No âmbito das comemorações do 10º aniversário da entrada em funcionamento da BIA, a Biblioteca Municipal António Botto recebe na sexta-feira, dia 12 de maio, pelas 18h00, o lançamento de uma obra inédita da autoria de José Falcão Tavares, intitulado “Dinizlândia: conversas com José Diniz“.
A Biblioteca Itinerante de Abrantes (BIA) “José Diniz” assinala este mês de maio o 10º aniversário, marcando a sua entrada ao serviço das populações das freguesias do concelho, essencialmente às mais rurais, promovendo não só os hábitos de leitura como garantindo o acesso à informação de qualidade, além de recursos para lazer.
José Joaquim Cesar da Cruz Diniz, figura marcante da cultura na região na última metade do século XX, morreu a 11 de janeiro de 2021, aos 87 anos, em Coimbra. Dentista de profissão num consultório que herdou do pai, ficou conhecido para lá das fronteiras do concelho de Abrantes, onde nasceu e viveu, por ser encarregado de uma biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian durante mais de 30 anos.
A sua carrinha Citroën tinha o número 32 e ficou gravada na memória de várias gerações de Abrantes, Sardoal, Mação, Vila de Rei, Ponte de Sor e Gavião, que começou a visitar a partir de 1963. O percurso que fazia todos os meses por vários concelhos da região era decorado pelos miúdos e ansiado de igual forma pelos mais velhos. Quando a carrinha da Gulbenkian estacionava tinha sempre já uma fila de gente à espera. Era o mundo que chegava sobre rodas, sobretudo nos anos 60, 70 e 80, quando a televisão só tinha dois canais, a oferta cultural era escassa e os livros um bem raro na maioria das casas portuguesas. Muita gente aprendeu a ler através dos livros recomendados por José Diniz.
A propósito de Dinizlândia: conversas com José Diniz |
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Este é um livro que contém uma vida. Apesar desse peso, ainda para mais tratando-se da vida cheia de José Diniz, estas páginas conseguem o feito de transportarem toda essa vida com assinalável leveza. Essa qualidade, como Calvino referiu, aproxima-nos da própria vida, do ser, do estar. Entramos nas páginas deste livro e, ao fim de pouco tempo, partilhamos a informalidade, a amizade, os encontros, sentimo-nos a pertencer, estamos lá com eles, com o narrador/autor e com o protagonista, em tantos momentos da sua vida fascinante. Este é um livro onde existe o desejo verdadeiro de conhecer o outro, de fazê-lo viver na palavra escrita. São páginas de enorme generosidade, entre o local e o universal, com detalhes deliciosos da memória abrantina, integrados num contexto histórico mais amplo, com imagens do quotidiano, passado ou presente, imagens da literatura e da cultura universais, com lições de vida. Não tenho dúvidas de que José Diniz teria gostado muito de ler este livro. |
José Luís Peixoto |
A BIA passou a chamar-se Biblioteca Itinerante de Abrantes “José Diniz”, em homenagem à figura incontornável da sociedade abrantina, homem da cultura, figura carismática que foi dinamizador da biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian durante mais de 30 anos, na segunda metade do século XX, falecido a 11 de janeiro de 2021.
A Biblioteca Itinerante de Abrantes entrou em funcionamento no dia 2 de maio de 2013, prestando um serviço às populações das freguesias rurais, como forma de promover o acesso à informação e aos livros e outros recursos informativos, para fins de lazer, académicos/formação e até profissionais.
A BIA além de promover os hábitos de leitura enquanto fator de qualificação humana e de desenvolvimento social, levando meios e recursos a comunidades mais desfavorecidas, funciona também enquanto apoio à Biblioteca Municipal, em Abrantes, contribuindo para atuar na promoção dos livros e da leitura e na dinamização de projetos para diversos públicos, tendo em conta também efemérides e sazonalidade, e sendo também forma de combate ao isolamento e exclusão social.

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