Estamos a pouco mais de um ano de terminarmos um ciclo autárquico. Um ciclo que se repete de quatro em quatro anos. Não poderia deixar de estar de acordo com as circunstâncias avaliativas, conducentes, muitas das vezes à alternância de governo local que um final de ciclo acarreta.
Permitam que convosco reflita o facto de, em muitos casos, este ciclo autárquico ser ele mesmo castrador de boas políticas, sustentáveis e duradouras. Quando nos debruçamos (e porque não apaixonadamente) sobre um Concelho como o Sardoal, constatamos um enorme potencial estratégico que necessita de ser desbravado. É fundamental transformarmos os recursos que temos em produtos geradores de riqueza, criadores de postos de trabalho, dando qualidade de vida aos Sardoalenses.
Todos nós contemplamos o cimo da escada com uma enorme vontade de lá chegar, mas, para alcançarmos o desejado topo, é necessário subirmos degrau a degrau e, por vezes, começar de novo. É necessário que os degraus desta escada sejam fortes, sustentáveis, de modo a que o trajeto seja seguro, eficaz e duradouro. O cimo da escada poderá demorar muitos anos a ser alcançado (dois, três, quatro ciclos autárquicos). O tempo falará por nós quando construímos degraus preciosos para que os nossos filhos e netos estejam cada vez mais perto do topo da escada.
A qualidade de vida dos seus munícipes deverá ser a principal preocupação de um autarca. Neste âmbito, o acesso à cultura é fundamental. A nossa aposta nesta área tem sido clara e inequívoca. A par do turismo, considero a cultura como fator de desenvolvimento estratégico criador de riqueza e de postos de trabalho.
É importante que os nossos jovens percebam que, apesar de nos situarmos no chamado “interior”, o acesso a bens culturais é possível e que isto sirva também como fator decisor da fixação na sua terra. Ao longo dos anos foram criadas um conjunto de infraestruturas culturais. É nossa obrigação dar-lhes uso com o que de melhor se faz nesta área no país e no estrangeiro. Por isso, candidatámo-nos à Rede Eunice, garantindo a itinerância do Teatro Nacional D. Maria II no Sardoal, a par de duas grandes cidades como Vila Real e Funchal.
A nossa dimensão não tem sido obstáculo para ombrearmos com os grandes, assim será também no próximo mês de julho em que o projeto SATIE.150, da conceituada pianista Joana Gama, assinala os 150 anos do nascimento do compositor Erik Satie, percorrendo uma localidade por mês e, mais uma vez, o Sardoal está entre os “grandes”.
A par disso, o Sardoal receberá entre o final de agosto e o início de setembro, um Encontro Internacional de Piano que juntará neste Concelho alguns dos mais conceituados mestres de piano do mundo, que com eles trarão os seus melhores alunos. Serão cerca de três dezenas de jovens promessas do piano mundial que aqui estudarão e se apresentarão em concertos. É um orgulho ver o Centro Cultural Gil Vicente e o Sardoal serem escolhidos para acolher um evento desta dimensão.
Estes são degraus fundamentais da escada que temos de construir para chegar ao topo.
António Miguel Borges
Presidente da Câmara Municipal de Sardoal