Carlos Bento Lopes, professor universitário e natural das Mouriscas, concelho de Abrantes, apresentou esta quinta-feira, dia 19, na Biblioteca Municipal de Abrantes, o primeiro de três cadernos culturais sobre esta freguesia.
Este primeiro trabalho, que se intitula “Vivências e memórias de um jovem moleiro”, retrata as memórias e experiências que Carlos Bento Lopes teve na sua juventude, passada nas Mouriscas.
“O meu pai herdou do meu avô uma azenha e, depois de eu ter feito a 4ª Classe em Abrantes fui ajudar o meu pai durante cinco anos no moinho, desde 1944 a 1949. Durante cinco anos aprendi a ser moleiro, a fazer fazendo”, refere o autor ao mediotejo.net.

“Este livro é o retratar destas memórias e dessa experiência com aspetos etnográficos importantes”, salienta Carlos Bento Lopes que explica que a recolha de informação e de testemunhos de várias pessoas das Mouriscas iniciou-se ainda na década de 80.
“Por vários motivos”, refere o autor, este trabalho de investigação esteve uns anos parado, mas “agora apareceu esta oportunidade de publicar este caderno cultural”.
“Para os jovens, para as Mouriscas e para Abrantes é um preservar da identidade porque sem memória não há nada e tudo se esvai. É um trabalho interessante que espero que os jovens fiquem sensibilizados para esta temática”, salienta Carlos Bento Lopes.
Recordar as memórias existentes do passado
A publicação deste Caderno Cultural contou com o apoio da ADIMO – Associação de Desenvolvimento Integrado das Mouriscas e da AIDIA – Associação de Desenvolvimento Integrado de Alpiarça.
Na apresentação do livro, que decorreu ao final do dia desta quinta-feira, 19, na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, Humberto Lopes, presidente da Direção da ADIMO, salientou a importância desta obra que pretende dar a conhecer um património “que vai ficando ao abandono e esquecido e que queremos preservá-lo”.
Sobre Carlos Lopes Bento, Humberto Lopes referiu que “conheço-o deste a minha meninice, é um produto do Colégio Infante de Sagres das Mouriscas e se não tivesse prosseguido os estudos, teria sido um ótimo pedreiro que construía fornos redondos de tijolo que eram alimentados a serradura”.
Nesta obra, Carlos Lopes Bento retrata vários aspetos sociais das Mouriscas, como por exemplo o facto da sociabilização ser feita as tabernas “onde o consumo de vinho era um fator de sociabilidade e um copo de vinho oferecido não podia ser negado”.
Para Luís Dias, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Abrantes, “com este livro vamos ser desafiados a recordar as memórias de um património industrial que existiu no concelho”.
João Serrano, representante da AIDIA, referiu que “o concelho de Abrantes tem um património valiosíssimo que deve de ser valorizado para não ser esquecido”.
No próximo dia 10 de dezembro vai ser lançado o segundo caderno cultural de Abrantes, também da autoria de Carlos Lopes Bento, que será sobre o património e identidade das Mouriscas. E em fase final de preparação está outro caderno cultural, desta feita, “sobre artes e ofícios das Mouriscas entre 1860 e 1911, coisas muito interessantes, sobre artes e ofícios que nunca ouvimos falar e é bom que os jovens conheçam qual foi o trabalho dos seus avós e bisavós”, avançou Carlos Lopes Bento.
“São recolhas indispensáveis porque senão a história das Mouriscas perde-se e temos que partilhar estes conhecimentos, o que aprendi, julgo que devo de partilhar com os outros”, conclui Carlos Lopes Bento.