Início do encontro que marcou o campeonato distrital de futsal. O presidente da Câmara veio hoje a publico defender o Mação FC. Foto: mediotejo.net

O Mação FC diz que “todos os regulamentos foram cumpridos” e reivindica o título de campeão distrital de futsal, e o presidente da Câmara local, Vasco Estrela, veio hoje defender o bom nome do clube e das gentes do concelho, criticando declarações do responsável máximo do futebol distrital, que imputa responsabilidades ao Mação FC pela vitória por 60-0 sobre o Benavente. A Associação de Futebol de Santarém aponta a “factos que determinaram resultado inconcebível para um normal jogo de futsal” e afirma que, levando em conta “a informação e denúncia disciplinar” pelo seu membro presente em Mação, enviou participação disciplinar ao Conselho de Disciplina e denunciou caso ao Ministério Público, não homologando o resultado.

Recorde-se que a direção da Associação de Futebol de Santarém decidiu, na segunda-feira, após reunião, “não proceder à homologação do resultado verificado» no jogo entre o Mação e o Benavente, que terminou com vitória de 60-0 para a equipa da casa, e “não homologar o resultado da prova”, ou seja, a consequente conquista do título distrital de futsal pelo Mação FC. O resultado, insólito, deve-se ao facto do Benavente FC se ter apresentado na quadra apenas com três jogadores, tendo a equipa da casa aproveitado para golear e passar o Vitória de Santarém pelo melhor coeficiente de golos marcados e sofridos.

A situação e o resultado de 60-0 gerou celeuma e muitos comentários na redes sociais e tem merecido destaque nos orgãos de comunicação social regional e nacional, com as únicas declarações no pavilhão a serem prestadas ao mediotejo.net pelo treinador do Mação FC, após a vitória e a conquista do título, sendo o único jornal presente no local. Todos os demais intervenientes, desde o presidente da Câmara de Santarém, ao Vitória de Santarém (que tinha 33 golos de vantagem), Benavente FC, Mação FC e Associação de Futebol de Santarém reagiram através de comunicados, e só faltava o presidente da Câmara de Maçã pronunciar-se, o que hoje fez, e em reação a declarações de Francisco Jerónimo à rádio Hertz, onde o dirigente a lançar suspeitas sobre o clube maçaense pelo facto de ter camisolas de campeão prontas a vestir depois do jogo, situação que o clube já havia explicado, em comunicado. Também o Benavente, em comunicado, afirmou ter informado a Associação que só teria três jogadores para se apresentar a este jogo.

Há muito por explicar e a polémica está instalada, com a época definitivamente manchada, numa situação em que ninguém sai bem na fotografia. Recuperamos as declarações dos vários intervenientes ao longo do processo e publicamos a posição de Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, em comunicado hoje divulgado, e em que critica a postura do responsável máximo da Associação de Futebol de Santarém, que, citamos, “horas antes de anunciar as participações decididas, já dizia de sua sentença aos microfones de uma rádio, condenando em particular o MFC”.

COMUNICADO VASCO ESTRELA, PRESIDENTE CM MAÇÃO:

“Passado algum tempo sobre o jogo do passado sábado entendo, a título meramente pessoal mas não esquecendo as funções que desempenho, dizer o seguinte: O comunicado do Mação Futebol Clube ( MFC ) é, pelo que me foi transmitido, factual e, assim, elucidativo.

Tenho assistido, com imensa revolta e tristeza, às ofensas que têm sido dirigidas à população deste Concelho e, em particular, aos jogadores e dirigentes do MFC. Nada, mas mesmo nada, justifica aquelas ofensas, gratuitas, de que foram/fomos alvo. Mesmo que, por absurdo, fossem “culpados” de algo, teriam a minha solidariedade, mais não fosse pela repulsa que merecem aqueles que se deleitam a destratar quem não conhecem, bem como toda a realidade dos factos.

Dito isto, e no que diz respeito em concreto ao sucedido e factos posteriormente ocorridos, importa ter em consideração as posições públicas assumidas e comunicados emitidos.  Há, na verdade, muito por apurar nos procedimentos já anunciados, nomeadamente pela inação da entidade que organiza o campeonato, isto de acordo com o comunicado do Benavente.

O que desde as primeiras horas parece evidente é uma certa “tendência” de responsabilização relativamente ao sucedido, por parte de responsáveis políticos e associativos. Será, seguramente, uma coincidência! De Pessoas que exercem cargos de responsabilidade, não se espera que concertem argumentos.

Menos coincidente, por ser demasiado evidente, são as declarações do responsável máximo da Associação de Futebol de Santarém (AFS) que, horas antes de anunciar as participações decididas, já dizia de sua sentença aos microfones de uma rádio, condenando em particular o MFC.

Pedia-se, pelo menos, um pouco mais de discrição, sob pena de Alguém pensar que está a querer condicionar um Órgão independente da Associação. Não é seguramente o caso, mas pode dar azo a essa interpretação, desrespeitando os membros daquele órgão.

Aliás, deve-se perguntar: aquilo que aconteceu foi uma surpresa para a AFS? Talvez não…

Relativamente à tão propalada ética, assumo o desconforto com o caso em concreto, como qualquer cidadão assumirá. Contudo, seria bom que muitos, em particular na AFS, fizessem uma análise daquilo que em várias ocasiões tem ocorrido em jogos de vários campeonatos distritais.

Não quero justificar o que aconteceu com acontecimentos passados, até porque não dizem respeito à minha Terra e nada tenho a ver com o assunto, mas a vergonha que dizem sentir agora não a sentiram em 2018? E quanto a “humilhar jovens”, querem recordar outubro de 2022? Aí não foram jovens, foram crianças…

Em Mação estamos habituados a dar a cara e a sermos responsáveis pelos nossos actos e a arcar com as consequências dos mesmos. O MFC seguramente saberá assumir as suas. Que outros tenham a mesma postura! É o mínimo que se exige!

Somos, nesta Terra e neste Concelho, merecedores de respeito e aquilo que desde sábado nos têm feito é reprovável, ofendendo toda uma população! Só se dá ao respeito quem respeita o outro! E lições de ética a vários níveis nem todos/as as podem dar!

Sabemos bem que fomos uns intrusos, causadores de incómodos contra a “normalidade” prevista. Temos consciência, porque o sofremos na pele, do que é ser periférico relativamente aos poderes, à capital de Distrito, da qual nos orgulhamos de pertencer.

Faço votos, e tudo farei para que isso não aconteça, que Santarém não sofra da sua periferia e do afastamento aos centros de decisão, aquando da escolha no novo aeroporto. Basta ouvir algumas declarações para se perceber como é vista esta solução. Mal comparado, é como muitas vezes nos sentimos.

Termino apelando à serenidade e ao bom senso de Todos, em particular dos Maçaenses e dos que gostam do nosso Concelho. Que possamos demonstrar a nossa elevação, respeitando os outros, sem NUNCA abdicarmos de defender o nosso bom nome!”, conclui.

O Mação FC, que se apresentou com a equipa completa, diz que cumpriu os regulamentos e reivindica o título de campeão. Foto: mediotejo.net

ASSOCIAÇÃO NÃO HOMOLOGA 60-0 E CASO CHEGA AO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Associação de Futebol (AF) de Santarém, em comunicado, deu conta na segunda-feira de uma participação ao Ministério Público pelo sucedido no jogo da última jornada do campeonato de futsal entre o Mação FC e o Benavente FC, mais informando que decidiu não homologar o resultado de 60-0 e que daria ao Mação o título de campeão. O Mação, também em comunicado, disse que a sua honra não pode ser beliscada e reclama a validação do resultado e do título de campeão, tendo afirmado que todos os regulamentos foram cumpridos.

Pela importância da decisão e teor da informação, transcrevemos na íntegra os dois comunicados, começando pelo comunicado público da direção da AF Santarém, emitido segunda-feira, dia 8 de maio.

DECISÃO DA DIREÇÃO DA AF SANTARÉM:

“Campeonato Distrital Futsal Seniores Masculinos

Jogo nº 501.00.130.0 – Mação FC x Benavente FC (a contar para a última jornada da prova)

1. Ontem, através de Comunicado – publicado no site oficial da AF Santarém -, Direção da Associação de Futebol de Santarém manifestou publicamente o seu impressivo desagrado quanto ao ocorrido no jogo em referência.

É tempo, agora, perante essa situação, de agir jogando mão dos meios legais e regulamentares que se encontram ao seu dispor, com vista a repor o bom nome das competições desportivas que organiza e dos valores do desporto.

2. Assim sendo, decidiu a Direção da Associação de Futebol de Santarém, na sua reunião de hoje, 8 de maio de 2023:

a) Não proceder à homologação do resultado verificado;

b) Não homologar o resultado da prova.

3. Por outro lado, paralelamente, atentos os factos que determinaram o alcançar de um resultado inconcebível para um normal jogo de futsal, e levando ainda em linha de conta a informação e denúncia disciplinar adiantadas pelo membro da Direção desta associação presente no jogo e do qual se viu, perante o que assistiu, forçado a abandonar o recinto, a Direção da Associação de Futebol de Santarém, decidiu enviar participação disciplinar ao órgão competente, ou seja, ao Conselho de Disciplina da AF Santarém.

Mais entendeu solicitar ao órgão a maior celeridade nas decisões que o mesmo tenha por conveniente, requerendo que o procedimento disciplinar seja, por aquele órgão, qualificado de urgente.

4. Nos termos do artigo 6º do Regulamento Disciplinar, a AF Santarém tem o dever de comunicação ao Ministério Público a eventual ocorrência da infração que possa revestir natureza e motivação criminal ou contraordenacional.

Os factos e as circunstâncias em que os mesmos se verificaram, representam, na opinião desta Direcção, indícios de eventuais práticas de crimes, atenta a disciplina consagrada na Lei n.º 50/2007 de 31 de agosto, que veio estabelecer um novo regime de responsabilidade penal por comportamentos suscetíveis de afetar a verdade, a lealdade e a correção da competição e do seu resultado na atividade desportiva.

5. Com esta pronta reação, na busca de responsabilidades, disciplinares e criminais, a Direção da Associação de Futebol de Santarém espera contribuir para o alcançar de uma resposta, igualmente pronta e eficaz, a factos que a todos os desportistas não podem ficar alheios”, conclui.

Mação Futebol Cube rejeita acusações e defende homologação da prova

Em comunicado emitido também esta segunda-feira, a direção do Mação Futebol Clube veio dar conta da sua posição pública sobre os factos do ocorrido no jogo de sábado, e que também transcrevemos na íntegra.

ESCLARECIMENTO DO MAÇÃO FC:

“O Mação Futebol Clube vem, por este meio, prestar os devidos esclarecimentos sobre os factos ocorridos no passado dia 6 de Maio.

Para aqueles que agora comentam o acontecimento do jogo Mação FC contra o Benavente FCA, damos a conhecer alguns factos: o Mação FC fez os primeiros 4 meses de época em casa emprestada, desde treinar em Gavião, jogar em Vila de Rei, sempre com a “casa às costas”, sendo um esforço enorme para um Clube com 2 épocas de reativação.

Apesar destas adversidades, conseguiu chegar à última jornada em igualdade pontual com o Vitória CS, com todo o mérito e esforço de um grupo de jogadores incansáveis, estando, por isso, tudo em aberto para a última jornada em termos classificativos.

Para aqueles que acham que ter camisolas de campeão prontas é uma indicação de algo menos ético, nas últimas 5 épocas, em 10 jogos realizados entre as duas equipas, o Vitória CS contava com 2 vitórias e 8 derrotas perante o GRUDER. Perante este facto, quem achar que isto não seria suficiente para ter camisolas prontas, é porque saberia que a vitória em Santarém era garantida para o VCS.

A proximidade de AFS e Vitória CS é normal que exista, pois é muito meritório o trabalho desenvolvido, ao longo dos anos, pelo VCS na formação e reconhecido por todos a nível regional e nacional. Contudo, não dá o direito a que honra do Mação FC seja posta em causa desta forma!

As acusações de que o Mação FC está a ser alvo são graves e o Clube não as irá deixar passar em claro, sem as devidas diligências legais.

Sabendo a AFS das condicionantes do BFCA apresentadas na véspera do jogo e estando nomeado um representante da mesma no Pavilhão, devia ter sido a AFS a primeira a tentar encontrar uma solução ética para a resolução do problema, pois o Mação FC sempre mostrou abertura para jogar noutra data ou horário, devendo a AFS fazer uma reflexão sobre casos idênticos que ocorrem nos mais diversos campeonatos organizados pela mesma e que não têm o mesmo tratamento.

Para aqueles que agora colocam a nossa ética em causa, será que resultados de 34 a 0 (zero) num jogo de infantis são éticos e respeitam os valores da formação?

Perante os factos e sabendo o Mação FC que a tradição seria o Campeão Distrital ser designado pela AFS para disputar a Taça Nacional e sabendo que o Mação FC não está em condições de poder participar em Campeonatos Nacionais na próxima época, entende este Clube, para bem do futsal distrital, que deverá ser indicado o VCS para representar o distrito na Taça Nacional.

No entanto, a homologação dos resultados deve ser feita pela AFS, tendo em conta que todos os regulamentos foram cumpridos no jogo do dia 6 de Maio, que resultaram com o Mação FC campeão.

O Mação FC está e estará sempre disponível para o apuramento de toda a verdade, pois o bom nome do Clube não pode ser colocado em causa por algo que lhe é completamente alheio.

Face ao exposto, o Mação FC estará atento e não hesitará em atuar judicialmente contra aqueles que coloquem o bom nome da instituição em causa”, conclui.

Benavente dá a sua versão dos factos para os 60-0 em Mação

O Benavente Futsal Clube Associação (BFCA), que perdeu no sábado por 60-0 com o Mação, explica, em comunicado publicado hoje, segunda-feira, a sua versão dos acontecimentos e de um resultado insólito que viria a dar o título de campeão distrital ao Mação. Pelo menos no plano teórico, uma vez que a Associação de Santarém instaurou um inquérito e suspendeu a homologação do resultado e do campeonato até apurar os resultados da investigação em curso.

O Benavente afirmou hoje, em comunicado, que informou a Associação de Futebol de Santarém de que não teria jogadores disponíveis para o jogo em questão e que não terá tido resposta ao e-mail. O jogo decorreu, ainda assim, com o Benavente a ter apenas três atletas no terreno de jogo. O clube de Benavente diz ainda que houve uma alteração ao horário do desafio e que, por isso, não teria o número normal de jogadores disponíveis para ir a jogo. Então, questionou a AFS sobre as consequências de não comparecer no jogo e a organização remeteu para os “valores de multas que constam no artigo 49º”.

Pela importância do tema transcrevemos o comunicado do Benavente na íntegra:

“O BFCA vem por este meio fazer um esclarecimento à população acerca dos acontecimentos após o resultado do jogo contra o Mação que se realizou no dia 6 de maio, Na terça feira, 2 de Maio foi comunicado pela AFS a alteração ao horário do jogo. O BFCA neste dia mesmo respondeu que por motivos de falta de jogadores teria dificuldade em comparecer ao mesmo.

Ainda na sequência deste tema o BFCA questionou a AFS quais as implicações de uma falta de comparência, a AFS respondeu apresentando os vários valores de multas que constam no artigo 49. No dia 5 de maio pelas 11.00h o BFCA enviou um email para a AFS comunicando que tinha apenas 3 jogadores disponíveis para o jogo de dia 6 de maio. O BFCA nunca obteve resposta a este email.

O BFCA apresentou se ao jogo com os 3 jogadores como tinha sido comunicado  à AFS, sendo que no decorrer do jogo o treinador se dirigiu à equipa de arbitragem solicitando que a outra equipa jogasse apenas com 3 jogadores. Tal facto foi negado pela equipa de arbitragem alegando que não tinham poder para o fazer ficando essa decisão ao critério da equipa adversária.

Fomos informados pela AFS que irá decorrer um inquérito acerca do resultado do jogo. Logo, durante este processo o BFCA não deverá prestar mais esclarecimentos acerca do facto da falta de jogadores do plantel e aos motivos da sua ausência.

Muita coisa tem sido dita nas redes sociais e na comunicação social mas nem tudo corresponde a verdade. Muito obrigado aos 3 atletas que compareceram ao jogo e que passaram por esta difícil situação que foi presenciada no pavilhão pelo vice presidente da AFS , o sr. Jorge Heleno que assistiu a parte do jogo e que deixou que este decorresse normalmente.

Resta pedir desculpa à população de Benavente pelo facto do bom nome desta terra estar a ser associado a toda esta situação”, conclui.

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Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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