Após a distinção a nível nacional dos Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA) com um prémio de excelência e três selos de qualidade, o mediotejo.net quis saber que impacto tem junto dos abrantinos a qualidade dos serviços prestados na fatura da água, saneamento e resíduos sólidos. Admitindo um “aumento muito frágil” das tarifas em 2022, consequência da inflação, o presidente da Câmara Municipal espera no futuro “não ver aumentadas as tarifas de água e saneamento”.
“Nos últimos anos, os Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA) têm recebido várias menções honrosas e vários certificados da qualidade dos seus serviços, quer na água quer nos resíduos sólidos urbanos. (…) Nós ficamos muito satisfeitos por a entidade que regula o país [nesta área – a ERSAR] reconhecer Abrantes como um modelo exemplar, quer na questão dos resíduos sólidos urbanos quer na questão da água”, admite ao mediotejo.net Manuel Jorge Valamatos, presidente do Município de Abrantes.
Os SMA, responsáveis pela gestão de água, saneamento e resíduos do concelho de Abrantes, receberam o prémio Excelência pelo Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos prestados ao consumidor em 2020, colocando o município como o único a nível nacional a receber esta distinção. A ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, atribuiu ainda aos SMA três selos de qualidade relativos a 2020 e 2021 – um para os serviços de abastecimento de água e dois para os resíduos.
Distinções que para o autarca abrantino são “o fruto do trabalho que tem vindo a ser realizado ao longo dos últimos anos”. Trabalho esse que não está ainda terminado. “Há sempre muito ainda por fazer. Estas questões quer da água quer dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são questões que a todo o tempo têm que ter o cuidado de modernização, de atualização – por exemplo, as estruturas digitais ao serviço da gestão e qualidade de água são muito pertinentes e vamos continuar a fazê-lo”, admite ao nosso jornal.

Da introdução de contentores de bio resíduos já em 2022, para “maximizar a própria gestão”, até à reabilitação das redes em baixa com a intenção de “o mais depressa possível ter o sul do concelho abastecido pela água do Castelo de Bode e desta maneira ficar com todo o concelho abastecido”, Manuel Jorge Valamatos considera que a autarquia tem vindo a fazer nos últimos anos “uma gestão o mais cuidada possível, não aumentando o valor das tarifas”.
Mas o que se perspetiva na fatura dos consumidores para 2022? Questionado pelo mediotejo.net, o autarca abrantino sublinha que a autarquia cumpre “escrupulosamente aquilo que a entidade reguladora diz: estes sistemas têm que ser equilibrados”.
“Chegámos a uma posição de um equilíbrio estruturado – essa é também uma das razões porque somos reconhecidos a nível nacional – mas depois deste equilíbrio, temos que mantê-lo.”
E para manter esse equilíbrio há que mexer nas tarifas, nomeadamente no que respeita aos resíduos. “A tonelada do lixo tem aumentando de forma muito significativa nos últimos anos e obviamente temos que repercutir nas tarifas das pessoas aquilo que é o custo que pagamos do tratamento do lixo”, admite Manuel Jorge Valamatos ao nosso jornal.
“Toda a gestão dos resíduos sólidos urbanos mudou muito nos últimos anos e hoje é verdade que gerir os RSU é caro. O lixo é tratado de forma diferente, com regras diferentes, bem como a água hoje obriga-se a parâmetros muito pormenorizados e a um tratamento de grande rigor, e que isso aumenta substancialmente os custos”, elucida, admitindo que Abrantes “não é o concelho com as tarifas mais elevadas quer na região quer no país, mas também não é o que tem as tarifas mais baixas”.
Justificando que as tarifas irão aumentar, mas não “de forma substancial”, o edil avança para 2022 um “aumento muito frágil, de acordo com as taxas de inflação”.
ÁUDIO | Presidente da CM Abrantes
“Na fatura de ambiente está a água, os RSU e o saneamento, e todas estas coisas têm custos de operacionalidade enormes. Mas se comparar a tarifa da água, saneamento e RSU com a fatura da eletricidade, percebemos muito bem que, apesar de tudo, pagamos em média metade daquilo que se paga de eletricidade. (…) Numa família normal, em que paga 30 ou 35€ de água, resíduos e saneamento, paga sempre o dobro de luz”, expõe.
Defendendo uma “operacionalidade completamente diferente” destes serviços, o presidente da Câmara de Abrantes refere ainda que a intenção, com esta forma de gestão, é a de que nos próximos anos se possa “não ver aumentadas as tarifas de água e saneamento”.
ALTERNATIVAcom admite haver condições para baixar fatura da água aos abrantinos
Felicitando os SMA pelas distinções recebidas, na sessão do executivo camarário de Abrantes de 23 de novembro, o vereador eleito pelo movimento ALTERNATIVAcom, Vasco Damas, adiantou a apresentação em próxima sessão de uma proposta relativa à fatura da água e ambiente.
ÁUDIO | Vereador Vasco Damas
“Dando resposta a uma das nossas grandes reivindicações durante a campanha eleitoral, achamos que estes prémios só validam a qualidade que os serviços têm e a possibilidade que existe de podermos fazer um reajustamento daquilo que se paga. Acreditamos que existem condições para fazer baixar a fatura da água e ambiente aos abrantinos, principalmente pela renegociação dos contratos que existem”, defendeu o vereador.