A sessão de apresentação oficial da passagem pelo Médio Tejo da 84ª Volta a Portugal Continente aconteceu no dia 20 de julho, na sede da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), em Tomar. O momento de apresentação do percurso que trará destaque para a região do Médio Tejo contou com a presença de responsáveis e representantes dos 13 concelhos que compõem a CIMT, além do diretor da prova, o antigo ciclista Joaquim Gomes.
De 10 a 14 de agosto, a região do Médio Tejo irá acolher a passagem deste icónico momento do panorama desportivo português, que promete colocar os concelhos da região no centro dos grandes eventos, com uma projeção nacional.

A presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, destacou um evento desportivo que marcou gerações e que, pela primeira vez, terá uma passagem por todos os concelhos da CIMT, facto que apenas foi possível graças a uma “convergência de esforços e vontades”.

“Houve uma convergência de esforços e de vontades (…), abraçámos desde a primeiro hora este projeto que vem colocar a marca Médio Tejo durante 3 dias nos órgãos de comunicação nacional e internacionais. Portanto, isto insere-se também naquilo que é a nossa estratégia de promoção da marca Médio Tejo”, destacou a responsável.
Para a presidente da CIMT, também autarca de Tomar, a região do Médio Tejo tem muito para oferecer para além do património cultural e natural. “Temos também aqui uma apetência para aquilo que são os novos produtos turísticos e da atração de pessoas para o nosso território na prática desportiva”, vincou.
Dirigindo-se a Joaquim Gomes, ex-ciclista profissional e atual diretor da prova, Anabela Freitas destacou o caminho trilhado lado a lado e deixou o desejo de que as edições seguintes da Volta a Portugal em bicicleta possam, novamente, passar pelos territórios do Médio Tejo.
O percurso da 84ª edição da prova, que irá abranger os 13 concelhos do Médio Tejo, custará 160 mil euros à região, segundo a proposta de modelo de participação e contratualização no território do Médio Tejo, aprovado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.

Ourém recebe o final da 1ª etapa, no dia 10 de agosto, com passagem em Ferreira do Zêzere e Tomar. Por sua vez, Abrantes será palco da partida da 2ª etapa, a 11 de agosto, com passagem em Constância, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento, Torres Novas e Alcanena. Por último, Mação recebe a partida da 5ª etapa, em direção à Torre, com passagem por Sardoal, Vila de Rei e Sertã, no dia 14 de agosto.
Esta é primeira vez que o Médio Tejo recebe a passagem da prova pelos 13 concelhos na mesma edição, feito que, de acordo com a CIMT, os autarcas encaram como uma “mais valia” em termos de projeção mediática que a região poderá alcançar, como também ao nível do retorno económico e dinamização social que que esperam que possa acontecer durante os dias da passagem da prova.
Durante a sessão que decorreu em Tomar, o diretor da prova destacou o sentido de coesão territorial demonstrado pelos 13 municípios que integram a CIMT, para acolher um evento que considerou ser dispendioso em termos financeiros.
“Para colocar a Volta a Portugal na estrada, entre o alfinete que segura o dorsal do ciclista àquilo que pagamos às forças de segurança, são gastos cerca de 3 milhões de euros (…). Quero deixar o meu agradecimento pelo facto de, em conjunto, terem conseguido trazer para a região e para este território, um evento de grande notoriedade com grande impacto mediático e também económico, algo que por ventura, de forma isolada, não conseguiriam fazer”, referiu Joaquim Gomes.

O responsável referiu ainda uma passagem muito desejada e um “namoro antigo” com o município de Abrantes que, do ponto de vista territorial, mantém uma histórica ligação à prova rainha do ciclismo português.
Joaquim Gomes deu conta de que em 2018/2019 já estava a ser pensada uma etapa da volta poder abraçar o município abrantino, mas não esperava a disponibilidade dos restantes autarcas da CIMT e que tornou possível esta passagem pelo Médio Tejo.
“Não imaginávamos é que pela disponibilidade dos 13 municípios acabaria por transformar uma etapa em três (…). Com duas partidas e um final de etapa, conseguimos abranger os 13 municípios que constituem a CIMT”, acrescentou.
“É para mim um motivo de grande orgulho, porque já tive outras CIM presentes na prova, mas não com um número tão grande de municípios e conseguir que todos entendessem a volta que vai arrastar muito positivo para o território, foi para mim um motivo de grande satisfação e começa a deixar-me cada vez mais alerta para este tipo de ferramenta que temos de encontrar para que a Volta a Portugal crie uma mancha maior no território nacional”, referiu o diretor.
A Volta, que irá decorrer entre 9 e 20 de agosto, vai conseguir manter alguns dos seus pontos mais carismáticos, como a subida à Serra da Estrela e à Senhora da Graça.
Quanto às expectativas relativamente ao contributo da prova para os territórios envolvidos, Joaquim Gomes espera que a 21 de agosto os autarcas já consigam apurar e avaliar os impactos da Volta a Portugal nos seus territórios.
“Quero, no dia 21 de agosto, ter a certeza que sempre que surja outra oportunidade, vocês vão estar connosco e que a Volta a Portugal vai continuar a cumprir um dos seus maiores desígnios: levar o desporto de mais altíssimo nível aos locais mais recônditos do nosso país”, acrescenta.
A preparação do percurso para a edição de 2023 começou a ser feita com um ano de antecedência, obedecendo a um conjunto de decisões e critérios aplicados aos 1600 quilómetros da prova. “É uma operação delicada. Por isso é que a Volta demora um ano a ser preparada”, explica Joaquim Gomes. De acordo com o diretor, entre organização e segurança, o núcleo que acompanha a prova durante os 11 dias é composto por cerca de 400 pessoas.
À semelhança de anos anteriores, a Volta a Portugal em Bicicleta poderia acontecer mais cedo – no ano passado arrancou a 4 de agosto – mas devido à realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Portugal, entre 1 e 6 de agosto, que conta com a presença do Papa Francisco, a competição alterou as datas, conseguindo ainda assim realizar-se antes da Volta a Espanha em Bicicleta, que arranca a 26 de agosto.
Além da alteração das datas, a realização da JMJ veio colocar alguns entraves à organização da prova e que se prendem com o alojamento.

“Eu não tinha esta noção, quando comecei a ouvir falar nas JMJ, da quantidade de gente que chega muito antes das Jornadas e que vai ficar para lá das Jornadas. Criaram-nos problemas brutais a nível de alojamento, não só em conseguir alojamento, como o valor do mesmo… Este ano foi muito difícil”, aponta o responsável.
Para a 84ª edição da prova, que arranca a 9 de agosto, Joaquim Gomes deseja que, apesar dos graves escândalos de dopagem em 2022, a “Volta a Portugal e o ciclismo português estejam no caminho de podermos chegar rapidamente a um nível de prestígio”, concluiu o ex-ciclista português.
Segundo a organização da prova rainha, a edição de 2022 foi a melhor de sempre em termos de exposição, com “excelentes índices” de audiência e uma adesão e participação massiva do público pelas ruas. Mais avança que o retorno mediático financeiro do evento segue a tendência de crescimento dos últimos anos, pelo que as expectativas para a edição deste ano são “as melhores”.
Para além de promover a coesão territorial e dinamizar os territórios, a 84ª edição promete atrair multidões, pelo que nos locais de partida e chegada irá haver toda uma vertente social de entretenimento que completa a experiência da prova e que atrairá mais público aos locais do evento.
As estimativas apontam para que, entre partidas, chegadas e as pessoas que acompanham a prova à beira da estrada, que a Volta a Portugal tenha contacto com cerca de 3 milhões de pessoas, avança a organização.
Autarcas entendem “um investimento significativo” mas aguardam retorno económico para os territórios
Conhecidas as etapas e a quilometragem dos 11 dias de competição, que ocorre de 9 a 20 de agosto de 2023 – este ano mais tarde devido à Jornada Mundial da Juventude –, já se sabia que o prólogo seria em Viseu, no dia 9, e que a Volta terminaria em Viana do Castelo. Entretanto, a corrida atravessará todo o território do Médio Tejo. A 1ª etapa, a 10 de agosto, entre Anadia e Ourém, terá passagem por Ferreira do Zêzere e Tomar. No dia 11, os ciclistas partem de Abrantes, terminando a etapa em Vila Franca de Xira, passando por Constância, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento, Torres Novas e Alcanena.

A prova rainha – com os ciclistas a subir a Serra da Estrela – sai de Mação a 14 de agosto, em direção à Covilhã até atingir a Torre, naquela que será a 5ª etapa, com passagem por Sardoal, Vila de Rei e Sertã.
No Sardoal sabe-se que o percurso passará por dentro da vila. O presidente da Câmara, Miguel Borges, deu conta disso mesmo em reunião de executivo: os ciclistas entram na vila pelo Ribeiro Barato, seguem para as Olarias, passam junto à capela de Nossa Senhora do Carmo, sobem até ao Centro Cultural Gil Vicente, seguem até à Junta de Freguesia de Sardoal e entram na variante da Estrada Nacional 2.
Os autarcas do Médio Tejo entendem tratar-se de “um investimento significativo, mas que corresponde efetivamente a uma projeção e impactos económicos relevantes para o território”.
Em Conselho Intermunicipal, a 29 de março, concordaram que “a Volta a Portugal é um dos eventos desportivos anuais com maior impacto e presença mediática no País, amplamente acarinhado pelo público português. Garante imagens e várias horas de presença televisiva, milhares de inserções nos diferentes órgãos de comunicação social e redes sociais, e movimenta igualmente milhares de pessoas, entre atletas, equipas e público, facto significativo para a economia da região”.
O financiamento será repartido, com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo a assumir parte do investimento: 15 mil euros. O final da 1ª etapa em Ourém vai custar ao Município 45 mil euros, o arranque da segunda etapa vai custar ao Município de Abrantes 25 mil euros. Mação pagará igualmente 25 mil euros e os restantes 10 concelhos por onde passa a Volta pagam 5 mil euros cada um. A todos estes valores – que podem não ser definitivos – acresce o IVA.
Entretanto, a participação financeira do município do Entroncamento foi chumbada pela oposição na reunião de 4 de julho. O executivo socialista tem apenas uma maioria simples, necessitando de acordos com o PSD ou com o Chega para fazer passar a proposta, o que não sucedeu.

O vereador do PSD, Rui Madeira, entendeu que, caso a etapa começasse ou acabasse no Entroncamento, poderia justificar-se um investimento. Assim, acrescentou, “as equipas poderiam ficar alojadas em unidades hoteleiras do concelho e a restauração seria beneficiada”, mas com apenas uma “passagem”, entende que não há “um benefício significativo para o concelho, em termos de visibilidade turística e económica”. O vereador independente eleito pelo Chega, Luís Forinho, também discordou do valor a atribuir (5 mil euros), entendendo que faria mais falta às associações locais.
Jorge Faria explicou na reunião de Câmara que, se o Entroncamento fosse ponto de partida da prova, teria de pagar não 5 mil, mas 50 mil euros.
Como o contrato com a organização foi realizado através da CIMT, a prova irá passar sempre pelo Entroncamento, mesmo que não exista a contribuição financeira inicialmente acordada entre todos os municípios. O Entroncamento deverá ser a única excepção relativamente aos planos iniciais, uma vez que os outros executivos camarários tem maiorias que lhes permitem aprovar o financiamento, mesmo sem o acordo dos outros partidos.
Etapas da 84ª Volta a Portugal Continente em bicicleta
84.ª edição | 09 a 20 de agosto
1.598,6 Km, de Viseu a Viana do Castelo
09 ago: Prólogo, Viseu – Viseu, 3,6 km (CRI).
10 ago: 1.ª Etapa, Sangalhos (Anadia) – Ourém, 188,5 km.

11 ago: 2.ª Etapa, Abrantes – Vila Franca de Xira, 177,3 km.

12 ago: 3.ª Etapa, Sines – Loulé, 191,8 km.
13 ago: 4.ª Etapa, Estremoz – Castelo Branco, 184,5 km.
14 ago: 5.ª etapa, Mação – Torre (Covilhã), 184,3 km.

15 ago: 6.ª Etapa, Penamacor – Guarda, 168,5 km.
16 ago: Dia de Descanso.
17 ago: 7.ª Etapa, Torre de Moncorvo – Larouco (Montalegre), 162,6 km.
18 ago: 8.ª Etapa, Boticas – Fafe, 146,7 km.
19 ago: 9.ª Etapa, Paredes – Mondim de Basto (Senhora da Graça), 174,5 km.
20 ago: 10.ª Etapa, Viana do Castelo – Viana do Castelo, 16,3 km.