A investigação ao desaparecimento do armamento militar de dois dos 14 Paióis Nacionais de Tancos, anunciado pelo exercito no final de junho, continua sem pistas concretas. O desconhecimento do paradeiro do material de guerra pela Polícia Judiciária Militar (PJM) coloca em causa a acusação de furto, podendo surgir outra ligada a insubordinação ou desobediência devido a falhas na vigilância.
Segundo a edição desta sexta-feira, dia 8, do Jornal Público, a PJM não dispõe de elementos que consigam determinar onde se encontram as granadas, munições e explosivos roubados, tendo uma fonte militar assumido que é provável que o estes já se encontrem fora do país. Marcelo Rebelo de Sousa já demonstrara a sua preocupação sobre a demora no apuramento das responsabilidades neste caso depois de ter estado no Regimento de Paraquedistas de Tancos na passada segunda-feira.
As provas recolhidas e os inquéritos realizados a mais de 70 pessoas (militares e civis), dentro e fora do perímetro militar de Tancos, ao longo dos últimos dois meses não trouxeram desenvolvimentos para a investigação. No entanto, o Exército confirmou esta semana ter instaurado processos disciplinares a militares do Regimento de Engenharia n.º 1, sem especificar o número de pessoas envolvidas.
No início de julho o Ministério Público entregou o inquérito de “natureza urgente” ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), com o apoio da Polícia Judiciária e a colaboração da PJM. A investigação encontra-se em segredo de justiça e foca-se nos cinco dias em que o furto pode ter acontecido.
Segundo o Público, a vigilância terá sido interrompida por 20 horas na altura em que foi detetada a violação dos perímetros de segurança e o desaparecimento de material de guerra que o Exército indicou ser no valor de 34.400 mil euros e obsoleto. A provar-se esta situação, pode surgir a acusação por insubordinação ou desobediência.
O desaparecimento das granadas de mão ofensivas e de gás lacrimogéneo, explosivos, munições de 9mm, granadas foguete anticarro e material de sapadores foi detetado no dia 28 de junho e anunciado pelo exército no dia seguinte.
À data, a vigilância era assegurada em conjunto pelos Regimentos de Infantaria 15, de Paraquedistas e de Engenharia 1, assim como pelas Unidades de Apoio da Brigada de Reação Rápida e de Material do Exército, cujos comandantes foram exonerados e renomeados pelo Chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte em julho.