O Movimento pelo Tejo – proTEJO, assinala no sábado, dia 7 de setembro, uma década de atividade em defesa do rio Tejo com um conjunto de ações de mobilização de cidadãos de Portugal e de Espanha em torno dos temas ambientais. Foto: DR

Perto de uma centena de cidadãos portugueses e espanhóis vão “vogar contra a indiferença” no sábado, dia 2 de julho, entre Mouriscas e Abrantes, numa ação de mobilização dos cidadãos em defesa do Tejo e do património natural e cultural associado ao rio.

A iniciativa é da proTEJO – Movimento pelo Tejo, numa atividade que pretende “consciencializar” as populações ribeirinhas para a conservação do rio, procurando realçar a “necessidade de uma regulamentação” da gestão de barragens e açudes que garanta um regime fluvial adequado à prática de atividades náuticas e à migração e reprodução das espécies piscícolas.

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Zona ribeirinha de Mouriscas/Foto Colinas do Tejo

Paulo Constantino, porta-voz daquele movimento, defende a necessidade de “regras” que integrem “verdadeiros caudais ecológicos” e uma continuidade fluvial proporcionada por passagens para peixes eficazes e para embarcações de pequeno porte, relativamente a uma iniciativa que visa a “defesa e a valorização dos rios como património cultural e de identidade”, sendo a sua defesa “vital” para as cidades e povoações situadas nas suas margens, que “tendem a perder a sua personalidade quando os rios se degradam ou são desvirtuados os seus leitos”, destacou.

“Esta é uma manifestação de interesses pela boa saúde do rio e da sua fauna e flora”, afirmou Constantino, tendo acrescentado que a iniciativa é também “um alerta sob a forma de protesto contra a sobre exploração a que o Tejo se encontra submetido em resultado do aumento dos transvases”.

João Gouveia, empresário e proprietário do espaço de turismo ambiental e de natureza Colinas do Tejo, explicou os motivos que o levaram a associar-se ao “Vogar Contra a Indiferença”, tendo referido ao mediotejo.net que “os recursos naturais são um património coletivo, não são propriedade privada de ninguém”.

“Esta iniciativa não é feita contra ninguém, a não ser contra a indiferença, perante aqueles que, ao constatarem a degradação dos nosso recursos naturais, em particular o Tejo, se esquecem que ele é fonte de riqueza”, destacou, tendo feito notar que “esta possibilidade de olharmos para o Tejo como um todo e tendo em conta todos os fatores que podem contribuir para a sua degradação ou para a sua recuperação, é uma causa que a todos sensibiliza, ou deve sensibilizar. Por isso não quisemos ficar de fora e aceitámos o desafio do proTEJO, dando o suporte logístico, dentro da nossa dimensão”.

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Paulo Constantino (proTEJO) e João Gouveia (Colinas do Tejo), dois dos coordenadores do ‘Vogar Contra a Indiferença’

O dirigente do proTEJO, Paulo Constantino, lembrou ainda que, em terras portuguesas, “o Tejo continua com os mesmos problemas que em Espanha, quanto aos caudais insuficientes, a poluição e as barreiras à conetividade fluvial, provando-se que a defesa dos rios ibéricos ultrapassa as fronteiras administrativas e une os cidadãos”.

A ação “Vogar Contra a Indiferença”, que assinala no sábado a sua quinta edição, foi apresentada no fim de semana no Cais das Colinas, em Mouriscas, freguesia ribeirinha do concelho de Abrantes de onde vai partir a comitiva, contando com acampamento e descida em canoa e cuja expedição tem como destino o Aquapolis, em Abrantes, “realçando a beleza do património natural e cultural associado a este troço do rio Tejo e que culminará num almoço convívio em Mouriscas”, ponto de partida da ação ambientalista.

Nesta atividade, que tinha à altura “mais de 50 pessoas inscritas, entre elas duas dezenas de espanhóis”, vai decorrer num percurso de cerca de 9 quilómetros e onde os participantes vão fazer a travessia “por portagem” no travessão construído junto à Central Termoelétrica do Pego.

“É um troço do percurso que terá de ser feito a pé, com as canoas a ombro, um problema para o qual pretendemos chamar a atenção para a necessidade da sua resolução”, disse Paulo Constantino, numa ação em que irá ainda proceder-se à leitura da Carta Contra a Indiferença, e na qual se evidencia a “necessidade de promover a navegabilidade do rio Tejo e defender um Tejo vivo com caudais suficientes e sem poluição, no âmbito de uma gestão sustentável da água na bacia hidrográfica do Tejo ibérico”, destacou o dirigente do proTEJO.

Zona ribeirinha de Mouriscas/Foto Colinas do Tejo

A atividade é organizada pelo proTEJO e pelas Colinas do Tejo, empresa turística de valorização de recursos naturais e ribeirinhos, contando ainda com o apoio da Junta de Freguesia de Mouriscas.

PROGRAMA: Percurso de cerca de 9 km, entre Mouriscas / Praia fluvial das Colinas do Tejo – Abrantes / Aquapolis

Descida organizada para um máximo de 80 participantes em kayaks de 2 lugares, incluindo pagaia, colete de salvação e seguro obrigatórios. Não há limite para participantes que tragam o seu kayak, pagaia e colete, sendo no entanto obrigatória a inscrição prévia através do formulário no site Colinas do Tejo e o seguro de acidentes pessoais respetivo.

PROGRAMA COMPLETO DO 5º VOGAR CONTRA A INDIFERENÇA

1 de julho

Das 18:00 às 22:00 – Acolhimento de participantes e montagem de acampamento nas Colinas do Tejo.

Churrasco (facultativo) e fogo de campo. São permitidas chegadas até às 24 horas. As viaturas ficam estacionadas no exterior da quinta.

2 de julho

9:30 – Receção de participantes

(pequeno-almoço facultativo no bar das Colinas)

9:30 às 10:00 – Concentração de participantes na praia fluvial das Colinas do Tejo.

10:00 às 12:30 – Descida do Tejo até Abrantes – Aquapolis

12:30 horas – Leitura do Manifesto Contra a Indiferença

13:00 horas – Regresso de autocarro dos participantes às Colinas do Tejo

13:30 horas – Almoço convívio (sopa de legumes, prato de carne ou de peixe ou vegetariano, fruta da época e uma bebida a copo) café facultativo no bar das Colinas.

15:00 horas – Atividades faculatativas (Debate sobre o Tejo e a sua navegabilidade – Música – Sessão de Yoga – workshop de autoconstrução de kayaks – visita ao Canal de Alfanzira com caminhada, de kayak ou em embarcações tradicionais do Tejo – fruição livre da quinta e da praia fluvial – atividades cívicas e voluntárias de limpeza da foz de uma ribeira – mostra de produtos locais – mostra de produtos biológicos).

20 horas – Churrasco (facultativo), fogo de campo e massagens à luz das estrelas (facultativo).

3 de julho

8 às 9:30 horas – Pequeno-almoço (facultativo) no bar das Colinas.

9:30 às 11:30 horas – Caminhada fotográfica, junto à margem direita do Tejo, passagem pela localidade de Mouriscas, descoberta de uma oliveira milenar na localidade de Cascalhos e regresso às Colinas do Tejo.

11:30 às 12:00 horas – Encerramento do acampamento.

 

 

 

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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