Uma das obras de Martim Brion que vai estar em exibição na Galeria do Parque, em Vila Nova da Barquinha. Imagem: CM VNB

A Galeria do Parque, em Vila Nova da Barquinha, acolhe de 5 de março a 28 de maio a exposição “Ponto Contraponto”, de Martim Brion, considerado um dos nomes mais promissores da arte contemporânea em Portugal.

Comissariada por João Pinharanda, no âmbito da parceria da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha com a Fundação EDP, a exposição de Martim Brion foi inaugurada no sábado, 5 de março. Numa combinação eclética de textos e esculturas, o artista lisboeta Martim Brion une estes elementos num mesmo “processo de negação da subjetividade e da manualidade”.

“Os textos parecem descrições objetivas de esculturas, pinturas, desenhos, fotografias e percebe-se que resultam de uma impressão mecânica. As esculturas, essas, são de tal modo perfeitas na sua forma e colorido que sugerem imediatamente resultar de uma realização mecânica”, refere João Pinharanda sobre a exposição.

“A mão do artista não tocou nos objetos que nos apresenta como arte: pensou e redigiu os textos, escolhendo as cores e os tipos de letra em que seriam apresentados; desenhou e encomendou as formas e cores das esculturas”, acrescenta, admitindo estar-se na continuidade de tradição (designada como conceptual) revolucionária de meados do século XX e que no final deste século atingira já uma dimensão clássica. 

Uma tradição e herança em que Martim Brion não se limita a dar continuidade e vai mais além, criando “um conjunto de textos intranquilos e de esculturas instáveis: por um lado, o que nos textos se descreve não está presente, o que nos obriga a pensar a fragilidade do real; por outro, em algumas dessas descrições, há desvios e armadilhas — os textos criam dúvidas, têm faltas de informação, refletem sobre a própria capacidade de realização do que é descrito”. “Se a estes desacertos propositados acrescentarmos os jogos visualmente cromáticos intensos obteremos, afinal, um conjunto de afirmações subjetivas destinados a obrigarem-nos a ‘ver’ algo que apenas podemos reconstituir em imaginação dando a entender um comentário de ironia sobre o sistema artístico”, diz João Pinharanda.

Quanto às esculturas presentes na exposição, admite parecerem derivadas dos próprios textos acima referidos. “Confirmando os laços entre as duas dimensões (escrita e visual, verbal e plástica), as esculturas parecem estabelecer connosco a mesma relação de distância irónica que os textos acentuando a dimensão de jogo neles presente: jogo de perícia linguística na capacidade descritiva, jogo de construção tridimensional, jogo de opções e disposições (cromáticas e formais) no espaço criando um discurso equilibrado entre a liberdade e a razão, entre a leveza e o rigor.”

A exposição “Ponto Contraponto” pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 11h às 13h e das 15h às 18h, e aos sábados, das 15h às 19h, na Galeria do Parque, inserida no Edifício dos Paços do Concelho de Vila Nova da Barquinha, até 28 de maio. A entrada é gratuita.

Sobre o artista

Martin Brion. Créditos: DR

Nascido em Lisboa em 1986, Martim Brion vive e trabalha em Munique, tendo já passado por países como Espanha, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. O artista expõe regularmente desde 2014, em Portugal e no estrangeiro, destacando-se a primeira exposição individual no Espaço da Politécnica – Artistas Unidos em 2014; o prémio Ibero-Americano do Banco Itáu e Embaixada do Brasil em Londres, em 2015; a exposição com Ado&Comenius na Rua da Madalena Project em Lisboa em 2016; e a escultura site specifc para o Museu de História Natural e da Ciência em Lisboa, em 2017.

Em 2018 tem a sua primeira exposição em Berlim, “Kontrapunkt”, no Kunstraum Botschaft. Em 2019 participa e realiza a curadoria da exposição “Areal3 – Uma exposição de António, Sofia e Martim Areal” no Mercado do Peixe do Museu Carlos Reis, em Torres Novas. No mesmo ano expõe individualmente na Travessa da Ermida em Belém e realiza a curadoria e participa na exposição “Áreas de Diálogo” em Leiria. Em 2020 participa e co-organiza a exposição ‘Incremental Abstractions” no Kunstverein Tiergarten em Berlin e tem uma exposição individual no MUDAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira. Em 2021, expõe no Centro Cultural Raiano.

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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