Foto: mediotejo.net

A visita começou cedo, em Abrantes, onde se procedeu ao descerrar da placa de inauguração oficial do novo centro escolar da cidade, a Escola Básica Maria de Lourdes Pintasilgo, numa iniciativa que contou com a presença do Ministro da Educação, João Costa, que se fez acompanhar de Maria do Céu Antunes, ex-presidente de Câmara de Abrantes e atual Ministra da Agricultura e Alimentação, autarca responsável por lançar esta empreitada de requalificação do antigo Colégio de Fátima. A manhã terminou na zona sul, em Alvega, onde também foram inauguradas as obras de requalificação da Escola Básica, na antiga Escola. E.B. 2/3 Dr. Fernando Loureiro.

De sala em sala, os ministros e restante comitiva foram contactando com as crianças, acompanhados do executivo da Câmara Municipal de Abrantes, de Isabel Damasceno, presidente da CCDR Centro, e do Delegado Regional de Educação da Direção de Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Bruno Marques Santos, diretores dos Agrupamentos de Escolas nº 1 e nº 2 de Abrantes, Jorge Costa e Isabel Alves, respetivamente.

Os ministros João Costa e Maria do Céu Antunes foram interagindo com os alunos e docentes, num registo de proximidade, deixando-se imbuir da atmosfera do ambiente escolar e participando nas atividades, jogos e dialogando sobre a aprendizagem a decorrer.

Para Maria do Céu Antunes este foi um momento simbólico e emotivo, uma vez que recordou o seu tempo de aluna no então Colégio de Fátima, apenas para o sexo feminino, e também frequentado pela Ministra Ana Catarina Mendes, e recuou no tempo, lembrando a altura em que contactou as Irmãs do colégio no sentido de perceber qual seria o seu futuro, perante a perspetiva de encerramento. Foi pela mão da então autarca abrantina que o projeto de requalificação e ampliação do antigo Colégio de Fátima avançou, sendo hoje uma realidade.

ÁUDIO | Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura e Alimentação e ex-presidente da Câmara Municipal de Abrantes

“Continua hoje a ser um veículo de igualdade de oportunidades, onde todas e todos podem estudar. É com satisfação que vemos o número de alunos estrangeiros, brasileiros e de outras nacionalidades, como a Ucrânia, aqui a fazerem a sua componente letiva e a crescerem, a serem homens e mulheres, que nós precisamos”, disse, notando ainda o trabalho do Ministério da Agricultura e Alimentação nas escolas, com a promoção de alimentação saudável, acompanhamento por nutricionistas e introdução de bons hábitos alimentares e incentivo ao consumo de produtos locais.

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Já o Ministro da Educação mostrou-se bastante entusiasmado com a nova escola, referindo ter sido surpreendido com o projeto de arquitetura e preservação da traça do edifício “muito bem conseguido” e o modelo do edifício escolar, que confidenciou aparentar do exterior ter menor dimensão que a real, que veio a verificar conter “um mundo” no seu interior.

ÁUDIO | Ministro da Educação, João Costa

Em declarações à comunicação social, o ministro elogiou não só “a grande qualidade do espaço físico, como a grande qualidade do trabalho desenvolvido pelas professoras e uma alegria estonteante por parte das crianças, o currículo a ser muito bem desenvolvido com uma grande presença das artes e das diferentes áreas, com os alunos a ler livros e a demonstrarem que gostam de ler”.

O ministro referiu que em Abrantes é já “uma marca” nas escolas a “grande presença do ensino das artes”, que cumpre com o currículo nacional, que aponta a sensibilidade estética e artística como uma das competências a desenvolver junto das crianças e jovens nas escolas, não sendo “um acessório” mas sim “tão centrais como o desenvolvimento de outras competências”.

Um dos apelos feitos pelo governante aos mais novos foi que se deixassem render aos encantos da leitura, “um competência transversal e necessária para todas as áreas do conhecimento”, sendo que “os hábitos de leitura se desenvolvem muito cedo”, desde “o contacto com o livro, o hábito de ouvir ler, o falar-se de livros com as crianças”.

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João Costa notou ainda o “grande aproveitamento do espaço e uma grande polivalência dos espaços”, com capacidade para que diferentes turmas trabalhem em conjunto, além do desenvolvimento de atividades no espaço exterior e outros espaços de recursos no interior. “Há uma flexibilidade nos espaços, um uso potenciado pela sala de aula, muito bem construído”, destacou.

Na presença da Ministra da Agricultura e Alimentação, fazendo a ponte para a colaboração entre as duas pastas, o Ministro da Educação referiu que a promoção da alimentação saudável nas escolas é uma premissa do Governo, e tem feito parte da estratégia a nível escolar. “Os cadernos de encargos para as empresas de alimentação são sempre acompanhados por nutricionistas e temos uma atividade de acompanhamento da qualidade das refeições, competência que passou para os Municípios. Mas o trabalho dos nutricionistas está antes, na vigilância e preparação das ementas, na determinação das quantidades de sal, na presença da salada, e depois há um trabalho de proximidade, em quem acompanha os alunos à hora da refeição e verifica se comem, porque são hábitos que a escola ajuda a criar e desenvolver”, salientou.

Na cerimónia foi também lembrada Maria de Lourdes Pintasilgo, abrantina que foi uma personalidade de relevo no panorama político, social e cultural no país e no mundo. Trata-se da primeira e única mulher a ocupar o cargo de Primeira Ministra no país, e que dá nome à nova escola básica de Abrantes, cuja vida e obra foi relevada pela presidente da Fundação Cuidar o Futuro, Paula Barros, responsável por manter o legado de Maria de Lourdes Pintasilgo.

A responsável deixou um desafio em Abrantes, para que possa vir a ser convertida e aproveitada a casa onde nasceu esta mulher-referência abrantina, na antiga Rua do Brasil/dos Oleiros, criando no centro histórico um Museu Cuidar o Futuro, que “a homenageie mas que seja esta semente para pensar o mundo, um mundo mais sustentável”.

ÁUDIO | Paula Barros, presidente da Fundação Cuidar o Futuro, que preserva o legado de Maria de Lourdes Pintasilgo

“O Futuro é possível e está nas nossas mãos. Está em todos nós, em vocês também, e esta força de transformar o futuro é de graça e sabe tão bem como a vossa canção”, concluiu Paula Barros.

A Câmara Municipal de Abrantes aprovou por unanimidade, em novembro de 2022, a proposta de atribuição do nome à nova escola, após as obras de requalificação do edifício do antigo Colégio de Fátima, uma escola privada que esteve em atividade durante 75 anos.

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Maria de Lourdes Pintasilgo nasceu em Abrantes a 18 de janeiro de 1930, na antiga Rua do Brasil, onde viveu até aos 12 anos. O seu percurso começou a diferenciar-se quando se formou em Engenharia Química, durante os anos 50 do século XX. Ligada aos movimentos estudantis católicos, entrou na vida política antes da revolução de 1974, foi a primeira mulher Secretária de Estado, a primeira a assumir uma pasta ministerial, a única primeira-ministra, a primeira embaixadora e a primeira mulher a candidatar-se à Presidência da República.

Nesta manhã, após uma atuação pelos alunos da Escola Maria de Lourdes Pintasilgo, do projeto de ensino de música, que entoaram e tocaram uma adaptação da canção intitulada “Não custa nada”, de Paula Santisteban, e que deixou forte mensagem de positividade e inspiração para enfrentar cada dia com alegria e coragem, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, abordou o projeto de ampliação e requalificação do antigo Colégio de Fátima, deixando ainda mensagem sobre o investimento na Educação e a estratégia municipal, a importância do apoio de fundos comunitários, e relevando o papel da comunidade educativa para o sucesso escolar e homens e mulheres do futuro.

ÁUDIO | Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes

A Escola Básica Maria de Lourdes Pintasilgo, após empreitada de mais de 3 milhões de euros, contou com 200 alunos no ano de estreia, 2022/2023, divididos por 50 alunos em 2 turmas de pré-escolar e 150 alunos em sete turmas de 1º ciclo. Este novo centro escolar conta com 11 professores e 12 auxiliares.

Da obra de requalificação e ampliação do antigo Colégio de Fátima este novo centro escolar passou a contar com salas de aula de apoio à expressão plástica para o 1º ciclo, salas de atividades para o pré-escolar, centro de recursos/biblioteca, sala polivalente, sala de professores/educadores, sala do pessoal não docente, gabinete de coordenação, sala para a Associação de Pais; arrumos/arrecadação; refeitório próprio; cozinha, sanitários, vestiários/balneários, gabinete de primeiros-socorros, espaços polivalentes, posto de segurança, acesso para pessoas com mobilidade reduzida, pátio/recreio coberto, parque infantil, campos de jogos, instalações técnicas, acessos para viaturas de abastecimento e de emergência.

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Durante a visita, outro dos apelos feitos aos alunos foi que se estimasse e preservasse as renovadas escolas, respeitando o investimento e as condições dos novos espaços, aproveitando-os para a aprendizagem e brincadeira, mas também deixando para as gerações vindouras, mensagem também deixada às crianças da escola de Alvega, a última a visitar ao final da manhã.

Já o diretor do Agrupamento de Escolas nº1, Jorge Costa, – que está prestes a deixar o cargo para a nova diretora, a docente Ana Rico – notou que a escola de Alvega passou a integrar o agrupamento em 2013, enquanto escola de pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, e que há muito revelava necessitar obras.

“Valeu a pena este investimento por tão poucos alunos? Sim, valeu. E vale a pena. Poucos ou muitos alunos, todos devem ter acesso a uma escola onde se sintam confortáveis e onde o espaço lhes proporcione um bom ambiente de aprendizagem. A requalificação do espaço é de grande importância no desenvolvimento e implementação das estratégias educativas, amplas e abrangentes”, afirmou.

ÁUDIO | Jorge Costa, diretor do Agrupamento de Escolas nº 1 de Abrantes

“Todo o esforço e valorização efetuado na melhoria das condições de funcionamento da escola, constituiu um importante passo para a melhoria da qualidade da educação, contribuindo para o reforço da coesão territorial. Ter uma escola nova por si só não é garantia de sucesso. Há, como já havia, muito trabalho na procura da excelência. Tal como hoje já afirmei, a responsabilidade é sobretudo da escola, mas não é só. Volto a afirmar que a responsabilidade é e deve ser partilhada, com os pais e encarregados de educação, com os outros organismos de âmbito social, da saúde e da justiça. O sucesso dos nossos alunos depende da escola e também de muitos outros atores, sendo que este desafio é claramente assumido pelo nosso agrupamento”.

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Jorge Costa disse que “este desafio é o que nos faz ser capazes de abraçar o reptos do futuro, edificando todos os dias uma escola moderna, integradora e exigente, ajudando a moldar um futuro maior e melhor das novas gerações”.

Em Alvega, o presidente da Câmara Manuel Jorge Valamatos frisou os conceitos de coesão territorial e democratização do território, e assumiu que faria um discurso mais sentimental, sem recorrer a leitura do discurso extensivo e oficial como fez inicialmente na cerimónia da escola na cidade. Ali optou por recordar os seus tempos de professor de Educação Física na escola de Alvega, há 30 anos, numa altura que revelou ter sido difícil pela falta de condições e de equipamentos e esperando agora ter contribuído para que os docentes e os alunos possam contar com melhores equipamentos e infraestruturas que contribuam para o seu sucesso escolar e qualidade do ensino.

“Nem que fosse só uma criança… (…) estas crianças e estas famílias merecem toda a nossa atenção, todo o nosso cuidado. A comunidade educativa merecia essa atenção”, disse, notando as melhorias que tardaram a chegar a este estabelecimento escolar na União de freguesias de Alvega e Concavada e que há muito era reivindicado pela população e junta de freguesia.

Em interação com os alunos e após visita às instalações e momento musical, o ministro elogiou e motivou aplauso às professoras e auxiliares, relevando o investimento de requalificação na escola apesar dos “poucos alunos”, uma vez que no atual ano letivo conta com 34 alunos de pré-escolar e primeiro ciclo.

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Falando na promoção de uma alimentação saudável, com os programas de atribuição de fruta e leite escolar, João Costa referiu-se a uma missão que fica nas mãos dos jovens alunos.

“Vocês também têm uma missão. Têm uma escola impecável, toda cheia de obras, com muito espaço para aprenderem e para brincarem. Têm que tratar bem a escola e estimá-la (…) para um dia, aqueles que já estão no 4º ano e vão para outra escola, quando vierem aqui, verem que a vossa escola continua a ser bem estimada”, notou, afirmando que os alunos são “os mais importantes na escola”.

A Escola Básica de Alvega contém Jardim de Infância e 1º Ciclo, e no ano letivo 2022/2023 conta com 16 alunos no pré-escolar, 18 no 1º ciclo – 1 turma de pré-escolar e 2 de 1º ciclo. Lecionam nesta escola três professoras, podendo os alunos contar com apoio de cinco auxiliares.

Em Alvega o objetivo passou por dotar a escola das mesmas condições de conforto e segurança do restante parque escolar do concelho, sendo que as obras de requalificação incidiram sobre a reestruturação espacial do edifício, adaptando-o ao primeiro ciclo e pré-escolar.

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Foi feita substituição de caixilharia, para melhor isolamento térmico, substituição de pavimentos, colocação de tetos falsos, aplicação de novas pinturas e instalação de novos equipamentos.

O campo de jogos nas traseiras foi reabilitado, tendo sido ainda criadas duas rampas para acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada junto ao edifício.

A Escola Básica de Alvega, após um investimento superior a 500 mil euros, passou a estar dotada de uma sala de atividades para o pré-escolar, duas salas de aula para o 1º ciclo, duas salas polivalentes, centro de recursos/biblioteca, refeitório, copa de preparação, sala de professores, instalações sanitárias modernizadas e adaptadas ás crianças e uma sala dedicada ao pessoal não docente. No exterior a autarquia procedeu ainda a arranjos e à instalação de um parque infantil para o recreio.

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Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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