Chaleira Damas (CDU), engenheiro mecânico reformado de 71 anos, disse que a sua experiência como autarca durante oito anos – quatro como vereador e quatro na assembleia municipal – o alertou para os problemas existentes e que isso levou a um “despertar natural” para estas eleições. Chaleira Damas afirmou que se foi apercebendo que o concelho “estava parado, não evoluía e não havia ideias nem diálogo”, afirmando que este é um problema recorrente das maiorias absolutas. Por isso, entende, “não faz qualquer sentido não construirmos pontes, estamos no ponto de partida e o que interessa é chegarmos ao fim com um concelho melhor, mais dinâmico, mais solidário e melhor para quem cá reside e o visita”.

Armindo Silveira (BE), é atualmente vereador na Câmara de Abrantes, tem 55 anos, e referiu que as principais lutas que o levaram a entrar na política há oito anos foi a ambiental e a da educação. Apresentando-se, o candidato ao município referiu que “existe uma inação na população do concelho de Abrantes, muito resignada àquilo que há, e um marasmo que é preciso combater”, sendo que também será preciso que as pessoas acreditem que elas próprias podem fazer alguma coisa. Armindo Silveira afirmou que a sua pretensão é “tornar Abrantes uma referência a nível ambiental”.
Vasco Damas (ALTERNATIVAcom) referiu nesta troca de ideias que Abrantes tem uma identidade fortíssima que tem vindo a ser adiada, dizendo que a sua posição geográfica central complementada pela A23, os rios Tejo e Zêzere e a ferrovia tem sido descurada. O candidato alertou para o desemprego crónico de Abrantes, que representa cerca de 25% do desemprego de todos os concelhos da região do Médio Tejo, afirmando que é preciso inverter esta tendência através do investimento na indústria.
“Abrantes era uma cidade que tinha poder e reconhecimento a nível nacional e tem vindo a perder esse seu peso”, disse Vasco Damas, afirmando que “se conseguirmos recuperar a identidade de Abrantes, passaremos a ter condições para aquela que é a nossa grande prioridade, que é a fixação da juventude”. “Não me incomoda que a juventude saía por opção, incomoda-te que saía por falta de opção”, rematou o candidato.

Em relação ao mercado municipal de abrantes, Vasco Damas disse que o ALTERNATIVAcom já assumiu publicamente a sua posição, e que não está contra o projeto multiusos, que a redinamização devia passar por uma lógica de modernização, mas que não se pode confundir o multiusos que vai ser projetado com os multiusos de outros concelhos: “Vemos logo que não tem área para isso, e portanto o que defendemos é o regresso do mercado àquele espaço, até porque para onde foi deslocado o mercado não é funcional”.
Sobre este tema, Vítor Moura (PSD) disse que a requalificação do antigo mercado teria resolvido o problema, até porque vai ser gasto muito mais dinheiro do que o que seria necessário, e que o multiusos não vai ser adequado às dimensões de Abrantes, como acontece com o caso do Pavilhão dos Desportos de Torres Novas, que o candidato refere como um bom exemplo.
Vítor Moura relembrou que o concelho de Abrantes dispõe de uma riqueza diversa que não o deixa dependente de uma monocultura ou indústria única e que tem uma população superior a algumas capitais de distrito, mas que a realidade é que enquanto a população em Portugal desceu 2,5%, em Abrantes desceu 10%, afirmou o candidato, adiantando que não há uma varinha mágica para resolver este problema, mas que a solução passa muito por “Desenvolver Abrantes” (mote da candidatura do PSD). O candidato defendeu o investimento privado e o empreendedorismo, uma vez que “ninguém vem morar para Abrantes se aqui não houver emprego”, e relembrou a importância de dinamizar as zonas industriais do Tramagal (que é muito mais do que a Mitsubishi) e do Pego (cujo ramal ferroviário ali instalado pode ser aproveitado para a instalação de uma zona industrial de outra dimensão).
Chaleira Damas, candidato pela CDU, referiu que Abrantes é um concelho florestal mas que não tem indústria transformadora da madeira, algo que devia existir e que pode potenciar esta riqueza natural, assim como o rio Tejo, que permite desenvolver uma componente agrícola que tem também um grande potencial para se desenvolver.
O candidato recordou o passado industrial riquíssimo de Abrantes e referiu igualmente os polos industriais do concelho – deixando um alerta especial para o Rossio que “tem ali grandes áreas à espera que alguém olhe para aquilo e que faça ali alguma coisa” – potenciados pela existente ferrovia (“o transporte do futuro”), a qual precisa de investimento e de melhoramentos. Da mesma forma mas no campo do turismo, Chaleira Damas considera que este não está a ser bem explorado e que é preciso pensar no Tejo não só como paisagem mas sim com áreas de recreio e de lazer.
Armindo Silveira (BE), reiterou a necessidade do reforço da ferrovia com mais comboios a circular no e entre o concelho, sendo que a médio e longo prazo se deve pensar num terminal intermodal no Rossio ao Sul do Tejo, pois este local precisa de outra fonte de interesse, segundo o candidato. O candidato pelo Bloco de Esquerda à presidência do município abrantino considera igualmente a reabilitação dos centros históricos como muito importante, seja os da sede do concelho ou das freguesias, assim como a construção do centro escolar de Alvega, importantíssimo para fixar pessoas, uma vez que muitos alunos vão para o Gavião e Sardoal.
Armindo Silveira disse ainda que um dos maiores desafios está nas aldeias mais afastadas da sede do concelho de Abrantes, que olham para Abrantes como o “cabeço”, sendo que é necessário desmistificar-se esta opinião da população e perceber o porquê desta situação, pois no entendimento do candidato este “é também um impedimento ao desenvolvimento de Abrantes”.
Tanto Vasco Damas como Armindo Silveira criticaram o horário das reuniões e assembleias municipais, que decorrem em horário laboral e que portanto diminuem a oportunidade que as pessoas têm de exercerem um envolvimento participativo.

Relativamente a expetativas, Vasco Damas (ALTERNATIVAcom) referiu a existência de um “apoio silencioso”, o qual se confirmará ou não nas urnas de voto, dizendo no entanto que independentemente do resultado, a partir do 26 de setembro, é preciso ter-se a capacidade de se aproveitar as melhores ideias para o desenvolvimento do concelho, pois é ele que sai a ganhar.
Já Vitor Moura (PSD) afirmou não estar muito acostumado a perder e que “o resultado será sempre uma vitória se fizermos de tudo por acordar os abrantinos”, enquanto que Chaleira (CDU), recordando as palavras do partido “Trabalho, competência e honestidade”, afirmou que a CDU vai para a campanha à procura do melhor resultado possível, pretendendo eleger um vereador, mostrando-se o candidato confiante de que “a maioria vai deixar de ser maioria e que numa nova mescla partidária vai ser possível construir um futuro melhor”.
Já para o Bloco de Esquerda, na pessoa do candidato Armindo Silveira, as expetativas são de “até reforçar com mais um vereador, mas somos realistas e ninguém é dono do voto. O nosso objetivo é contribuir para o bem da comunidade”.
Atualmente a Câmara Municipal de Abrantes é presidida pelo PS, contando com quatro vereadores no executivo. Foram eleitos outros dois vereadores: um pelo PSD (mas que no mês passado se tornou independente) e outro pelo Bloco de Esquerda.
As eleições autárquicas estão marcadas para o próximo dia 26 de setembro.