Oposição chumbou proposta de construção de 64 apartamentos de habitação social. Foto: mediotejo.net

O projeto da construção de 120 fogos de habitação social de custos controlados, surgiu na sequência da aprovação da Estratégia Local da Habitação, aprovada por unanimidade, em setembro de 2021. Após mais de um ano, foram aprovados por maioria, a 30 de novembro de 2022, com os votos contra dos três eleitos do PSD, os projetos de arquitetura das construções. Agora a oposição, com o vereador Luís Forinho a juntar-se ao PSD, chumbou em bloco a proposta, já depois de investimento em projetos e de submissão de candidatura ao PRR.

Foi na terça-feira, dia 21 de março, que a proposta da construção de 64 apartamentos foi apresentada a votação, sendo esta a primeira fase do plano de Estratégia Local de Habitação do Entroncamento. A oposição uniu-se e a proposta foi chumbada, mesmo após o presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, Jorge Faria (PS), informar que foi feita uma candidatura para financiamento de 100% do valor, através do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência.

“Foi questionada um pequena verba de 280 mil euros, neste volume global de 8 milhões e 285 mil euros, mas que nós já esclarecemos e por isso pensamos que brevemente teremos a confirmação da aprovação do financiamento a 100% do valor do investimento”, disse Jorge Faria.

O Bairro Frederico Ulrich, no Entroncamento, estava previsto ser demolido de forma faseada no âmbito da Estratégia Local de Habitação. Foto arquivo: CME

Luis Forinho, eleito pelo Chega e atual vereador independente, criticou o preço por m2 das habitações, qualificando o orçamento de “extremamente caro para o que se vai construir” e a qualidade dos materiais das mesmas, que classificou como de média qualidade.

Recordou ainda o valor das 166 rendas das habitações sociais existentes no Entroncamento, tendo apontado ao “tipo de pessoas” que estão a usufruir desses imóveis.

“Temos pessoas que estão imigradas na Suíça e tem os imóveis para virem cá passar férias, temos cidadãos que vivem naqueles apartamentos pagos pelo erário público e que se gabam que já vão no segundo carro novo, e se olharmos para quem reside nessas casas, que nós chamamos de sociais, muitas delas tem carros de topo de gama à porta e que aproveitam as brechas dos sistemas para tirarem daí mais valia”, afirmou Forinho.

Luís Forinho, vereador independente da Câmara Municipal do Entroncamento

Jorge Faria contrariou o vereador Luís Forinho, afirmando que este tem de ser “mais rigoroso e mais responsável nas suas críticas”.

O presidente disse que os apartamentos que vão ser construídos são da tipologia t2 ou t3, tendo áreas com média de 110 m2, respondendo aos dados que o atual vereador independente falou, e que referiu casas com cerca de 50/60 m2.

Em relação à qualidade dos materiais, segundo Faria, “estão a ser cumpridas todas as regras comunitárias nesta matéria, sendo que uma das exigências dessas regras é que os apartamentos tenham condições de isolamento térmico e acústico de primeiro nível, melhor que o da minha casa”, realçou Jorge Faria.

Rui Gonçalves, deputado do PSD fez a declaração do voto do seu partido, afirmando que não são contra a habitação social, mas sim “contra a construção de habitação social nestes moldes, na perpetuação da construção de guetos, que em nada beneficiam as pessoas que dela tiram partido, nem a restante população do Entroncamento”, apelando a um “estudo sociológico” da população da cidade.

Rui Gonçalves, deputado do PSD, da Câmara Municipal do Entroncamento

O presidente da Câmara lamentou a decisão da oposição afirmando que o Entroncamento é “dos poucos municípios fora dos grandes centros urbanos que está a conseguir realizar este objetivo”, tendo feito notar que “esta decisão vai levar a que o município deixe de poder beneficiar de um financiamento de 8 milhões e 285 mil euros”.

“Era preferível que tivessem tomado esta atitude em 30 de novembro, porque assim evitava ter-se gastado umas largas dezenas milhares de euros na realização dos estudos e projetos de especialidade”, afirmou.

Jorge Faria, Presidente da Câmara Municipal do Entroncamento

Esta seria a primeira fase de um projeto que pretende realojar no total cerca de 120 famílias da cidade do Entroncamento – 86 realojadas provenientes do Bairro Frederico Ulrich e 34 que efetuaram pedidos de habitação social. As casas no Bairro Frederico Ulrich, após vazias, seriam objeto de demolição, pela falta de condições.

A degradação das casas no Bairro Frederico Ulrich são notórias. Foto arquivo: CM Entroncamento

* Notícia atualizada e republicada a 28 de março retificando a votação de 30 de novembro de 2022. O tópico não foi aprovado, naquele dia, por unanimidade, como o mediotejo.net, erradamente, referiu, mas sim por maioria, com três votos contra dos eleitos do PSD.

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Diana Serra Garcia

Natural de Vila Nova da Barquinha, tem 25 anos e licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior.

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2 Comentários

  1. Apesar de desconhecer o processo, ao ler a notícia só posso ficar de cabelos em pé. O projeto de habilitação social foi aprovado para financiamento externo, obviamente que é uma oportunidade única para a cidade. Quanto à distribuição das casas, o que oposição deveria fazer era assegurar que seria para candidatos legíveis baseado em critérios muito rigorosos com claúsulas preestabelecidas e aprovadas em AG. País pobre e medíocre e vai continuar pobre e medíocre até vir um alemão ou norueguês a comandar este cantinho à beira mar plantado!

  2. Quando se interessam em diminuir o IMI aos residentes no Entroncamento?! Muitos investiram as suas economias construindo ou adquirindo a sua própria residência…..

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