É o mês de Dezembro, período de muitos e muitos embrulhos, alguns até dispensáveis. No entanto, não escrevo relativamente aos embrulhos de presentes sinceros e hipócritas da quadra natalícia, refiro-me ao acto de embrulhar peças (carnes, peixes grandes, cogumelos gigantes) a fim de a sua cozedura ficar mais apurada.
Recordo (saudades para a Dona Delfina) o modo desenvolto, bem calculado como ela, a saudosa avó materna, agarrava as tenazes de forma desenvolta a abrir o borralho de lenha seca de carvalho de modo a folha de couve em que embrulhava perdizes, pombos, salpicões e azedos (enchido de pão e pitanças de porco acabado de morrer na sua matança agregadora da parentela, mesmo da mais distante, para satisfazermos a gulosa vontade de salivar ansiosamente os recheios de tais embrulhos). Pois embrulhar culinariamente conforme as boas regras da escolha do material de embrulho, da temperatura branda, lenta e uniforme do seu conteúdo.
As Mestras cozinheiras sabem muito bem que o envolvimento das peças de carne ou dos peixes varia conforme a sua natureza, os couratos de porco, ou um pano para peças muito grandes, um caldo destinado a apurar a cozedura do cherne, robalo, dourada, etc.
Também a composição dos patés se coloca em formas para os embrulhar no forno.
Bem sei, proliferam elementos constitutivos de materiais de embrulho, prefiro relembrar lenha, cinzas, borralho, folhas de couve e similares pois Dezembro é… oh tempo volta para trás, cantava o falecido António Mourão. Lembrem-se…