Escola Básica e Secundária Luís de Camões, Constância. Foto: Ana Rita Cristóvão | mediotejo.net

A Escola de Constância está em risco de não abrir uma única turma de 10º ano no próximo ano letivo. Até ao momento existiam somente 8 e 7 matriculas para o ensino regular e profissional no 10º ano, sendo 15 o número mínimo para a constituição de uma turma. A possibilidade foi discutida na última reunião de Câmara, após a vereadora da CDU, Manuela Arsénio, pedir informações sobre o assunto.

Agora, em comunicado, a CDU de Constância aponta o dedo ao executivo de maioria socialista dizendo que “algo vai mal na gestão concelhia” por conta de decisões que atribui ao executivo do PS, nomeadamente a suspensão dos apoios aos transportes a alunos de outros concelhos.

Embora esteja em causa, no momento, a inexistência de 10º ano na Escola Luís de Camões no próximo ano letivo, a CDU refere “a perspetiva de perda do ensino secundário” considerando “um revés demasiado forte para o desenvolvimento sócio/económico do concelho”.

Acrescenta que “vários foram os alertas da CDU, no ano 2018, quando o atual executivo municipal do Partido Socialista decidiu, de forma unilateral, demagógica e populista, suspender os apoios aos transportes a alunos vindos de aldeias vizinhas pertencentes a outros concelhos, com o argumento de que os alunos ‘vinham para Constância devido à qualidade do ensino e não pelos incentivos dados ao transporte'”.

A CDU critica “a forma atabalhoada como agora o Município tenta controlar os danos” dizendo “não deixar de ser no mínimo surpreendente e demonstrativa da inexperiência e do caos que grassa na gestão municipal”.

Refere a realização de “uma reunião na escola onde estiveram presentes os encarregados de educação e informar que o Município iria assumir o pagamento de 100 euros anuais a cada aluno que se mantivesse no secundário, não deixa de ser uma medida original e desesperada na tentativa de ‘compra’ de alunos”, lê-se no mesmo comunicado.

E aponta outras medidas que a CDU afirma terem sido propostas aos encarregados de educação e reafirmadas em reunião de Câmara como “majorar em 10% as bolsas de estudo do ensino superior que tenham feito o secundário em Constância, voltar ao pagamento dos passes a todos os alunos do concelho e fora dele e passar a realizar a viagem de estudo do 12º ano em vez do 9º ano como atualmente”.

Para a CDU “a educação, tal como todas as outras áreas da gestão municipal, exigem medidas estruturantes e integradas e não podem viver de amadorismos. É pois, preciso saber as razões efetivas e concretas que levaram os encarregados de educação a transferir os seus educandos. Sabe-se que, apenas cinco dos onze alunos que terminaram o 4º ano em Montalvo seguem para o 5º ano em Constância. Conhecem-se as razões?”, interroga.

No mesmo comunicado refere ainda que “durante o ano letivo 2022/2023 foram constantes as reclamações do desajustamento do horário dos transportes, em que alunos que terminavam as aulas foram obrigados a esperar mais de três horas por novo transporte. Será que isto vai terminar? E porque não foi resolvido atempadamente?”, volta a questionar.

Acrescenta que “vários alunos do 7º e 8º ano pediram transferência devido a ter terminado a oferta formativa desportiva (futebol federado) no concelho. Será que o município vai, a partir de agora, assumir o apoio e dinamização de atividades lúdicas complementares que são também uma forma de fixar mais alunos na nossas escolas?”.

E conclui considerando “muito triste ser” Constância “o único concelho do distrito sem o 10º ano de escolaridade” quando, garante, “existem todas as condições”.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal, Sérgio Oliveira (PS), disse ao mediotejo.net desconhecer se, neste momento, existe o número de matriculas suficiente para formar uma turma de 10º ano porque “a escola está fechada”. Mas lembra “não ser a primeira vez” que a oferta de 10º ano é inexistente na Escola Secundário Luís de Camões. Lamenta que o assunto faça parte “da luta político-partidária” e afirma não ficar “surpreendido” com a posição da CDU de Constância porque segundo diz “há muito que perdeu a moderação e o sentido de Estado”.

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A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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