O Município de Vila Nova da Barquinha já desencadeou o processo para recuperar a coluna pertencente ao Pelourinho da Atalaia, após a descoberta da mesma no Convento de Cristo, em Tomar. A peça inscrita no inventário do Convento com o n.º 610 foi encontrada por um técnico após contacto do presidente Câmara Municipal, Fernando Freire, que há anos investiga sobre o Pelourinho. Em declarações ao mediotejo.net, o autarca dá conta de que o objetivo é devolver o monumento à comunidade, instalando-o no Centro Comunitário da Atalaia.
A informação foi avançada no nosso jornal pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e acérrimo investigador da história local, Fernando Freire, num dos seus artigos de opinião, onde dava conta de que já tinha desencadeado o procedimento junto da atual diretora do Convento de Cristo para trazer de volta a coluna do Pelourinho da Atalaia para o Município.
Em declarações ao mediotejo.net, Fernando Freire explica que chegou ao paradeiro da coluna do Pelourinho da Atalaia através das suas pesquisas, nas quais “consegui encontrar relatos de 1923 de um grande historiador, Júlio Sousa e Costa, que faz referência que tinha sido levado para o Convento de Cristo o que restava do pelourinho da Atalaia”.
O presidente da Câmara Municipal da Barquinha lembra que já em 2012 “tinha falado com a anterior diretora do Convento de Cristo porque já andava atrás do pelourinho, penso que é uma questão de simbolismo enquanto autoridade, enquanto regime autárquico é muito importante que as pessoas preservem estas coisas – significa que a Atalaia foi concelho e acho que as tradições e memórias também são para perpetuar”.
Mas só mais recentemente, com a ajuda de “uma alma caridosa” – Rui Ferreira, da Direção-Geral do Património Cultural – foi encontrada no espólio do Convento de Cristo a respetiva coluna do Pelourinho da Atalaia, com o n.º610.
A partir daí, “entrei logo em contacto com a Dr.ª Andreia Galvão, a atual diretora do Convento”, explica Fernando Freire, no sentido de trazer a coluna para posse municipal.
“Há uma lei que permite à autarquia, reivindicado – porque aquilo é um símbolo autárquico – que ela [coluna] venha, mas objetivamente tem de seguir os trâmites internos, nomeadamente por parte do Convento e da DGPC”, elucida o autarca, que se mostra satisfeito pelo facto de a coluna estar no Convento de Cristo, pois, “ se não tivesse ido para o Convento de Cristo já estava aí nalguma casa ou nalguma obra pública como aconteceu ao de Tancos que foi aproveitado para o chafariz da Barquinha”, diz.
O objetivo do Município é trazer a coluna “para posse municipal e depois a seguir fazer uma reconstituição junto da atual junta de freguesia, que havemos de escolher um lugar para envolver a própria população”, lugar esse que será no espaço do Centro Comunitário da Atalaia, admite o autarca.
Conforme afirma no artigo de opinião publicado no mediotejo.net, “seguir-se-á, agora, novo caminho com os procedimentos administrativos inerentes à sua devolução às populações de modo a que, conforme determina a lei, ‘…o pelourinho que exista fora do seu primitivo local será, quando possível, nele reintegrado, por conta da respetiva municipalidade.’ ”
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MUNICÍPIO CELEBRA PROTOCOLO PARA FAZER REGRESSAR PEDRA DE ARMAS
Além do regresso da coluna do Pelourinho da Atalaia às origens, o Município quer também fazer regressar a Pedra de Armas que esteve na “Casa do Patriarca” na Vila de Atalaia. Esta pedra “representa o brasão da Família Manoel, envolto pelas referências à qualidade de Bispo e Patriarca que usou o Senhor D. João Manoel (1686-1758), cujos restos mortais se encontram sepultados na Igreja Matriz da Atalaia”, conforme se pode ler no protocolo que foi já celebrado para a doação da pedra em dezembro passado entre o Município de Vila Nova da Barquinha e familiares do Segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Manoel.
No protocolo, a que o mediotejo.net teve acesso, os familiares de D. José Manoel comprometem-se “a doar a ‘pedra de armas’ (…) a qual deverá ser colocada na Igreja Matriz da Atalaia, devidamente enquadrada nos termos da proposta arquitetónica a apresentar pelo 1º outorgante Arqtº D. Bernardo d’Orey Manoel”.
É também descrito os dizeres que a mesma deverá conter: “Pedra de Armas de D. José Manoel da Câmara (Lisboa, 25 de Dezembro de 1686 – Atalaia, 9 de Julho de 1758), segundo Patriarca de Lisboa (1754), filho dos quartos condes de Atalaia, cujos restos mortais se encontram sepultados no altar-mor desta Igreja. Originalmente, esta Pedra de Armas foi concebida para a ‘Casa do Patriarca’ (Atalaia). Na primeira metade do século XX, foi removida e instalada no portão principal da Quinta (localizada no distrito de Santarém). Em 2020, descendentes do segundo Cardeal Patriarca de Lisboa ofereceram à Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha este testemunho histórico, para que pudesse regressar à povoação da Atalaia.”
Recorde-se que é na Igreja Matriz Atalaia que se encontra o túmulo de D. José Manoel, segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, junto ao qual será colocada a referida Pedra de Armas.
O protocolo refere ainda que “no caso de a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha vir a adquirir, no futuro e a título definitivo, a referida ‘Casa do Patriarca’, sita na Vila da Atalaia, as partes acordam em que a ‘pedra de armas’ deverá então voltar a ser colocada nessa casa, uma vez que foi concebida para aí figurar”.