h00

Foto: Teatro e Marionetas de Mandrágora

Sinopse
O Teatro de Papel surgiu no séc. XVIII e serviu, desde sempre, como elemento de jogo teatral, de modo a permitir a narrativa de histórias através das suas figuras recortadas. Aqui parte-se de histórias para construir o teatro e as personagens, dando espaço à improvisação e à teatralização das mesmas. Cada participante constrói o seu teatro bem como um conjunto de figuras que, no final do atelier, poderá levar consigo para dar continuidade à exploração.

MÃOS AO ALTO! (Hands Up!), de Lejo (nome artístico do holandês Leo Petersen)
Alcanena (Cine-Teatro São Pedro) | 23 outubro | segunda | 10h30 / 15h30
Tomar (Cineteatro Paraíso) | 24 outubro | terça | 15h00
Abrantes (Centro Histórico) | 28 outubro | sábado | 11h00

Foto: Lejo

Sinopse
Mãos ao Alto! (Hands Up!) apresenta-nos várias personagens inusitadas como um cão com personalidade, um músico preguiçoso ou um pianista hiperativo, revelados numa série de pequenos sketches desvairados. A banda sonora do espetáculo vai da música clássica ao house numa mistura hilariante que embala o trabalho dos dedos de Lejo.

ASAS DE PAPEL, de Ainhoa Vidal
Alcanena (Cine-Teatro São Pedro) | 29 outubro | domingo | s/ info

Foto: Vitorino Coragem | Nheko

Sinopse
Quando abrimos um livro há algo mais do que letras que nos salta aos olhos. Essas coisas entram para dentro de nós e começam a construir caminhos, relações, diálogos que são cenografados pelas folhas de papel. Asas de papel é um espetáculo poético sobre o espaço cenográfico que salta para fora dos livros. Trata-se de esculturas dentro de livros suspensos, que projetados em sombra, nos ajudam a entrar numa cena em que todos seremos os protagonistas.

Pela mão e corpo da bailarina Ainhoa Vidal saltamos para dentro dessas histórias enquanto compreendemos que a viagem que fazemos pelo imaginário é uma coisa real e paralela à nossa vida. Um espetáculo dedicado ao papel – papel que nos faz voar, desta vez no palco do imaginário.

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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