Alberto Carneiro morreu este sábado, 15 de abril, aos 79 anos, no Porto. Era um dos mais importantes escultores portugueses, autor da peça “A Floresta”, no Barquinha Parque, parque de escultura contemporânea de Vila Nova da Barquinha.
Nesta peça, de 2012, o escultor retomou uma das figuras mais recorrentes e simbólicas da sua obra, a mandala, onde os elementos são dispostos simetricamente em raios e circunferências concêntricas, discursando sobre as realidades básicas do mundo, que se inscrevem nas pedras graníticas em palavras e aforismos (como arte, vida, água, ar, fogo e terra) ou se erguem em colunas encimadas por galhos ou ramos. Os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) compõem o discurso da centralidade da peça, transmitindo uma energia universal.

O artista, que o jornal Público descreve como “inventor de mundos” e “escultor da natureza”, era uma das vozes mais importantes da arte contemporânea. No seu trabalho, aliava-se a inspiração da ruralidade e a proximidade à natureza com as linhas Zen da filosofia oriental. “Avança-se pelo mundo de Alberto Carneiro como por uma floresta. Às escuras, tropeçando em árvores, raízes e pedras, até aparecer uma clareira e o céu explodir na luz desgovernada de um manhã de Inverno”, escreveu o mesmo jornal.
O escultor permanecerá presente, através da sua obra, em dezenas de espaços públicos, um pouco por todo o mundo. Além de Vila Nova da Barquinha, em Portugal há esculturas suas nos Jardins da Casa de Serralves ou no Metropolitano de Lisboa. Em Inglaterra ergueu The Stone Garden, em Gateshead, uma das suas obras mais belas, e deixa marca em jardins da Irlanda à Ilha Formosa, da Coreia do Sul ao Equador.

Em Vila Nova da Barquinha, a sua obra vai manter-se ao lado das peças de outros nomes maiores da escultura nacional, como Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho.
O Barquinha Parque, espaço único no país, inaugurado em 2005, mereceu o Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista 2007 na categoria “Espaços Exteriores de Uso Público”, da autoria da dupla de arquitetos Hipólito Bettencourt e Joana Sena Rego.