Volta a Portugal em Bicicleta passando por Penhascoso, em Mação, em 2019. Foto arquivo: Paulo Jorge de Sousa/ mediotejo.net

*Notícia originalmente publicada em 5 de junho, atualizada a 5 e a 14 de julho.

A Volta a Portugal de 2023, na 84ª edição da prova, terá um percurso que abrange os 13 concelhos do Médio Tejo, e irá custar 160 mil euros à região, segundo a proposta de modelo de participação e contratualização no território do Médio Tejo, aprovado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.

Ourém recebe o final da 1ª etapa, no dia 10 de agosto, com passagem em Ferreira do Zêzere e Tomar. Por sua vez, Abrantes será palco da partida da 2ª etapa, a 11 de agosto, com passagem em Constância, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento, Torres Novas e Alcanena. Por último, Mação recebe a partida da 5ª etapa, em direção à Torre, com passagem por Sardoal, Vila de Rei e Sertã, no dia 14 de agosto.

Etapas da Volta a Portugal em bicicleta

84.ª edição | 09 a 20 de agosto
1.598,6 Km, de Viseu a Viana do Castelo

09 ago: Prólogo, Viseu – Viseu, 3,6 km (CRI).

10 ago: 1.ª Etapa, Sangalhos (Anadia) – Ourém, 188,5 km.

11 ago: 2.ª Etapa, Abrantes – Vila Franca de Xira, 177,3 km.

12 ago: 3.ª Etapa, Sines – Loulé, 191,8 km.

13 ago: 4.ª Etapa, Estremoz – Castelo Branco, 184,5 km.

14 ago: 5.ª etapa, Mação – Torre (Covilhã), 184,3 km.

15 ago: 6.ª Etapa, Penamacor – Guarda, 168,5 km.

16 ago: Dia de Descanso.

17 ago: 7.ª Etapa, Torre de Moncorvo – Larouco (Montalegre), 162,6 km.

18 ago: 8.ª Etapa, Boticas – Fafe, 146,7 km.

19 ago: 9.ª Etapa, Paredes – Mondim de Basto (Senhora da Graça), 174,5 km.

20 ago: 10.ª Etapa, Viana do Castelo – Viana do Castelo, 16,3 km.

Apresentação da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta. Foto: Volta a Portugal

Conhecidas as etapas e a quilometragem dos 11 dias de competição, que ocorre de 9 a 20 de agosto de 2023 – este ano mais tarde devido à Jornada Mundial da Juventude –, já se sabia que o prólogo seria em Viseu, no dia 9, e que a Volta terminaria em Viana do Castelo. Entretanto, a corrida atravessará todo o território do Médio Tejo. A 1ª etapa, a 10 de agosto, entre Anadia e Ourém, terá passagem por Ferreira do Zêzere e Tomar. No dia 11, os ciclistas partem de Abrantes, terminando a etapa em Vila Franca de Xira, passando por Constância, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento, Torres Novas e Alcanena.

A prova rainha – com os ciclistas a subir a Serra da Estrela – sai de Mação a 14 de agosto, em direção à Covilhã até atingir a Torre, naquela que será a 5ª etapa, com passagem por Sardoal, Vila de Rei e Sertã.

No Sardoal sabe-se que o percurso passará por dentro da vila. O presidente da Câmara, Miguel Borges, deu conta disso mesmo em reunião de executivo: os ciclistas entram na vila pelo Ribeiro Barato, seguem para as Olarias, passam junto à capela de Nossa Senhora do Carmo, sobem até ao Centro Cultural Gil Vicente, seguem até à Junta de Freguesia de Sardoal e entram na variante da Estrada Nacional 2.

Os autarcas do Médio Tejo entendem tratar-se de “um investimento significativo, mas que corresponde efetivamente a uma projeção e impactos económicos relevantes para o território”.

Em Conselho Intermunicipal, a 29 de março, concordaram que “a Volta a Portugal é um dos eventos desportivos anuais com maior impacto e presença mediática no País, amplamente acarinhado pelo público português. Garante imagens e várias horas de presença televisiva, milhares de inserções nos diferentes órgãos de comunicação social e redes sociais, e movimenta igualmente milhares de pessoas, entre atletas, equipas e público, facto significativo para a economia da região”.

O financiamento será repartido, com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo a assumir parte do investimento: 15 mil euros. O final da 1ª etapa em Ourém vai custar ao Município 45 mil euros, o arranque da segunda etapa vai custar ao Município de Abrantes 25 mil euros. Mação pagará igualmente 25 mil euros e os restantes 10 concelhos por onde passa a Volta pagam 5 mil euros cada um. A todos estes valores – que podem não ser definitivos – acresce o IVA.

Entretanto, a participação financeira do município do Entroncamento foi chumbada pela oposição na reunião de 4 de julho. O executivo socialista tem apenas uma maioria simples, necessitando de acordos com o PSD ou com o Chega para fazer passar a proposta.

O vereador do PSD, Rui Madeira, entendeu que, caso a etapa começasse ou acabasse no Entroncamento, poderia justificar-se um investimento. Assim, acrescentou, “as equipas poderiam ficar alojadas em unidades hoteleiras do concelho e a restauração seria beneficiada”, mas com apenas uma “passagem”, entende que não há “um benefício significativo para o concelho, em termos de visibilidade turística e económica”. O vereador independente eleito pelo Chega, Luís Forinho, também discordou do valor a atribuir (5 mil euros), entendendo que faria mais falta às associações locais.

Jorge Faria explicou na reunião de Câmara que, se o Entroncamento fosse ponto de partida da prova, teria de pagar não 5 mil, mas 50 mil euros.

Como o contrato com a organização foi realizado através da CIMT, a prova irá passar sempre pelo Entroncamento, mesmo que não exista a contribuição financeira inicialmente acordada entre todos os municípios. O Entroncamento deverá ser a única excepção relativamente aos planos iniciais, uma vez que os outros executivos camarários tem maiorias que lhes permitem aprovar o financiamento, mesmo sem o acordo dos outros partidos.

Volta a Portugal em bicicleta passa pelos municípios do Médio Tejo entre 10 e 14 de agosto. Foto: Volta a Portugal

À semelhança de anos anteriores, a Volta a Portugal em Bicicleta poderia acontecer mais cedo – no ano passado arrancou a 4 de agosto – mas devido à realização da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, entre 1 e 6 de agosto, e que contará com a presença do Papa Francisco, a competição alterou as datas, conseguindo ainda assim realizar-se antes da Volta a Espanha em Bicicleta, que arranca a 26 de agosto.

Volta | Somar quilómetros desnecessários e ainda assim ter o ‘mesmo’ percurso

A Volta a Portugal mudou o roteiro, ligando Viseu a Viana do Castelo, mas repetiu o figurino de sempre, acrescentando desnecessários quilómetros ‘neutralizados’ a uma 84.ª edição que confiará novamente num ‘crono’ final para definir o vencedor.

Embora o número de quilómetros da Volta hoje apresentada seja idêntico ao da passada edição – os ciclistas vão percorrer ‘apenas’ mais 38,9, num total de 1.598,6 -, as distâncias entre partidas e chegadas, nomeadamente nas terceira e quarta tiradas, serão um fator extra de desgaste para um pelotão que terá ainda de ‘suportar’ a canícula esperada entre 09 e 20 de agosto.

A organização da prova ‘rainha’ do ciclismo nacional inovou para ficar tudo igual, exceto o sempre reclamado – pelo público, não pelos corredores – regresso ao Algarve, que não figurava no traçado desde 2018, ou o contrarrelógio ‘noturno’ da última etapa, que deverá terminar cerca das 20:00, e no alto de Santa Luzia.

De resto, repetem-se os locais decisivos: a inevitável Torre, a primeira grande dificuldade, à quinta etapa, seguindo-se o Larouco, ponto mais alto de Montalegre (7.ª), e a Senhora da Graça (9.ª), antes do exercício individual de 16,3 quilómetros nas ruas de Viana do Castelo, com Joaquim Gomes, o diretor da Volta, a ‘abdicar’ do Observatório de Vila Nova, em Miranda do Corvo, que em 2022, na sua primeira ‘presença’ no percurso, foi ‘palco’ de uma das mais espetaculares chegadas de etapa em anos recentes.

Foto: Volta a Portugal

Com as dificuldades da prova todas concentradas na segunda metade, os cinco primeiros dias servirão para outros, que não os homens da geral, brilharem, a começar logo no prólogo de Viseu, meros 3,6 quilómetros que vão atribuir a primeira amarela.

Os cerca de 130 ciclistas, de 19 equipas (as nove portuguesas e 10 ‘convidadas’ estrangeiras, entre as quais as quatro ProTeams espanholas) rumarão depois ao Velódromo Nacional, em Sangalhos (Anadia), ponto inicial dos 188,5 quilómetros até Ourém.

Seguem-se outras três tiradas reservadas a sprinters: a ligação de 177,3 quilómetros entre Abrantes e Vila Franca de Xira, a travessia entre Sines e Loulé (191,8), cidade que regressa ao percurso da Volta após 20 anos de ausência, e nova promissora jornada de altas temperaturas, entre Estremoz e Castelo Branco (184,5) – só nestas duas etapas os ciclistas vão percorrer, a pedalar ou nos carros das equipas, quase 700 quilómetros.

Só ao sexto dia é que o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) e os candidatos a ‘destroná-lo’ enfrentarão o primeiro grande teste, nos 184,3 quilómetros entre Mação, ‘estreante’ na Volta, e o alto da Torre, a única contagem de categoria especial do percurso que os ciclistas vão alcançar após 20,1 quilómetros de ascensão desde a Covilhã.

Antes do dia de descanso, marcado para 16 de agosto, há ainda tempo para a complicada chegada à Guarda, onde a meta coincide com uma contagem de montanha de terceira categoria, numa ligação de 168,5 quilómetros desde Penamacor.

Cumprida a jornada de pausa, o pelotão regressa à estrada para a penúltima das etapas de montanha, com a sétima tirada a unir Torre de Moncorvo ao alto do Larouco, em Montalegre, no total de 162,6 quilómetros, pontuados por duas contagens de primeira categoria, a última das quais a coincidir com a meta.

O regresso do ‘sterrato’ em Fafe está reservado para a oitava etapa, que parte de Boticas e cumpre 146,7 quilómetros, e antecede a sempre emblemática subida à Senhora da Graça, ponto final de 174,5 desde Paredes, endurecidos por três contagens de primeira categoria.

Como sempre, o último dia será dedicado ao ‘crono’, exercício que no ano passado valeu o triunfo da geral a Moreira, que destronou o seu colega português Frederico Figueiredo do primeiro lugar no derradeiro ‘suspiro’ da Volta.

“Finalmente, pusemo-nos de acordo e, em primeira mão, posso anunciar que o final do contrarrelógio será em Santa Luzia”, revelou Joaquim Gomes durante a apresentação da 84.ª edição, que decorreu em Lisboa. Assim, o ‘crono’ acabará no Santuário de Santa Luzia, ponto mais ‘elevado’ da cidade de Viana do Castelo, com os derradeiros quilómetros do exercício individual a serem feitos em subida, numa ‘mini’ cronoescalada.

Joaquim Gomes agradado com final “magnífico” em Santa Luzia

Joaquim Gomes ‘culpou’ a “divina providência” pela chegada do contrarrelógio final da 84.ª Volta a Portugal em bicicleta ao Santuário de Santa Luzia, uma surpresa revelada hoje pelo diretor na apresentação da prova.

Notando que o Santuário de Santa Luzia é, “porventura, um dos mais magníficos palcos de final de etapas da Volta a Portugal”, o diretor da mais importante prova velocipédica nacional disse atribuir “completamente quase à divina providência” o inesperado cenário do final da edição que decorre entre 09 e 20 de agosto.

“Nós, durante os últimos três meses, tivemos enormes dificuldades [para fechar o percurso do contrarrelógio] e compreendemos os critérios utilizados e que motivaram o sucessivo parecer desfavorável do comando da PSP de Viana do Castelo, atendendo a que tinham em simultâneo um grande evento, com uma estimativa de 300 mil pessoas nesse dia a acompanhar a Procissão ao Mar, um dos principais eventos, senão o principal, das Festas da Senhora d’Agonia”, referiu.

O adiamento das datas da Volta a Portugal, motivado pela Jornada Mundial da Juventude, fez com que o final da prova coincidisse com o principal dia das Festas d’Agonia, ponto alto das festividades em Viana do Castelo.

Joaquim Gomes, diretor da prova. Foto: Volta a Portugal

Após uma reunião esta quarta-feira, véspera da apresentação do percurso da 84.ª edição, Joaquim Gomes teve finalmente ‘luz verde’ para que o contrarrelógio que definirá o sucessor do uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) no palmarés dos vencedores terminasse no ponto mais alto daquela cidade minhota.

“Numa reunião em Lisboa, no âmbito do sistema de segurança interna, em que estiveram representantes da Direção Nacional da PSP e inúmeras entidades que, no fundo, colaboram com a organização da Volta a Portugal, fizemos então, praticamente até às 10:00 da noite de ontem, uma última avaliação e finalmente aceitaram a minha proposta de fazermos a partida onde estava prevista, portanto, na Alameda 5 de Outubro, junto à Marina de Viana do Castelo, na Marginal”, e terminar em Santa Luzia, detalhou.

O diretor da Volta esclareceu que “o percurso do contrarrelógio vai ser ligeiramente aumentado, vai ter cerca de 18,2 quilómetros” – ao contrário dos 16,3 hoje anunciados -, e “vai abraçar algumas das freguesias mais representativas fora da malha urbana da cidade, como Santa Marta de Portuzelo, Perre e Meadela”.

“E o ponto principal de toda esta questão é que vamos, então, poder finalizar a Volta no Santuário de Santa Luzia. Vai ser algo completamente brutal”, defendeu, antecipando “milhares de pessoas a assistir à saída dos corredores” à partida do ‘crono’, com o final ”a encerrar a edição desta Volta completamente em chave de ouro”.

Embora ainda tenham de ser ultrapassadas “questões técnicas” para o sucesso desse contrarrelógio final, Joaquim Gomes acredita que a ascensão a Santa Luzia vai conferir “um cariz de cronoescalada” à última etapa.

“Eu só consigo olhar para isso de forma positiva. Portanto, vai aumentar o índice de dificuldade do contrarrelógio. Depois de uma sucessão de etapas exigentes, e da etapa de véspera, talvez uma das mais difíceis da Volta a Portugal, com a ligação Paredes à Senhora da Graça, este contrarrelógio final, depois das dores de cabeça que tive durante todos estes meses, acho que é uma boa recompensa”, assumiu.

O antigo ciclista reconheceu que o percurso da Volta está condicionado “a questões económicas e aos 300 milhões de euros para colocar um evento com esta grandeza na estrada”, mas defendeu que, com a manutenção dos “locais mais carismáticos”, como a Torre ou a Senhora da Graça, “uma boa competitividade” está assegurada.

“Nós tivemos que adotar muitas soluções para continuar a criar uma mancha considerável no território nacional. Uma delas foi deixar de ter como local de partida o local de chegada do dia anterior. […] E outra solução é exatamente estas neutralizações entre as etapas. […] E é por via destas neutralizações que, se vocês olharem para o mapa de Portugal, com todas as etapas desenhadas, permite ainda lembrar os áureos tempos da Volta a Portugal de três semanas. Eu não tenho outra solução”, argumentou, referindo-se aos excessivos quilómetros de deslocação entre etapas desta edição.

Gomes admitiu que é duro. “É duro para todos. Mas o ciclismo sempre foi duro”, concluiu.

*C/Lusa

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Sou diretora do jornal mediotejo.net, diretora editorial da Médio Tejo Edições e da chancela de livros Perspectiva. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *