Bife Angus com molho de ervas. Foto: DR

A minha tendência (que espero não perder) leva-me fazer perguntas inopinadas, muitas vezes a suscitarem interrogações, crispações e vivazes irritações. Imaginem uma refeição tida como de explicitação de harmonização de beberes e comeres quando interrogo o Chef sobre quais as ervas contidas em determinado preparo culinário em virtude de na carta aparecer a denominação genérica – ervas – porém não as enumerava.

A pergunta poderá ter sido entendida como provocatória, não era e não é. Com efeito, no universo das ervas aromáticas da horta em cozinha são: armola, alface, espinafre, azedas, acelgas e beldroegas. Estas ervas empregam-se em caldos, sopas, saladas e guarnições muito ao gosto de quem as prepara.

As ervas de temperar que muitas cozinheiras chamam cheiros são constituídas por: manjericão, segurelha, rosmaninho, louro e tomilho muitas vezes apresentadas moídas e misturadas.

Há séculos os vegetais davam e dão substância alimentar às classes mais desfavorecidas para quais a carne e o peixe (especialmente no interior) só eram motivo de satisfação palatal nos dias nomeados e de festa.

As plantas e as ervas, passada a euforia da carniça em pitanças de untar a barbela, vêm conhecendo pujante importância na nossa saúde em virtude de potenciarem modos de vida mais sãos e, logicamente, menos dispendiosos aos sistemas de saúde e sanitários.

A moda é comer verde como se todos fossemos adeptos do Sporting. Para lá da chalaça de panela ao lume, os vegetais são essenciais às dietas de todos. Como era de esperar o Chef não se mostrou prazenteiro com as referências culinárias que aduzi, fechou a viseira até ao fim do repasto (termo que não me é simpático), porém, quando a tigela entorna a toalha é que as paga.

Como diria o célebre Malhadinhas: «mas quem te manda a ti Zé Tompete meter-se onde ninguém se mete!»

Armando Fernandes

Armando Fernandes é um gastrónomo dedicado, estudioso das raízes culturais do que chega à nossa mesa. Já publicou vários livros sobre o tema e o seu "À Mesa em Mação", editado em 2014, ganhou o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica ("Prix de la Littérature Gastronomique"), atribuído em Paris.
Escreve no mediotejo.net aos domingos

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