O concelho de Mação, a par de Abrantes, perdeu na última década 12,6% da população residente, segundo os dados preliminares lançados pelo INE relativos aos Censos de 2021. Um número “um pouco melhor do que nos dez anos anteriores, mas não deixa de ser um número extraordinariamente péssimo”, frisou Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, ainda que seja algo que não o surpreenda. O autarca tem vindo a alertar nos últimos anos para a desertificação do país, citando por inúmeras vezes uma previsão do INE para os próximos 40 anos, que aponta que haverá menos 3 milhões de pessoas no país e que 80% da população irá viver no litoral deixando as aldeias sem gente.
Em entrevista ao mediotejo.net, corria o ano de 2017, Vasco Estrela dizia que se caminhava “para sítio nenhum” no que toca ao despovoamento e ordenamento do território.
“Criamos todos um conjunto de infraestruturas, de redes de estradas, abastecimento de água, de luz e saneamento, em grande parte territórios que a continuar a este ritmo, e sem que nada seja feito, têm muito pouca viabilidade. Acho que este devia ser um assunto que inquietasse mais as pessoas, e é nesse sentido que falo. Esses dados são ditos de uma forma completamente normal. Em 2040 seremos menos 2 milhões e desses 7 milhões que seremos, estará 80% no litoral”, frisou.
No caso de Mação, o retrato não ficou muito diferente.
“Eu pergunto-me: temos no concelho de Mação mais de 100 aldeias, muitas delas com 20/30 pessoas, na casa dos 70 anos, pela lei normal da vida em 2040 infelizmente muitas já não viverão lá… Partindo do pressuposto que não vem ninguém, suponho que aquelas aldeias estarão desertas, não é? E aqui levanta-se um conjunto de questões a montante. E as casas que lá estão, das pessoas que as recuperaram, quem é que as mantém, a eletricidade mantém-se lá, em meses e meses, e meses em que não está ninguém. A recolha do lixo, a água… Há um conjunto de questões que têm de ser levantadas. Não nos podemos é admirar de, depois de dizermos que as aldeias estão desertas, que só lá vivem idosos, e depois ficamos muito admirados das aldeias arderem. Isto é que eu acho estranho. Depois de aceitarmos tudo como normal, ficarmos muito incomodados porque ardeu uma aldeia. Mas o que é que esperariam? Se não está lá ninguém, se não vive ninguém, se ninguém cuida de nada… O que era de esperar?”, questionou o autarca, prosseguindo com a preocupação sobre o futuro.

“Se não se fizer ordenamento do território, se não se fizer o que Mação defende ou outra coisa parecida, daqui a 3 ou 4 anos, vão arder mais 5 ou 6 aldeias. Isto passa tão ao lado de outras mentes, que é assustador. Tenho a sensação que há muita gente em Portugal que pura e simplesmente desistiu disto. O tempo há-de resolver o problema… Este devia ser um assunto que nos devia preocupar a todos. Que modelo de desenvolvimento territorial é que queremos, quando vemos distritos e capitais de distrito a perderem população desta maneira. Sabendo tudo isto, temos de saber se há alguma forma de equilibrar ou não. Quando no Médio Tejo, 12 de 13 municípios perdem população isto não nos deve inquietar?”, disse.
Por estes dias, com a chegada dos resultados preliminares dos Censos de 2021, Vasco Estrela recebe estes dados com preocupação e confirmação do que temia, crendo que bastaria “uma reflexão cuidada e olhar sobre vários números e vários indicadores que são públicos” para chegar a esta conclusão e não ser apanho de surpresa por esta tendência de decréscimo populacional.
ÁUDIO | Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação
Hoje, mais uma vez, à semelhança da sua resposta em 2017, criticou a postura de “algumas pessoas responsáveis que foram tentando não ver o problema”.
“Houve alturas em que o despovoamento do território estava mais ou menos na zona do interior e neste momento o despovoamento está a 30 km de Lisboa. O país tem aqui um problema muito, muito sério para resolver. Territórios de baixa densidade já são 165 concelhos… se continuar este estado de coisas, daqui a 20 anos não sei o que podemos esperar destes concelhos”, começou por dizer na passada reunião de Câmara pública.

“Não há milagres para contrariar esta dinâmica, e portanto, aqueles que diziam que as culpas estariam nos presidentes de Câmara, têm agora 270 incompetentes a quem apontar o dedo, porque todos eles perderam população. Temos aqui este grande problema para resolvermos todos, enquanto país”, afirmou.
O autarca fez referência ao facto de ter sido Benavente o único concelho do distrito de Santarém que não perdeu população, algo que “diz muito da realidade do país”.
Por outro lado, salientou o facto de apenas em 30 concelhos do país viver mais de 50% da população portuguesa, alertando para as assimetrias gritantes em termos demográficos.
Quanto ao concelho de Mação, mediante os dados disponibilizados pelo INE referentes aos Censos de 2021, o concelho teve um decréscimo de 12,6%, perdendo 921 habitantes em relação a 2011. Em 2011 contavam-se 7338 residentes no concelho, enquanto que em 2021 o número quebra para 6417.

Das freguesias do concelho, Amêndoa foi a que mais população perdeu na última década, tendo menos 24,1% (menos 124 habitantes).
Também Envendos registou uma perda de 17,8% (menos 175 habitantes) seguida de Carvoeiro com menos 16,5% da população (menos 102 habitantes).
Cardigos registou uma perda de 119 residentes nos últimos dez anos, o correspondente a menos 11%.
As duas freguesias com menor perda populacional registada, mediante os dados dos Censos de 2021, são a União de Freguesias de Mação, Penhascoso e Aboboreira, com menos 345 residentes, correspondendo a uma perda de 9,7%; já a freguesia de Ortiga regista um decréscimo de 9,5%, perdendo 56 habitantes em relação a 2011.
A União de Freguesias de Mação, Penhascoso e Aboboreira mantém-se como a freguesia mais populosa do concelho, com 3198 habitantes, seguindo-se Cardigos com 967 habitantes e depois Envendos com 809 residentes em 2021.
Numa década, a região do Médio Tejo perdeu quase 20 mil habitantes: existiam 247.331 residentes nos 13 concelhos, segundo o Censos de 2011, e agora, de acordo com os resultados preliminares do Censos 2021 hoje divulgados, há 228 744 habitantes.
Estes dados vêm confirmar o agravamento da perda de população neste território nos últimos dez anos, que já vinha sendo sinalizado pelas estatísticas anuais: regista-se uma quebra de 7,5%, quando na década anterior, do Censos 2001 para o Censos 2011, se tinha registado uma redução de 3% na população.
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Médio Tejo perde 7,5% da população, com maiores quebras em Abrantes e Mação (c/ gráficos)
Outra ideia drástica … da minha opinião pessoal.
A Zona do Pinhal Interior deverá criar um sorteio (lotaria) de um milhão de euros para ganhar o casal, que em dez anos terá o maior número de filhos em, Oleiros, Sertã, Vila de Rei, Proença a Nova e Mação.
Essa medida já foi usada no século passado nos Estados Unidos e deu certo.
O Pinhal Interior, Oleiros, Sertã, Vila de Rei, Proença a Nova e Mação seguidamente deverá ser seguido com 250 mil euros para o casal em cada concelho com mais filhos.
– Custo total do investimento – 2 milhões e 250 euros que pode dar ótimos resultados.
Parem de depender somente dos Sr. DR’s para cuidar do seu futuro … Eles têm muita teoria e pouca prática … muitos deles têm e procuram tachos e não empregos … em outras partes do mundo Anglo-Saxão, apenas basta um padeiro , dono da pastelaria ou o dono de uma empresa de construção para ser Presidente de um município pequeno com 8000 habitantes …
Só em Portugal tem que ser tudo Dr. e ate hoje não nos levou a nenhum lado… antes as palavras devinas vinham sempre dos Padres hoje, veem dos Sr: Dr’s … ACORDA PORTUGAL?
Tempos difíceis precisam de medidas drásticas !!!