No exterior a música anunciava a animação que se vivia lá dentro e a intuição não nos enganou. Com temperaturas a fazerem lembrar verão, foram muitos os que se dirigiram na tarde de domingo, 22 de abril, à Associação de Melhoramentos Cultura e Recreio de Dornes, em Ferreira do Zêzere, para assistirem ao 6º Encontro de Concertinistas.
Num ambiente muito animado, eram muitos os que aproveitavam para dar um pezinho de dança ao som das concertinas. No bar, não havia mãos a medir para tantas solicitações. Junto ao palco, era possível ver em exposição alguns exemplares deste instrumento tradicional.

A iniciativa organizada pela AMCR de Dornes fez passar pelo palco o grupo da associação com os grupos convidados “Foles e Cantorias” Santa Clara (Coimbra), “Os Amigos da Paródia” (Coimbra), “Aldeia do Baça” (Alcobaça), da Casa do Benfica de Vila de Rei e “Gaitas do Vouga” (Águeda).
O presidente da AMCR de Dornes, Armindo Teixeira, disse ao mediotejo.net que a Associação de Dornes tem a funcionar, já há alguns anos, uma Escola de concertinistas no qual funcionam três turmas em várias fases de evolução, existindo ainda um grupo de concertinistas que faz a animação de festas e romarias.
“Estão aqui cinco grupos e o da casa. Vamos procurando mudar os grupos de ano para ano. Os objetivos são mesmo a animação. Temos lá dentro pessoas dos 8 aos 80, a dançar e a pular e é isso que se pretende numa tarde como esta”, disse.

Márcio Cabral, professor na Escola de Concertinistas da AMCR de Dornes, explicou que a concertina tem a sua relativa dificuldade e o grande segredo é o tempo que se dedica a praticar.
“Comparativamente a outros instrumentos pode ser mais fácil ou mais difícil. Não podemos dizer que seja fácil ou difícil. Depende da destreza de cada um e do tempo que se dedica a essa aprendizagem”, disse o professor que tem formação específica em acordeão. “Não existe nenhuma formação credenciada a nível de concertina sendo que até é difícil ser considerado como instrumento tradicional. Tentei aliar os conhecimentos que tinha do acordeão e desenvolvi um método que me parece bastante completo para a aprendizagem deste instrumento”, disse Márcio Cabral, anunciando que as inscrições estão abertas durante todo o ano.
“O ensino não se faz de forma individual e assim que houver um número mínimo de alunos, as aulas começam”, explicou.

Celestino Pinho veio de Águeda, sendo a primeira vez que está em Dornes. Integra um grupo folclórico, onde toca. Autodidata, refere que aprendeu a tocar sem sequer saber onde estava o Dó ou o Ré.
O vereador Hélio Antunes disse ao mediotejo.net que este tipo de iniciativas serve para dinamizar a vida das freguesias.
“Este tipo de grupo tem sido uma aposta da Câmara, que tem vindo a contribuir algum apoio a este tipo de grupos. Esta é uma forma de termos animação descentralizada pelas freguesias e da população ter um contacto mais direto com este tipo de cultura popular que é muito importante para o ambiente comunitário”, disse. “Temos um programa anual de associativismo que contribuiu para o funcionamento destes grupos, onde se incluiu a Escola de Concertinistas de Dornes”, disse.