Albufeira de Castelo do Bode. Foto: mediotejo.net

O terceiro dia do Encontro do Castelo de Bode, sob o mote “As Estações Náuticas e o Desenvolvimento Local”, decorreu no auditório municipal de Vila de Rei na quinta-feira, dia 29 de julho, debatendo-se a questão do turismo sustentável na região. O encontro contou também, à semelhança dos anteriores, com a experimentação de atividades náuticas na Praia Fluvial de Fernandaires.

Ao mediotejo.net, Miguel Pombeiro, secretário-executivo da CIMT (entidade coordenadora da Estação Náutica de Castelo de Bode), disse que o encontro permitiu “verificar algumas coisas que estão feitas e também o muito que há ainda a fazer, quer em animação, quer em termos de infraestruturas”. 

Na sessão, onde esteve presente cerca de uma vintena de pessoas, intervieram o vice-presidente do município de Vila de Rei e vereador do turismo, Paulo César Luís, o secretário-executivo da CIMT (Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo), Miguel Pombeiro, o vogal executivo do CENTRO2020 da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C), Jorge Brandão, e ainda Patrícia Araújo, da Biosphere, assim como representantes das associações TAGUS, PINHAL MAIOR e Centro De Desarrollo Rural La Siberia e La Serena – Consorcio Centro De Desarrollo Rural.

Segundo Paulo César Luís, vice-presidente do município de Vila de Rei e vereador do turismo, o turismo náutico no interior tem tido um crescimento acentuado. Praia Fluvial de Fernandaires, em Vila de Rei. Foto: mediotejo.net

Paulo César Luís, abrindo a sessão, começou por referir que o turismo náutico em áreas do interior (pelo menos em Vila de Rei) “tem tido um crescimento bastante acentuado”, onde o último ano figurou provavelmente como um dos melhores de sempre a nível de turismo e de dormidas em Vila de Rei, acontecimento também derivado da fuga dos turistas para o interior devido à situação pandémica. Esta aceção levou o vice-presidente do município de Vila de Rei a acrescentar que “o maior desafio, individualmente e em conjunto, é que aqueles que nos procuraram, fugindo, da próxima vez nos procurem querendo mesmo”.

Miguel Pombeiro fez um ponto de situação relativamente à Estação Náutica de Castelo do Bode, referindo os investimentos feitos no âmbito do turismo náutico nesta albufeira onde “é possível desenvolver de forma integrada um conjunto de práticas que noutras não são fáceis”, mencionando o investimento concertado dos cinco municípios de Abrantes, Sertã, Ferreira do Zêzere, Tomar e Vila de Rei, onde foram colocados cinco cableparks, os quais se transformaram num “elemento diferenciador” e que visaram a construção de uma estância de wakeboard no Médio Tejo, “colocando a região na rota destes circuitos de wakeboard e contribuindo para a a afirmação da valorização nacional e internacional da marca do Castelo do Bode”, conforme disse o representante da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.

O secretário-executivo da CIMT assinalou que o potencial é grande mas que “há muito ainda por fazer em questões de acessos, infraestruturas e diversificação”, e valorizou a “promoção de experiências náuticas”, quer pelos municípios, Associação Portuguesa de Wakeboard ou pela Associação dos Empresários de Turismo do Castelo de Bode.

O terceiro dia do Encontro do Castelo de Bode decorreu em Vila de Rei. Foto mediotejo.net

Miguel Pombeiro disse que existe uma candidatura submetida ao CENTRO2020, que incluiu um conjunto de investimentos para requalificação e melhoria nas condições de visitação no Castelo do Bode, onde está prevista, por exemplo, uma rampa e ancoradouro na praia fluvial do Trízio (Sertã), a requalificação dos percursos pedonais e instauração de instalações sanitárias amovíveis na praia fluvial de Aldeia do Mato (Abrantes), a requalificação da praia fluvial de Alqueidão (Tomar), o prolongamento de passadiços na praia fluvial do Penedo Furado (Vila de Rei) e a implementação de miradouros na praia fluvial de Fernandaires (Vila de Rei), sendo que “algumas destas ações até já estão em execução, com os municípios a arriscar um bocadinho”.

Na sua apresentação relacionada com a sustentabilidade, Patrícia Araújo (Biosphere) apelou a que se passe do pensamento conceptual à prática.

Patrícia Araújo, por parte da Biosphere – uma prestadora de serviços que se intitula como “um acelerador da sustentabilidade em destinos e empresas” – falou sobre a sustentabilidade e a sua importância crescente para o turismo e para a escolha dos destinos turísticos, apelando também a que se retire a sustentabilidade apenas do pensamento conceptual e se comece a aplicar na prática.

Patrícia Araújo referiu que a indústria do turismo precisa de novas soluções para criar mais confiança e relações a longo prazo com os turistas: “Os destinos e as empresas não podem continuar a fazer o que sempre fizeram, o velho normal que tínhamos não vai voltar, portanto vamos precisar de novas abordagens para problemas novos.”

Para alcançar este objetivo, a representante da Biosphere disse que é necessário honrar os destinos em que se está integrado, desenvolver operações que sejam harmoniosas e integradas no ambiente em que se enquadram, oferecer uma hospitalidade autêntica, inovadora e com capacidade de reinvenção e desenvolver e operar com responsabilidade e ética. Resumindo, segundo Patrícia Araújo, “respeitar os ecossistemas locais” e comunicar, campo onde “normalmente está a grande falha”. Não estamos a saber valorizar o que estas iniciativas e boas práticas trazem, considera – “em Portugal parece que há este problema, em termos orgulho e dizer bem de nós próprios”.

A Albufeira de Castelo de Bode foi depois sumariamente apresentada pelas associações de desenvolvimento local TAGUS e PINHAL MAIOR, seguindo-se uma apresentação sobre a albufeira espanhola de Alqueva e La Serena, feita pelos representantes do Centro de Desarrollo Rural La Siberia e La Serena – Consorcio Centro de Desarrollo Rural.

No debate sobre o futuro e a valorização da Albufeira de Castelo de Bode e do território foi abordada a alteração do Plano de Ordenamento – “completamente desatualizado face às necessidades do território e de crescimento e aproveitamento da barragem”, conforme definiu Paulo César Luís – para um Plano Especial, o qual está a ser elaborado. Entre os presentes foi consensual que existem alguns entraves e falta de diálogo na elaboração deste plano e foi demonstrado algum receio de que este seja elaborado “à distância” e que “não reflita a realidade do território”. Jorge Brandão incitou a que “se façam ouvir”.

Wakeboard, na Praia Fluvial de Fernandaires. Foto: mediotejo.net

Na sua intervenção, que marcou o encerramento do encontro, Jorge Brandão, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, salientou que a região Centro é dotada de uma grande diversidade, um verdadeiro “mosaico de paisagens” assim como de recursos com potencial turístico, relembrando ainda que a região engloba cem municípios, os quais estão por sua vez organizados em oito comunidades intermunicipais.

Jorge Brandão disse que era assim essencial definir prioridades e que a ideia não é ir a tudo, “temos diferentes recursos e portanto é preciso encontrar as coisas realmente identitárias do território”, disse o vogal executivo do CENTRO2020, alertando igualmente para a necessidade de articulação entre todas as entidades e territórios, pois “só assim seremos eficazes, se não corremos o risco de cada um disparar para seu lado e o resultado final não vai ser o esperado”.

Durante a parte da tarde decorreu a experimentação de atividades náuticas na Praia Fluvial de Fernandaires, como wakeboard, stand-up paddle, canoagem e passeios de gaivota e de barco.

O “Encontro do Castelo de Bode”, com organização das associações ADIRN, PINHAL MAIOR e TAGUS, decorreu durante os dias 27, 28 e 29 de julho e percorreu os concelhos de Abrantes, Ferreira do Zêzere e Tomar.

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Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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