Escola Luís de Camões, escola sede do Agrupamento de Escolas de Constância. Foto: mediotejo.net

É conhecida a problemática da demografia. A perda de população, principalmente no interior, tem-se revelado um fator que contribui para o fecho de muitas escolas. No caso de Constância, onde a Escola Básica e Secundária Luís de Camões poderá não ter turmas de 10º ano no próximo ano letivo, o problema não passa nem pelo decréscimo do número de alunos – segundo o presidente da Câmara o pré-escolar terá mais uma sala – nem pela oferta formativa uma vez que os alunos de Constância que este ano escolheram estudar em Abrantes – também Entroncamento e Torres Novas -, de acordo com Sérgio Oliveira (PS), “alguns até vão para a mesma oferta formativa” existente na Escola de Constância.

Certo é que, apesar da diretora do Agrupamento de Escolas, Olga Antunes, “estar a tentar formar uma turma de 10º ano” juntando os alunos do ensino regular (8) e do profissional (7), o risco de não conseguir reunir o número de alunos suficiente existe, avançou a vereadora Helena Roxo (PS), na última reunião de executivo, na quarta-feira, 16 de agosto, após uma pergunta da vereadora da CDU, Manuela Arsénio.

“Não é um dado completamente adquirido porque as matriculas ainda não estavam completamente encerradas. É possível haver 10º ano e a esperança é a última a morrer”, afirmou aos jornalistas o presidente Sérgio Oliveira, à margem da reunião de Câmara.

No entanto, “assistimos com tristeza. O concelho lutou durante muitos anos para conseguir ter o ensino secundário, a verdade é que um conjunto de circunstâncias, que eu próprio tenho dificuldades em entender, levou a que este ano caíssemos nesta situação”, lamentou, dizendo respeitar “a opção de cada um escolher ir estudar para uma escola que não seja a escola da sede de concelho”.

A “esperança” mantém-se agora na possibilidade de tal situação ser temporária e que “seja só um ano transitório. Nos outros ciclos de estudos temos tido um crescimento do número de alunos”, embora não atribua ao aumento à taxa de natalidade no concelho. Contudo, o autarca acredita que” haverá condições para abrir uma turma, no próximo ano”.

Sem apontar as razões que justifiquem a mudança, Sérgio Oliveira diz que, dentro das competências da Câmara Municipal, o executivo tentou “tomar um conjunto de medidas de forma a incentivar e sensibilizar os pais para que mantivessem cá os filhos, para que mantivéssemos o 10º ano”.

A solução passa agora por “aprofundar” o trabalho levado a cabo pelo executivo municipal designadamente implementando “um conjunto de medidas” ao nível do apoio escolar a implementar a partir do próximo ano letivo, e possivelmente “alterar a viagem de finalistas, que fazíamos no 9º ano passará a ser no 12º ano, precisamente para fazer com que se mantenham na Escola”.

O autarca lembra que o número insuficiente de alunos que impede a abertura de uma turma do 10º ano “é uma bola de neve”, ou seja, outros problemas surgirão, nomeadamente ao nível da colocação de professores. “Atrás disto vem a questão dos professores, dos rácios dos funcionários e todas as questões que se colocam em cima da mesa”, reconhece.

ÁUDIO | PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE CONSTÂNCIA, SÉRGIO OLIVEIRA

A Escola Básica e Secundária Luís de Camões contava com 42 alunos no 9º ano, no ano letivo passado.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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