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Nas artes culinárias o termo enfarinhar significa polvilhar, envolver, tender, utilizar o resultado da moagem de cereais – farinha – para cozinha toda a casta de produtos de forma a os tornar mais sedosos, flexíveis, sápidos, bem como modos de esses mesmos produtos que sobrem das refeições possam ser recuperados já que as sobras não se podem (devem) desperdiçar, dentro da sábia política de fazer fortunas com aquilo que se poupa, o que se ganha gasta-se num ápice.

Se há excepções? Há. Chorudas, milionárias, obtidas através da porta do cavalo de rédea dissipadora dos dinheiros dos contribuintes como informam as gazetas de papel e tecnológicas.

Se a Mestra quiser tender a massa destinada à doçaria da festa dos reis enfarinha-a, se pretender fritar peixes delicados asperge farinha sobre o tabuleiro no qual os mesmos vão repousar, da mesma forma procede caso entenda saltear finos escalopes de vitela.

Em suma: os exemplos acima apontados visam enaltecer e aproveitar alimentos de múltiplas espécies e categorias que compramos fruto do trabalho das pessoas alheias a esquemas reprováveis em sociedades democratas e transparentes.

Que 2023 seja sinal e exemplo de muita saúde, paz e ampla prosperidade para os leitores sem esquecer o timoneiro Mário Rui.

Armando Fernandes é um gastrónomo dedicado, estudioso das raízes culturais do que chega à nossa mesa. Já publicou vários livros sobre o tema e o seu "À Mesa em Mação", editado em 2014, ganhou o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica ("Prix de la Littérature Gastronomique"), atribuído em Paris.
Escreve no mediotejo.net aos domingos

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